Catpower - The Greatest (Matador/edição limitada) Tenho vindo a adiar falar deste disco, lançado há um par de meses, mas a sua recente disponibilização em Ponta Delgada não me permite reter, ainda mais, a sua difusão.
The Greatest é o último disco de Catpower o nome ao qual Chan Marshall dá voz e corpo em palco. Foi gravado em cinco dias com vários veteranos da soul de Memphis, nomeadamente, o guitarrista/baixista Leroy Hodges que tocou com Al Green. O esforço desta parceria resulta num profundo registo introspectivo em que "a canção é tudo aquilo que interessa" (excerto da sessão de apresentação à impressa no Y/Público de 20/01/06), atribuindo uma áurea muito pessoal e característica ao disco.
Catpower não esconde as suas influências decalcadas pela audição exaustiva de Dylan, Velvet Underground e Rolling Stones. The Greatest reproduz uma linguagem indie com arranjos country, folk e funk em muitos sopros e cordas cujo denominador comum reside nos anos 70 - num disco que transpira soul por todos os poros (em Ananana de 03/02/06).
Para saudosistas dos Mazzy Star e de Hope Sandoval, tal como eu, Catpower é um bálsamo agridoce nestes dias submersos pela rotina do quotidiano. The Greatest celebra o amor, as desilusões inerentes e o fim das relações - o registo autobiográfico, não declarado, em tom intimista e, eventualmente, confessional, numa viagem de afectos e de reconhecimento pelas suas raízes intrínsecas ao Sul profundo da América.
Para os fãs, mais irredutíveis, The Greatest é um álbum fácil cujo apelo comercial é por demais evidente. A crítica não lhe poupa elogios e revela que este é provavelmente o seu melhor disco. Na dúvida o melhor será descobrir o estranho mas confortável mundo de Catpower.
* crónica semanal publicada no suplemento SARL/Jornal dos Açores de 10.03.06
** Proposta disponível na discoteca DISREGO (CC Parque Atlântico)
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