Os Clap Your Hands Say Yeah são um dos fenómenos mais recentes com origem na Internet: nas comunidades virtuais (como o MySpace), webzines ou em blogues.
Numa primeira audição somos automaticamente impelidos para um exercício de memória por forma a descortinarmos o universo de possibilidades sónicas com que somos presenteados. As comparações são óbvias: Talking Heads, em especial a voz de David Byrne, Violent Femmes, Pixies, Tom Waits, Yo La Tengo, Velvet Underground - a lista é extensa!...
Os Clap Your Hands Say Yeah são 5 rapazes de Brooklyn, New York, com uma banda. E, como tantas outras, gravaram um disco, numa edição de autor de 2000 cópias com distribuição online, deram muitos concertos - esgotados - e o fenómeno rapidamente se difundiu pela comunidade virtual. Daqui às revistas da especialidade, a Rolling Stone por exemplo, foi uma questão de tempo e não de dinheiro ou influências. Seguiu-se uma 2º edição do disco, com 25.000 cópias, e aí as coisas começaram a mexer com a crescente marcação de concertos, pelo globo, e a inevitabilidade do Contrato e da disputa entre Editoras - o sucesso estava ali.
É óbvio que a coisa não nasce por acaso ou como mero fenómeno virtual (ou casual) - as melodias são apelativas e na mais pura tradição indie (se é que isso existe!). E estes são elementos fundamentais para percebemos todo o hype mediático que desabou sobre esta banda. De início não se lhes dá grande importância e de um momento para outro passamos a bater o pé e a trautear os temas que, por obra da genialidade, nos tocam ao ouvido. Não tivesse surgido um disco em 2005 como Funeral (dos Arcade Fire) e os Clap Your Hands Say Yeah teriam sido a sensação do ano que passou.
Em temas como Is This Love? e Heavy Metal a energia e o ritmo transitam pela voz offtune de Alec Ounsworth numa exuberante prestação singular - reflectindo a força do disco. A música de CYHSY é chalada (gosto particularmente deste adjectivo), frenética e perturbada cuja criatividade é potenciada pela produção caseira.
Este é um bom exemplo de como as coisas estão rapidamente a mudar no seio da produção musical. Sem grande aparato mediático, nem notas de imprensa empoladas - os Clap Your Hands Say Yeah provaram que é possível triunfar pelo poder da música, pelo talento e preserverança. A música fala por si.
E o nome da banda? Nasce do acaso, como tantos outros: "Foi uma frase que vimos num muro em NY. Pareceu-nos bem" (em entrevista ao Y/Público de 27/01/06). Away we go?...
* crónica semanal publicada no suplemento SARL/Jornal dos Açores de 17.03.06
** Proposta disponível na discoteca DISREGO (CC Parque Atlântico)
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