sábado, março 18

Alta Fidelidade *

Clap Your Hands Say Yeah MAIS UM GRANDE DISCO EM DESTAQUE EM 2006 COM EDIÇÃO DE 2005.

Os Clap Your Hands Say Yeah são um dos fenómenos mais recentes com origem na Internet: nas comunidades virtuais (como o MySpace), webzines ou em blogues.

Numa primeira audição somos automaticamente impelidos para um exercício de memória por forma a descortinarmos o universo de possibilidades sónicas com que somos presenteados. As comparações são óbvias: Talking Heads, em especial a voz de David Byrne, Violent Femmes, Pixies, Tom Waits, Yo La Tengo, Velvet Underground - a lista é extensa!...

Os Clap Your Hands Say Yeah são 5 rapazes de Brooklyn, New York, com uma banda. E, como tantas outras, gravaram um disco, numa edição de autor de 2000 cópias com distribuição online, deram muitos concertos - esgotados - e o fenómeno rapidamente se difundiu pela comunidade virtual. Daqui às revistas da especialidade, a Rolling Stone por exemplo, foi uma questão de tempo e não de dinheiro ou influências. Seguiu-se uma 2º edição do disco, com 25.000 cópias, e aí as coisas começaram a mexer com a crescente marcação de concertos, pelo globo, e a inevitabilidade do Contrato e da disputa entre Editoras - o sucesso estava ali.

É óbvio que a coisa não nasce por acaso ou como mero fenómeno virtual (ou casual) - as melodias são apelativas e na mais pura tradição indie (se é que isso existe!). E estes são elementos fundamentais para percebemos todo o hype mediático que desabou sobre esta banda. De início não se lhes dá grande importância e de um momento para outro passamos a bater o pé e a trautear os temas que, por obra da genialidade, nos tocam ao ouvido. Não tivesse surgido um disco em 2005 como Funeral (dos Arcade Fire) e os Clap Your Hands Say Yeah teriam sido a sensação do ano que passou.

Em temas como Is This Love? e Heavy Metal a energia e o ritmo transitam pela voz offtune de Alec Ounsworth numa exuberante prestação singular - reflectindo a força do disco. A música de CYHSY é chalada (gosto particularmente deste adjectivo), frenética e perturbada cuja criatividade é potenciada pela produção caseira.

Este é um bom exemplo de como as coisas estão rapidamente a mudar no seio da produção musical. Sem grande aparato mediático, nem notas de imprensa empoladas - os Clap Your Hands Say Yeah provaram que é possível triunfar pelo poder da música, pelo talento e preserverança. A música fala por si.

E o nome da banda? Nasce do acaso, como tantos outros: "Foi uma frase que vimos num muro em NY. Pareceu-nos bem" (em entrevista ao Y/Público de 27/01/06). Away we go?...

* crónica semanal publicada no suplemento SARL/Jornal dos Açores de 17.03.06
** Proposta disponível na discoteca DISREGO (CC Parque Atlântico)

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