quarta-feira, março 8

VOX POPULI

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FRANCIS BACON
Study for Bullfight,1969
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"Um presidente que só desperta das funções vegetativas quando se lhe fala em futebol; um povo que fala, ri, cochicha enquanto um quarteto de cordas executa Haydn...dêem-lhes o Quim Barreiros; que lamenta o chá que lhe dão em vez do tinto carrascão; que prefere uma pitada à Parque Mayer a um poema; em suma, um povo que prefere um Sampaio a um Rei é este, o bom povo português.".

Miguel Castelo Branco, quinta-feira, 2 de Março no Combustões.

"Se a República somos todos nós porque é que o poder da República tem que ser representado como um poder de representação (da) e não como um poder de participação (dos cidadãos)? Das duas uma, ou os poderes e princípios da Autonomia são entendidos como sendo constitutivos da República Portugesa ou, optando pela lógica da representação da República como freio da Autonomia, perverte-se a Autonomia.".

Ezequiel Moreira da Silva na caixa de comments do Ilhas, sexta-feira, 3 de Março

"O Estado também aflige. Imaginem o Estado durante Salazar e Caetano. Existia a PIDE e a censura: e mil tiranetes por aqui e por ali. Não vale a pena repetir o óbvio. Em compensação, o Estado não queria mandar na vida de ninguém. Não proibia que se fumasse. Deixava o trânsito largamente entregue a si próprio. Não andava obcecado com a saúde e a segurança. Não regulava, não fiscalizava, não espremia o imposto até ao último tostão. Um indivíduo, pelo menos da classe média, passava anos sem encontrar o Estado. Acreditam que nunca voltei a sentir o espaço e a liberdade desse tempo ? Estou a "sentimentalizar", a "idealizar" uma realidade, no fundo, horrível? Não me parece. Escrever, por exemplo. Quando comecei a escrever, escrevia. Sob o peso da Ditadura, claro, e sob a pressão do conformismo marxista. De qualquer maneira, escrevia desprevenidamente. Agora, escrever é uma variante de pisar ovos. Os mestres do "correcto" vigiam, como nunca vigiaram os coronéis de Salazar.".

Vasco Pulido Valente, Sábado, 4 de Março no Espectro.

"A Terceira vive um estado de alienação colectiva assente no populismo primário. De festa em festa, cada vez mais faustosas e demoradas no tempo, com cerca de 300 touradas à corda por ano, a Ilha Terceira de Jesus Cristo escolheu o caminho mais fácil que lhe vai consumindo as forças, tolhendo o empreendedorismo e diminuindo a clarividência.".

Guilherme Marinho, segunda-feira, 6 de Março no Chá Verde(Puro).

"A Terceira consegue ser um pedinte mais andrajoso, mais carenciado e mais esfomeado do que S. Miguel...a necessitar urgentemente da ajuda do governo.".

Luís Anselmo,terça-feira, 7 de Março no Pari Passu.

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