O grande vírus actual da blogoesfera, vírus pior que a gripe das aves, são os anónimos. A epidemia é tão grande, é uma verdadeira blogopandemia, que é inevitável escrever sobre eles. Os anónimos são um fenómeno engraçado, primeiro porque um anónimo nunca se reconhece como tal, para si o anónimo não o é, ainda para mais porque o anónimo tem sempre a esperança de deixar de o ser, de ser reconhecido. Depois há uma questão essencial que é o facto do anónimo ser um carente, o anónimo precisa de nós para viver, precisa dos nossos posts, dos nossos comentários, dos nossos blogues, sozinho o anónimo não existe. Há vários tipos de anónimos. Há o anónimo tímido, que só é anónimo por fraqueza, ou por vergonha. Esse é o mais benigno dos anónimos e é aquele que mais rapidamente deixa de o ser. Há o anónimo irritante, aquele que só o é para chatear, para massacrar o juízo até à exaustão. Esse é o mais maligno dos anónimos. Pelo meio há um imenso rol de outros anónimos. O vaidoso, que não se revela por se achar muito melhor do que nós todos. O Falso, que é conhecido de todos mas que assume temporariamente a condição de anónimo para bem da ironia e do humor. O masoquista, que lança farpas anónimas só para ser insultado. O dissimulado, que recorre a identidades falsas só para ser descoberto. O cobarde, que só é capaz de dizer as coisas enquanto anónimo e que nos encontra na rua e cumprimenta e sorri e se calhar até fala connosco e baba-se por dentro, este aliás está muito próximo de outro que é o sádico que insulta anonimamente para ver outros concordarem com ele. O esquizofrénico, que tem alucinações e inventa questões sem que ninguém tenha sequer tocado em algo próximo do que ele diz. E há o anónimo estúpido, que tudo o que diz só o afecta e diminui a ele. Enfim, são muitos os tipos de anónimos assim como são muitas as maneiras de lidar com eles. A melhor de todas é ignorar, outra é rezar. Abrimos as caixas de comentários e enquanto lemos os disparates dos anónimos trauteamos internamente uma Ave Maria cheia de graça. Outra ainda é ser o anónimo do anónimo, responder na mesma moeda, ora concordando ora discordando do anónimo, dando corda até ao fim. Mas no fundo no fundo todos os anónimos são burros, porque que valor pode ter a opinião de quem nem sequer o nome é capaz de dar para sustentar essa opinião.
Este post foi inspirado pela crónica O Chato É Antes De Tudo Um Forte de Arnaldo Jabor do livro Amor é Prosa Sexo é Poesia.
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