Click *
Por iniciativa da Fundação Luso-Americana e do Governo dos Açores realizou-se em Ponta Delgada, no Teatro Micaelense, o I Fórum Açoriano Franklin D. Roosevelt. O ambicioso programa reuniu, durante os dias 16, 17 e 18 de Julho, um conjunto de ilustres figuras do panorama nacional e norte-americano que versaram sobre as mais díspares temáticas, posicionando os Açores na plataforma das reflexões sobre relações internacionais e estratégicas, por intermédio desta iniciativa, que pretende ser bienal e ter as ilhas de São Miguel, Faial e Terceira como palco.
Tal como referiu Carlos G. Riley, num post no :ILHAS (de 17.07.08), “sob o signo de Roosevelt (…) começou ontem a exorcizar-se nas ilhas de bruma a ladainha da ultraperiferia (…)”, referindo-se, nomeadamente, à comunicação de António José Telo, na qual também senti o click que referiu o Carlos ao parafrasear o historiador e director do Instituto de Defesa Nacional.
O Mundo em 2008 não é o mesmo de 2007. As condições de segurança, tal como as conhecíamos, têm vindo a ser substancialmente alteradas e o paradigma clássico do “inimigo” é actualmente um conceito abstracto e sem rosto. A bipolarização em confronto durante a guerra fria ruiu como o muro de Berlim e com isso deixou de existir um eixo de influência – daí resultando a referência a um “mundo apolar”.
Existem no mundo inúmeras potências, mas nenhuma delas consegue actualmente a hegemonia de outrora. Franklin Delano Roosevelt era um visionário, um homem que esteve para além do seu tempo, tendo delineado o conceito que levou à formação das Nações Unidas, da qual pensou tornar-se Secretário-Geral. Nos seus planos incluía o sonho de transferir a sede de Genebra - onde tinha funcionado a Sociedade das Nações - para Nova Iorque e para a cidade da Horta, afirmando que os Açores seriam um local óbvio para o encontro de projectos transatlânticos. O plano, infelizmente, não veio a concretizar-se, mas não deixa de ser um episódio curioso, em que se revela a centralidade dos Açores no domínio das relações transatlânticas, sendo que, para além da questão geográfica, lhe estão subjacentes condições e circunstâncias específicas que definem “per se” a importância vital do local, estando muito para além da sua mera localização no espaço.
Esta foi, sem margem para dúvida, uma iniciativa de enorme importância e que se espera que, em próximas edições, venha a ser mais alargada e participada pela sociedade civil, dando ainda mais ênfase ao relevo e importância deste denominado “porto de abrigo” a meio do Atlântico, para a discussão aprofundada sobre a parceria Euro-Americana no confronto com os principais desafios globais desta época de alterações abruptas à realidade que nos assiste.
* edição de 22/07/08 do AO
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*** Imagem X I Fórum Açoriano Franklin D. Roosevelt
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