sexta-feira, julho 18

"Futurologia"

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O Futuro

"Na verdade, estamos todos, em função da nossa compreensão e à nossa maneira, a tentar fazer do mundo – ou pelo menos da pequena parcela que nos cabe – um lugar melhor para vivermos." (Dalai-Lama)

Uma prognose dos Açores daqui a 20 anos é um acto bruxuleante e temerário. O futuro julgar-nos-á : Partindo da mega plataforma de cruzeiros que está no horizonte das nossas opções estratégicas a tendência de terciarização da nossa economia será cada vez mais acentuada. Teremos assim uma economia com claro ascendente do sector da prestação de serviços e uma empregabilidade condenada a servir o turista.

Mudar-se-ão os tempos e, inevitavelmente, mudar-se-ão as vontades. Logo, o monopólio do espaço aéreo Açoriano, detido pela joint-venture SATA/TAP, será um capítulo do passado. No futuro haverá livre circulação de pessoas e bens em regime de plena concorrência com outras companhias, low-cost e de "bandeira", que irão operar nas rotas de ligação dos Açores com o resto do Mundo. A própria SATA Internacional, após processo de privatização, será propriedade de um dos mais poderosos grupos económicos dos Açores que também irá explorar a rota marítima de passageiros inter-ilhas.

Nas ilhas ditas de coesão os empresários privados que sobreviverem à concorrência do Estado serão forçados a reconverterem as suas empresas ou a venderem o respectivo acervo patrimonial à Região apenas para saldarem os seus débitos. De empresários em nome individual passarão a assalariados da Região.

A regionalização de determinados serviços administrativos será nalguns sectores uma realidade. Assim, no domínio da segurança e da administração da Justiça, a Região Autónoma dos Açores terá a tutela político-administrativa da gestão corrente de funções públicas confiadas, até então, à longa manus do Terreiro do Paço. Será pois inevitável outorgar à região a tutela sobre os recursos humanos e materiais de forças de segurança não militarizadas. Teremos uma Reforma Judiciária por via da qual as comarcas do arquipélago dos Açores estarão polarizadas em torno da Relação de Ponta Delgada. Apesar de toda a evolução social o acantonamento dos pequenos partidos será uma nódoa numa sociedade mais participativa e com maior consciência cívica. Porém, os poderes públicos serão escrutinados também por uma opinião pública mais livre e cada vez mais plural.

A comunicação social que sobreviver à dependência da publicidade institucional ou comercial será induzida a abrir falência ou a associar-se a grupos económicos que a sustentem. No domínio do audiovisual a evolução tecnológica, com a consequente redução de custos de operacionalidade, permitirá a criação de canais privados de radiotelevisão. As emissões serão primordialmente disponibilizadas pela internet. A Universidade dos Açores acompanhará esta evolução criando formação específica para jovens que ambicionam fazer a sua carreira nestes novos domínios da comunicação e da tecnologia.

A Autonomia será venerada como oportunidade de negócios, mas ainda será discutível se a expressão "Povo Açoriano" terá ou não legitimidade para ser inscrita no Estatuto da Região Autónoma dos Açores...e haverá sempre alguém que, na "clandestinidade" e na reserva mental da sua consciência, ambicione mais Açores e menos Portugal.
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João Nuno Almeida e Sousa para o Expresso das Nove
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"Os Açores daqui a 20 anos" é o tema da edição especial do
Expresso das Nove da próxima sexta-feira e que é quase completamente preenchida pelos artigos dos bloggers Alexandre Pascoal, André Bradford, Francisco Botelho, Guilherme Marinho, João Nuno Almeida e Sousa, Nuno Barata, Nuno Mendes, Rui Goulart e equipa dos Tunalhos (constituída por Hélder Medeiros, Rui Amén, Tiago Mota e João Gregório)...a seguir com atenção e curiosidade.

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