domingo, outubro 30

CHERCHEZ LA FEMME # 6



Valerie Plame



A senhora de shades com o cabelo apanhado num lenço de seda, adereços indispensáveis para andar de descapotável, chama-se Valerie Plame. Já não sei bem se é o seu nome de solteira, se é a alcunha que lhe arranjaram na Agência. Oficialmente, responde pelo nome de Valerie Wilson. O Wilson é o marido, em primeiro plano na fotografia, e a 6 de Julho de 2003 publicou um artigo no New York Times, intitulado O que não encontrei em África, que deixou bastante maltratada a política iraquiana da administração Bush. Mais discreta que o marido, Valerie teria preferido continuar na sombra, mas fontes da Casa Branca cometeram a inconfidência de dizer a alguns jornalistas que a senhora era uma agente operacional da CIA. Uma dessas fontes, o chefe de gabinete de Dick Cheney, foi ontem constituído arguido no processo relacionado com a fuga de informação. Karl Rove, o conselheiro especial da Presidência a quem George W. chama o grande arquitecto, poderá ser o senhor que se segue. Na gíria de Washington o processo já é conhecido pelo nome de Plamegate. Há quem diga que é a maldição do segundo mandato: Watergate foi na segunda presidência de Nixon, Lewinsky foi na segunda de Clinton.

Embora os good looks da misteriosa Valerie possam indicar o contrário, este enredo do Plamegate desemboca na guerra do Iraque. Os Republicanos parecem ter pelo escândalo político a mesma atracção fatal que os Democratas evidenciam pela luxúria da carne.

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