quarta-feira, janeiro 14

Montes de Sarilhos


Habituei-me a ser, muito por força da minha vivência universitária, admirador do progressismo contido do senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, que sempre me pareceu capaz de se adaptar ao andar dos tempos. É por isso com acrescida desilusão que o ouço e leio dizer, num evento suspeitosamente intitulado "125 minutos com Fátima Campos Ferreira", no Casino da Figueira da Foz (ele há irónias cénicas!), às jovens "europeias de formação cristã" que tenham "cuidado com os amores" e que "pensem duas vezes em casar com um muçulmano (sic)". "É meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde acabam", rematou.
Se calhar foi do ambiente maníaco do Casino, se calhar foi da visão de Fátima Campos Ferreira e antecipando a ideia de ter de falar com ela durante 125 minutos, se calhar foi pela desobriga que um evento mediático traz a um responsável religioso, se calhar foi só azar. Mas o certo é que é da mais pura e quadrada estereotipização religiosa e não ajuda nada para a inclusão que, imagino, a Igreja Católica está, estatutariamente, obrigada a promover.
O Senhor Cardeal Patriarca é, ou pelo menos foi durante muito tempo, fumador. Imagine-se o que seria o imã da Mesquita de Lisboa a avisar as muçulmanas para não casarem com fumadores porque seria uma carga de trabalhos e que elas que perguntassem ao Eng.º Macário Correia?!

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