sexta-feira, janeiro 23
As Vacas
Um velho chavão dos gurus da publicidade dita que não importa que falem mal desde que falem. No fundo o que pretende esta máxima é fazer passar a ideia de que não existe má publicidade, apenas existe publicidade. Peço desculpa por discordar. É que a mais recente trapalhada, para não lhe chamar outra coisa, das vacas “açorianas” a pastarem na Praça de Espanha veio, mais uma vez, revelar a galopante idiotice dos Srs. do marketing. Criar um acontecimento que ponha as pessoas a falar num determinado assunto pode ser bom para as campanhas políticas, mas angustia-me a noção de querermos vender um produto através de polémicas estéreis e ridículas. Já nem falo do facto de as ditas ruminantes nem sequer serem dos Açores, ou das queixas mais ou menos fundamentalistas dos defensores dos direitos dos animais. Falo antes nessa ideia pacóvia de que em pleno século XXI ainda devemos vender o destino Açores com um apelo às vacas, à bruma, às hortênsias e outras patetices bacocas que há muito deviam estar fechadas no baú dos tesourinhos deprimentes da RTP-A. Acreditam esses Srs. que etnografia é turismo e que os Açores são só vacas, oxalá tenham visto as declarações desarmantes de um transeunte que questionava se a campanha era para promover o “leite dos Açores”, pois… Mas eles vos dirão que são especialistas e que os objectivos da campanha foram atingidos e que valem todo o dinheiro que lhes foi pago. Eu por mim digo – salvem-nos dos especialistas.
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