segunda-feira, janeiro 19

Lagoa vale a pena!


O slogan «Lagoa vale a pena» - que, há já algum tempo, serviu para justificar a série de investimentos e melhoramentos para requalificação do concelho de Lagoa, para que se conseguisse atrair mais investimento e mais pessoas, para aumentar a massa crítica do concelho mais próximo de Ponta Delgada – foi rapidamente substituído pelo agora dito por muitos: «Lagoa valia a pena».

Quebrou-se a audácia, perdeu-se a visão do médio e longo prazo, fazendo com que no dia-a-dia as oportunidades se fossem perdendo, porque outros rapidamente tomaram a dianteira.

Não obstante as competências das pessoas que constituem o executivo camarário, é certo que se perdeu a matriz de desenvolvimento que, nos últimos anos, caracterizou o caminho escolhido, fazendo com que os munícipes de Lagoa vissem o seu concelho elevado a um patamar de cosmopolitismo considerável.

Não sei bem o que se terá passado mas, o que é certo é o facto de hoje se sentir que houve outras pessoas que, noutros sítios, também almejaram o seu desenvolvimento e nós perdemos a dinâmica, que havia sido imprimida anteriormente, passando a Lagoa a ser gerida como uma conta corrente – preocupados apenas com o deve e haver -, deixando de lado as aplicações a prazo e o capital de risco.

Medidas como: dividir o concelho, na sua geografia, e encontrar as áreas mais indicadas a receber – tipificadamente – os investimentos de imobiliário, investimentos empresariais e investimentos na animação turística; requalificar essas zonas, dimensionando-as correctamente e dotando-as com as infra-estruturas adequadas para que possam responder aos novos desígnios; seleccionar os tipos de equipamento a instalar e, sobretudo, contribuir para que a mentalidade das pessoas se vá alterando, no sentido de serem mais - significativamente mais – permeáveis a este novo ciclo de desenvolvimento dos Açores, deviam ter sido implementadas.

Em vez disso, zonas emblemáticas como o Largo do Porto e a Piscina Municipal que, nos últimos anos, conheceram um melhoramento muito significativo, através de um arranjo urbanístico vanguardista e verdadeiramente requalificador, estão abandonados à sua triste sorte, sem sequer terem tido tempo de se consolidarem como uma oferta diferenciadora, deitando a perder todo o investimento lá feito, bem como, todo o seu potencial.

Aquela zona é hoje conhecida pelas piores razões, como: a degradação patrimonial do edifício que no porto abriga, simultaneamente, um restaurante (fechado) e armazéns de aprestos de pesca; o estado financeiro lastimoso em que se encontram todos os restaurantes ali instalados que, por falta de uma política assertiva para o sector, não conseguem o retorno mínimo desejável; a deficiente circulação viária (um autocarro com turistas, que se atreva lá chegar, não consegue de lá sair); a indisciplina em termos de estacionamento; etc., etc..

Em resumo, a falta de visão e de sentido competitivo leva à ausência de soluções estimulantes que, por sua vez, afecta a saúde económica das empresas, fazendo com que o problema social se agrave, situação óptima para políticos que gostem de ter as pessoas necessitadas de um punhado de medidas políticas de cariz social e reveladoras do sentido de compaixão, típico da ideologia distorcida de «uma esquerda miserabilista».

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