domingo, janeiro 20

"We, the people (I)"


Muito se tem escrito sobre a campanha electrificante de Obama. Os números estão aí e não mentem. Uma fatia substancial do apoio eleitoral de Obama provêm de pessoas que nunca participaram na política: independentes e jovens. Os activistas, desde os bloggers até aos movimentos grass roots, que assumem diversas formas e feitios, são os idóneos do movimento, o que não deixa de ser bizarro e fascinante. O New York Times publicou recentemente um artigo onde se afirma que o Partido Democrata encontra-se dividido entre a classe dirigente, que apoia Clinton, e a classe activista que apoia Obama incondicionalmente (mais uma razão decisiva para um eventual rapprochement entre Clinton e Obama?). Esta será uma caricatura do actual estado de coisas dado que Clinton também possui um sofisticado regimento de activistas. Todavia, o movimento que sustenta o ímpeto eleitoral de Obama, transcende a máquina partidária e é uma realidade instituída no panorama político Americano. Já o é há muito mas nunca, até Dean, tinha conseguido transformar-se numa alternativa real e possível. O que há de mais notável neste movimento é o seu purismo ideológico, que poderá vir a ser problemático. Este purismo deve-se, em grande parte, à autonomização dos meios de mobilização política (blogs, especialmente). Hoje as pessoas podem apoiar Obama ou Clinton sem recorrer aos meios do Partido Democrata e sem ter que negociar para os obter. Esta malta não tem necessariamente que procurar o give and take dos compromissos típicos da vida partidária porque não precisa do partido para nada. Ou seja, as novas tecnologias da comunicação, que alteraram profundamente toda a lógica de mobilização política, são as grandes causas destas fascinantes mudanças.


* A imagem acima apresentada foi retirada do www.visualcomplexity.com, um projecto fascinante de um Micaelense (Manuel Lima)  emigrado em terras do uncle sam. Obrigado Manuel. 

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