quinta-feira, janeiro 24

Obama

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Será Obama um Martin Luther King do novo milénio em defesa de uma franja cada vez mais alargada das ditas "minorias" ? Será Barack, o "abençoado"na tradução literal do primeiro nome de Obama em Suaili - , o profeta dos novos tempos que reencarna o "Sonho Americano" outrora personificado por John F Kennedy? Ou será que Barack Obama é apenas mais um mito made in U.S.A. E, não menos relevante, independentemente do mérito ou demérito do "abençoado" Barack será possível a América eleger um Presidente Afro-Americano com um nome que rima com Osama?

É com este caderno de encargos, pleno de dúvidas, que seguimos com algum frisson a campanha do fenómeno Barack Obama. Sob o signo da "Mudança" Obama tem congregado uma vasta plataforma de apoio eleitoral, especialmente, eleitorado muito jovem e eleitorado branco. O sinal de euforia veio da vitória no Iowa onde Obama logrou um resultado histórico se tivermos presente que 95 % da população daquele Estado é "branca". Assim, o homem do momento capitaliza um eleitorado sociologicamente transversal e é especialmente penetrante junto dos jovens e da classe média. Todavia, o Iowa representa apenas 0.5 % do eleitorado e a "elegibilidade" de Obama é ainda feita de sonhos e não do confronto com realpolitik! E no mundo real a América não é o País das incomensuráveis Maravilhas pois a escassez do petróleo, bem como dos réditos de uma economia forte, ainda terão uma palavra decisiva na escolha Presidenciável ! No fim o eleitorado pouco quer saber das utópicas políticas de ambiente de Obama, dos pueris desígnios de John Edwards para o Darfur, do panfletarismo feminista de Hillary Clinton. No final, numa época de recessão, o "almighty dollar" será decisivo pois, também na terra prometida do capitalismo, o novo evangelho terá que passar por cortar no despesismo do Estado e, como por exemplo pretendem alguns Republicanos, reduzir a carga fiscal. Obama bem pode anunciar a boa nova da mudança mas, no essencial, será o velho tilintar do dollar quem mais ordena e, em época de crise económica, a única mudança que os Americanos podem exigir de Obama é a velha fórmula de "menos Estado e melhor Estado".

João Nuno Almeida e Sousa nas crónicas digitais do jornaldiario.com

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