Quem aprecie ler noticias sobre assuntos actuais e sobre o desenvolvimento económico do nosso País, especialmente relacionadas com as denominadas "novas tecnologias" e com a inovação industrial apercebe-se que, em muitos aspectos, Portugal não é tão mau com alguns dizem, nem se encontra tão atrasado em relação ao mundo moderno como outros "alguns" também gostam de mencionar. Há muitas coisas, nestas áreas, que está a mudar.
A ocupação de cargos de elevada responsabilidade em empresas nacionais ou multinacionais, de prestigio internacional, nas áreas das novas tecnologias, por parte de técnicos portugueses jovens; a crescente criação em Portugal de novas empresas industriais dentro dessas áreas e noutras mais tradicionais, recheadas de novos cérebros; o também crescente aperfeiçoamento tecnológico de muitas indústrias tradicionais e a sua expansão cada vez maior nos mais variados e exigentes mercados, tudo isto propulsionado pela acção e dinâmica de algumas das universidades Portuguesas, umas novas outras antigas; tudo isto, no seu conjunto, representa já um valioso impulso no desenvolvimento efectivo de Portugal e na sua afirmação no mundo globalizado.
Pelo meio de tantas incertezas que a economia global nos apresenta e das desilusões da política nacional, em cada dia que passa, essas afirmações da juventude nacional são como que um oásis confortante. Ainda agora, lendo o caderno de Economia do Expresso, do passado dia 19 de Janeiro, logo na sua primeira página, e com o devido realce, refere-se que "cem jovens lançam novo Portugal". Trata-se de um grupo de jovens, todos eles com formação universitária em áreas diferentes, que vai isolar-se a bordo de um barco, subir o magnífico Douro, para reflectir sobre o seu país, especialmente quanto ao seu desenvolvimento económico. Este grupo não foi seleccionado ao acaso. Conforme também se refere nesta notícia, este grupo foi escolhido por um crivo bastante apertado e com uma vontade firme de vir a produzir trabalho de vulto. Estes cem jovens portugueses serão divididos por sete grupos, cada um com os seus interesses específicos e, no fim dessa reflexão conjunta, será elaborado um documento que será, oportunamente, apresentado ao Presidente da Republica. Assim, como se pode ver, esta não é uma intenção para brincadeira nem para a diversão da "rapaziada"! É uma atitude digna, muito responsável e, em parte, reveladora da periclitância política em que o país está actualmente.
Nessa noticia, repare-se neste comentário, feito por um dos participantes(Tiago Macedo): " a bitola está muito elevada. Mas se pensarmos na mediania, não vamos a lado nenhum. Queremos mexer com as pessoas, com as mentalidades." E, acrescenta o Tiago: "Não se trata de um movimento político, mas de uma movimentação da sociedade civil, um prisma diferente de ver a realidade." Partindo de uma noticia destas, e sobretudo da sua origem num grupo de jovens que pretende agir sem interferências nem objectivos de natureza política, perguntamos a nós próprios se uma iniciativa destas seria viável aqui na nossa região? O que é que impede a nossa juventude de fazer algo semelhante? Assim dessa mesma maneira e totalmente desligada de orientações e de pressões de qualquer quadrante da política. Dispomos de juventude e de uma universidade já com trinta anos na qual muitos jovens já se movimentaram e adquiriram formação. Essa universidade, por sua vez, dispõe de pólos científicos com prestigio elevado e enaltecido nos mais variados assuntos relacionados com as potencialidades desta região insular, alguns deles bastante específicos, mesmo no âmbito nacional. E também já temos juventude com conhecimentos e experiência adquiridos nesses assuntos. O que é que impede a nossa juventude de ter iniciativas desse gabarito, numa independência limpa e clara de influencias de política caseira como, por exemplo, aquela a que se refere o conhecido jornalista Jorge Nascimento Cabral, na sua crónica de quarta feira no jornal Correio dos Açores do passado dia 23 de Janeiro. Ou será que na nossa região tudo vai indo tão bem e tão seguro que não é necessária uma borrasca, mesmo que pequena, que, pelo menos, "mexa com as mentalidades"? Com a melhor das intenções, não seria útil um abanão generoso, juvenil e responsável??
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