"Fiz um juramento perante a imagem do velho camarada Estaline, que não descansaria enquanto não fossem aniquilados esses polvos capitalistas."
Ernesto CHE Guevara...
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Ernesto Che Guevara, ou simplesmente, o homem que era a Revolução. Idolatrado por milhões, imortalizado pela iconografia da Revolução Cubana, o
Che incorporou, refinou e difundiu por manual compendiado pelo próprio, o pior da tradição comunista da violência política da América Latina. Ademais, cogitou transformar a sua Revolução em produto de exportação. Felizmente a internacionalização da Revolução falhou.
Mas, o legado de
Che Guevara perdura transversalmente. Desde logo, no domínio da Economia, o caricatural
Presidente do Banco Nacional de Cuba pós Revolução, em conjugação de esforços com a pandilha capitaneada por
Castro, foi depauperando um País que, à data da Revolução, era a terceira maior economia da América Latina. Hoje é, como se sabe, um desastre económico. Não será cometida qualquer injustiça se afirmarmos que os líderes populistas de esquerda, entre eles o beatífico
Che, são os principais culpados pelo subdesenvolvimento dos seus Países. Cuba é a epítome dessa depauperização por via da Revolução. Morto
Che e moribundo
Fidel Castro é com honestidade que se pergunta:
Afinal qual foi a Libertação do povo Cubano? Efectivamente o País que
Che "libertou" só é ultrapassado pelo Haiti no
ranking da miséria Sul-americana ! Apesar de tal realidade ser factual e de nela ser co-responsável
Che Guevara a sua cartilha ainda inspira oligofrénicos como
Hugo Chávez. Mas esse é o magnetismo inevitável dos mitos. Entre a mitologia que ciranda em torno de
Che Guevara quase podemos descortinar uma auréola messiânica e humanista. Como se sabe a história não lhe deu razão e a profecia do
Che não se cumpriu. Mas, ainda não chegou o tempo de arrumar
Che na mesma prateleira onde estanciam beneméritos
"humanistas
" como,
por exemplo,
Lenin do qual o próprio
Guevara era fervoroso devoto. No resto, não o revela o mito, mas não desmente a história,
Che Guevara foi um torcionário de muitos Cubanos que não marchavam pela sua partitura. O estágio dessa faceta de carrasco começa com os dissidentes e traidores da campanha de
Sierra Maestra. Mas, após o triunfo da Revolução de
Castro, é adequadamente
Che Guevara quem cuidará de zelosamente cumprir com a pena de morte aplicada aos contra revolucionários. Com efeito, a Constituição Cubana proibia a pena capital mas, logo após a tomada de poder pelos
Castristas, a pena de morte é reintroduzida. Cuba transforma-se rapidamente numa ilha-prisão com purgas, presos políticos, repressão, campos de concentração, e claro fuzilamentos. Do vasto rol de inumanidades a Revolução ficou marcada pelo número de execuções sumárias no funesto
paredón. Este muro era a última linha para os
"traidores" da Revolução executados sumariamente na fortaleza de
La Cabãna e sob autoridade directa do magnânimo
Che. Em congruência com o espírito da Revolução as execuções, em número incerto, eram perpetradas sem a precedência de um
due process of law que isso de Tribunais com Juízes de carreira e Advogados a sério era coisa burguesa, capitalista e importada do grande Satã Imperialista. O certo é que, apesar das críticas das magistraturas superiores Cubanas,
Castro ressuscitou a pena de morte e criou Tribunais Marciais e Especiais em
Havana com a superintendência do camarada
Che para os pelotões de fuzilamento no
paredón. Tais factos não são mitomanias e estão amplamente documentados. O próprio
Che fazia gala na sua exibição afirmando que
"a justiça revolucionária é uma verdadeira justiça; não é rancor ou raiva doentios. Quando aplicamos a pena de morte, fazemo-lo correctamente". Contudo, com a habitual bonomia Ocidental para com os sonhadores do messianismo dos
"amanhãs que cantam",
Che Guevara tem lugar garantido no altar dos beatos do comunismo Internacional. Veja-se a propósito na excelente biografia, -
de tom hagiográfico é certo -,
"Che Ernesto Guevara – Uma Lenda do Século" de
Pierre Kalfon (Ed. Terramar) a metodologia de branqueamento desses crimes : Perante a evidência de execuções aos magotes
Kalfon regista
"Foi feita Justiça. Não foi exactamente como Nuremberga, e a depuração foi "razoável".(...) Julgamentos apressados, sem todas as garantias necessárias, isso é ponto assente.".
Razoável é que quem com ferro mate pelo ferro morra. Foi esse o destino de
Che Guevara depois de um longo
tour pelo Mundo levando o evangelho da Revolução. Numa dessas peregrinações foi encurralado na Bolívia e, à semelhança do que fizera no passado, executado sem apelo nem agravo. Reza a lenda que
Che confrontou o seu atemorizado verdugo proferindo as suas famosas últimas palavras:
"Dispara, cobarde, sólo vas a matar a un hombre.".
Che foi assassinado
a 9 de Outubro de 1967 e o seu carrasco não matou apenas um homem. Assassinou soezmente um ícone do Século XX que, manda a justiça reconhecer, morreu na Luta pela fé no evangelho que professava. O seu assassinato foi um duplo erro histórico:
por um lado, rebaixou os seus captores (
orquestrados pelos Americanos da CIA) ao calibre da
"justiça revolucionária" ao arrepio do padrão civilizacional e,
por outro lado, fez de
Che Guevara um mártir ao invés de o deixar vagarosamente envelhecer numa galeria de decrépitos sacerdotes do Comunismo.
A história deveria ter confrontado
Che Guevara com o colapso da Revolução, com as injustiças de uma redistribuição da riqueza que nada cria, com a omnipresença de um Estado que, à conta de uma suposta justiça social no controlo dos meios de produção, extrai dividendos de miséria, e com um sistema de partido único sem lugar para a pessoa humana que é a fonte e a razão da Liberdade. Em suma: a história deveria tê-lo confrontado com a utopia negra da qual foi icónico pregador e responsável de topo pelo cárcere tropical em que Cuba se tornou. Quis o seu fado que fosse imolado como uma lenda martirizada, e obscenamente comparado a um sacrifício Cristão, transformado no local da sua morte em
Santo Ernesto de La Higuera ! Descoberta a relíquia dos seus ossos foram os mesmos trasladados para Cuba em
1998 onde Che goza, por enquanto, de culto oficial. Seja como for tem assegurada a sua parcela de eternidade acomodado entre ícones do séc. XX.
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posted by João Nuno Almeida e Sousa