quinta-feira, outubro 11

“Bom Dia Açores”


O Bom Dia Açores produzido, realizado, e apresentado por um one man show, era e é indispensável ao nosso quotidiano televisivo. Pedro Moura, através da televisão, abria todos os dias uma janela para os Açores reais. Dos arraiais da Terceira, às Festividades religiosas de São Miguel, passando pelas Liras Filarmónicas do Faial, o Bom Dia da RTP-Açores ganhou foros de instituição pública. Pedro Moura, sendo um "castiço", prestava efectivamente um "serviço público". Apesar do remoque de alguma intelectualidade local, e da indefensável desactualização dos décors (circunstância a que era alheio o Pedro Moura), o Bom Dia Açores era, de Santa Maria ao Corvo, o espelho de uma parte substancial da realidade Açoriana. De tal forma popular o Bom Dia Açores encheu o Coliseu Micaelense com uma edição comemorativa da milionésima edição do programa, numa popular festa de solidariedade, após quatro anos consecutivos de edições diárias do carismático programa da RTP-Açores. Uma longevidade e um êxito que constituem um feito notável para uma produção à regional com escassos recursos técnicos e humanos. Efectivamente, visto por este lado do ecrã, imagina-se um staff em permanente frenesim suportando um longo seriado de edições diárias e em directo. Uma máquina de produção. Contudo, visto pelo lado de dentro do estúdio não deixava de surpreender o facto de o Bom Dia Açores ser feito apenas com o Pedro Moura e o camareman de serviço. Seja como for, habituamo-nos a ver e ouvir Pedro Moura com as actualidades locais e, com o tempo, a dar voz à sátira da política paroquial que tantas vezes por cá se pratica. Justo é registar que o fez sempre de modo equitativo e transversal, sem denotar qualquer alvo preferencial. Nessa tarefa foi coadjuvado por outra incontornável celebridade local: José Maria Pacheco e a sua Tia Maria do Nordeste. Perguntar-me-ão qual o préstimo desse produto televisivo? A minha resposta, por certo irmanada com a de muitos outros Açorianos, é a de que tem o valor de se tratar de um produto genuinamente Regional sem sucedâneo. Julgo que é para isso que serve uma estação de televisão Regional. Ao invés, mais valia reduzir a RTP-Açores a um circuito interno de vídeo papagueando a produção televisiva da RTP-Lisboa. Aguardamos pois a reentré extemporânea do "TeleRadiofónico" Bom Dia Açores com Pedro Moura na nova grelha da RTP-A...a surgir lá para meados de Novembro.
João Nuno Almeida e Sousa
Nas crónicas digitais do jornaldiario.com

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