sexta-feira, abril 30

Europa

Estónia
Letónia
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República Checa
Eslováquia
Hungria
Eslovénia
Malta
Chipre



Para o melhor e para o pior, bem vindos.

"Era muito pior do que agora"

“As fotos divulgadas pela televisão norte-americana CBS estão a correr Mundo e mostram soldados a humilhar presos iraquianos numa cadeia dos arredores de Bagdade.
...
As imagens estão a circular também na imprensa árabe e mostram presos ligados a fios eléctricos ou a simular actos sexuais.

Um membro do Governo provisório iraquiano, Adnan Al-Oachachi,... … rejeita comparações com o tratamento dado aos prisioneiros no tempo de Saddam Hussein.

"Não penso que se possa comparar as duas situações. Os prisioneiros de Saddam Hussein não só eram torturados como executados. Era muito pior do que agora", disse Adnan Al-Oachachi."

Existo, logo não tenho Liberdade.

A Liberdade, possível, é saber viver sem ela.
É distanciar-me o máximo do ponto de a não ter.

O regresso da cassete pirata

Os bons velhos tempos da cassete pirata voltaram. Agora com o AudioStreamer - www.audiostreamer.com - é possível ouvir rádios de todo o mundo, escolher o tipo de música (de todos as géneros possíveis e imagináveis) e gravar toda a playlist para o disco em MP3 com o interessante pormenor de não gravar a publicidade.

quinta-feira, abril 29

ultra - Periférica

Meu caro Rui Ângelo

Li agora mesmo o teu “post” de ontem, ou melhor de antes de ontem, e só te posso agradecer as palavras amáveis que nos diriges e ao João Pedro, nosso designer, em particular. Do resto e como tu bem sabes, só somos brandos, como a bruma, não por opção mas por geografia.

Um abraço amigo,

P.S. gostei muito da vossa última capa.

O que é a Liberdade?

...é o riso que se desprende, é o balançar da folha que completa a árvore, é o teu olhar, o raio de sol, o som do vento que passa pela porta entreaberta. Liberdade é o meu gesto que se reflecte no teu quando nos abraçamos. Liberdade é o cheiro da terra molhada pela chuva que cai. É o sopro da alma. Liberdade é o bem e a causa justa, é aquele que dá a mão e a outra face, é Cristo que se crucifica por nós, é Buda debaixo de uma árvore, é um trago de cicuta. É a imensidão dos oceanos e do Universo todo. Liberdade é a criança que dorme e que chora porque tem fome. É um desígnio e o horizonte e uma pegada na lua. Liberdade, o pó, a morte, as estrelas, outro hemisfério. Um tempo que se esgota, uma chama que treme. Liberdade talvez o futuro... Liberdade, liberdade é a palavra que voa no céu do poema. Livre, dada.

Barbara lives...

aqui.

quarta-feira, abril 28

[diálogos:imaginários]


DB - E o que me dizes do Major e do Apito?
SL - É um ganda Buraco! Não estivesse - eu - no meio d'um...

[Turismo de Qualidade]

Domingo - feriado - dia da Liberdade. Um Paquete no molhe. Centenas de turistas na ilha e em Ponta Delgada. Muito sol e calor. Esplanadas repletas. A oferta de "qualidade" ao banhista de ocasião fazia-se no antigo Pesqueiro.


Enquanto a moderna Piscina espera, penosamente, pela abertura da época balnear. A isto chama-se Qualidade. Com um não sei quê de visão estratégica. E uma muito boa "gestão de recursos".

O Túnel

Mais uma trapalhada tipicamente portuguesa. Mas não querendo entrar mais no buraco, nem chafurdar na incompetência, queria só realçar aqui uma coisa. Depois de um ping-pong fraternal entre PSDs o Secretario de Estado do Ambiente veio hoje a público dizer algo como isto: “O que está em causa é esclarecermos o que é que a lei exige como obrigatório, quais são os projectos em que a lei exige uma avaliação de impacte ambiental por exemplo um cidadão que queira pôr uma rede à volta do seu quintal pode fazer um estudo de impacte ambiental...” ???????!!!!!!!!!!! Palavras para quê é um político português com certeza. Se não m’acreditam podem ouvir aqui. Já agora para os que só recentemente chegaram ao nosso blog lembro um slogan que utilizei muito no início – Merecíamos Políticos Melhores.

segunda-feira, abril 26

MAIS E MAIS ABRIL...



Para reavivar a memória colectiva,ou redescobrir imagens de época, recomenda-se o blog Kuentro com vasto espólio iconográfico...vale bem a pena, especialmente, para aqueles capitalistas burgueses que têm ADSL...

UM CAPITÃO DE ABRIL RADICAL...E ANÓNIMO



Do ramalhete de lições de ciência política de caserna, proferidas por militares de Abril todos os anos por esta altura, o radicalismo das palavras que se seguem são uma raridade só possível pela identidade embuçada pelo anonimato.

«Alguns dados esclarecedores: o MFA foi o escândalo do 25 de Abril; a descolonização exemplar foi uma vergonha; a democracia é o mal menor dos sistemas políticos, mas corrompido é o pior; a entrada precipitada na CEE é o fim de Portugal; o Conselho de Revolução foi um aluno do MFA e de militares que pretenderam manter-se na política; executado o golpe militar do 25 de Abril de 74, os militares deviam recolher aos quartéis.»(sic!)

Palavras de um Capitão de Abril vertidas num inquérito,anónimo claro está, realizado pelo Público e Universidade Católica. «Gritos de Alma» é o nome da operação inquérito cujos resultados em sinopse foram publicados no Público de 24 de Abril. A análise acima transcrita é de um Tenente-Coronel do Exército que, além de missões na Índia e Guiné, foi operacional do golpe militar de 25 de Abril. Como diria o outro não m’acredito !

Algo não estava bem com o meu 25 de Abril

25 de Abril, para mim, foi deixar tudo o que eu conhecia como o meu mundo, para traz, numa manhã, tão cedo que só existia aquela luz que chega antes do sol, sem nos despedirmos de ninguém. Não disse adeus a nenhum amigo, colega ou vizinho, excepto à Rosa, a mulher que ajudava a minha mãe, lá em casa, há cerca de seis anos e que chorava e sofria como se partíssemos para a morte, cobrindo-nos de beijos e abraços. Só então percebi que algo não estava bem com o meu 25 de Abril. Só voltei a ver a “nossa” Rosa nesta Primavera, 30 anos depois e encontramo-nos debaixo das suas mesmas lágrimas, só que mais velhinhas e o seu abraço acompanhado de alguma tremura de mãos.
25 de Abril para mim foi chegarmos aos Açores e irmos viver para casa do meu avô materno aonde foram chegando, o meu tio José Maria que vinha “avariado” da frente da guerra colonial na Guiné, levantava-se de noite aos berros e barricava-se no seu quarto de cama, o tio José Agostinho e a minha tia Carolina, com os seus três filhos, cujas terras e fábrica do seu pai em Lisboa tinham sido nacionalizadas, o meu tio Octávio e a tia Celeste, também com os seus três filhos, que baptizados de “retornados” voltavam cuspidos de Moçambique para um mundo aonde nunca mais se adaptaram, o tio Luís e a tia Gracinha, também retornados de Moçambique. Fora os saneados, os mais velhos, éramos, quase sempre, duas dezenas de crianças que juntos fazíamos esquecer que algo não estava bem com o meu 25 de Abril.
25 de Abril para mim foi deixar toda esta confusão que eram a revolução que acontecia na família, a revolução que acontecia nos Açores e a revolução que acontecia em Portugal, sem nos despedirmos de ninguém, não disse adeus a nenhum primo, amigo, colega ou vizinho e partimos para a América. América não, Fall River, na altura um gueto.
25 de Abril para mim foi viver num país que nos recusou asilo político e, pela primeira vez na minha vida, ver na cara dos meus pais o desespero de quem vive de “esmola” e termos a necessidade de sermos repartidos entre casas de familiares. Foi ver chegar a esta América, um por um, os mesmos tios que se tinham asilado connosco na casa do meu avô. As malas eram cada vez mais pequenas, parecíamos uma verdadeira “tribo de Israel”. Um dos poucos que ficara nos Açores, o meu tio Calito, fora posto na prisão. Mas a aventura “América” fez-me esquecer que algo não estava bem com o meu 25 de Abril.
25 de Abril foi voltarmos para os Açores e irmos viver para um T1 do meu avô. Chegamos a ser aí uma estrutura familiar de oito (seis filhos, pai e mãe), com o meu pai ainda saneado.
Enfim, aprendi que o bem comum é, ás vezes, mais importante que o bem individual e o 25 de Abril acabou por chegar, também, à minha família.
Tenho a inteligência para saber que o que o 25 de Abril representa hoje é extremamente positivo e imperativo à 30 anos e hoje. Sei que não foi uma revolução fácil para muita gente, justa ou injustamente. Não consigo, no entanto, despi-la das minhas recordações.

A MINHA VOZ REVOLUCIONÁRIA

A maior conquista da Democracia, parida a ferros do 25 de Abril de 74, foi e é a Liberdade de Expressão visceralmente imbricada na Liberdade de Criação Artística.



Dúvidas não há de que Portugal era nessa medida um reduto de obscurantismo e tacanhez. Assim, a Revolução fez-se também de arte ideologicamente empenhada e teve de igual modo a sua Banda Sonora Original. De tão vasto elenco musical e cançonetista, que vai de Teresa Silva Carvalho a Fernando Tordo, a voz de Paulo de Carvalho é uma longínqua ressonância da minha infância que aqui resgato. Na verdade, «E Depois do Adeus» carrega através dos tempos aquela emoção que nos embarga a voz e, é nessa mudez que evocamos a banda sonora das nossas vidas.

Paulo de Carvalho frequentemente aparecia lá por casa em formato de Single ou LP, sempre com o logotipo da movie play, e na companhia da orquestra de José Calvário, Pedro Osório ou Thilo Krasmann. Não tenho memória dos «Sheiks» e muito menos dos «Thilo´s Combo» mas Paulo de Carvalho sempre foi para mim uma referência daqueles tempos de agitação pós-revolucionária. Daí em diante foi recorrente ouvir a sua voz mesmo quando se tratava de repescar canções anteriores ao 25 de Abril, como por exemplo, «Maria vida fria» cuja versão original não censurada só emergiu após a revolução. O experimentalismo levou também Paulo de Carvalho a cantar em Inglês, sem que contudo tenha logrado alcançar uma carreira internacional.



Inesquecível é a vocalização de versos de Ary dos Santos ou de José Niza que nos legaram obras primas, designadamente,«Quando um homem quiser»,«Flor sem tempo»,«Maria vida Fria »,«Lisboa Menina e Moça»,«O Facho»...etc...

Para além de cantor é também excelente compositor e letrista e tudo o que cantou é vocalizado de forma marcante...quem não se lembra da «Nini dos meus 15 anos» tema popular burilado em letras de Fernando Assis Pacheco.

Bem datado mas, com as devidas adaptações, ainda actual nalguns aspectos da vilania humana é o fadinho do «facho» cuja letra, acompanhada à guitarra portuguesa de António Chainho, era assim :

«...vira a casaca
tira a gravata
vai no cortejo
canta o solfejo
e diz que vota
mas faz batota

... o facho...o facho

saneia o chefe
que o compromete
com toda a calma
e vende a alma
é um machista
não leninista

... o facho...o facho

revolucionário
de modo vário
e democrata
de longa data
de punho erguido anda escondido...o facho»



Bem sei que não tenho os dotes de melómano do camarada Alexandre «Lénine» Pascoal que adivinho irá dizer que este Paulo de Carvalho não é popular mas é pimba, além disso é um artista burguês que Sá Carneiro convenceu a compor o hino do PPD...mas por estas e por outras ficará para sempre registado na banda sonora da minha vida...

TV 25 de Abril de 2004



Finalmente a RTP (Canal 1 e a:2...entenda-se) prestou um dignificante serviço público com ampla e extensa programação dedicada ao 25 de Abril. Entre o zapping do canal 1 para o canal : 2 o menu de escolhas era vasto. Destaque para o duelo «Soares versus Cunhal» que veio confirmar que os duelos não estão demodée e que a flama das ideologias ainda não se extinguiu. Resumindo o encontro de titãs, e escoada a espuma revolucionária, pasmei ante um anquilosado Álvaro Cunhal que à data já era uma cassete ambulante. Do lado esquerdo do ecrã (curiosa posição) lá estava Mário Soares com uma prestação memorável e uma perspectiva Europeia e Democrática, em manifesto contraponto ao comissário da ditadura do proletariado que apenas regurgitava ser necessário aprofundar e cumprir Abril. Este era para o PCP, como se sabe, o Abril da democracia popular decalcada em franchising de origem bolchevique.

Confesso que, mesmo em diferido e 30 anos depois, o debate veio confirmar que Cunhal sempre foi obsoleto e cedo se tornou numa relíquia iconográfica para exibir no palco da festa do Avante! Do lado oposto da trincheira Mário Soares tinha um discurso de modernidade e de ligação à Europa. Afinal o que separa e separava ambos os camaradas de Abril é que um deles nunca foi Democrata. Da reedição remasterizada do debate emerge um Mário Soares rejuvenescido e com aquela garra que, como se sabe, é também responsável pela luminosa movimentação popular que enterrou os ímpetos de Cunhal em tomar o poder. Uma nota curiosa a reter do debate foi quando Mário Soares, em tom sério e solene, avisava Portugal de que o radicalismo de esquerda arrastava a Nação para um fosso, e que nesse vórtice não seguiriam o mesmo rumo os Açores e a Madeira, porventura preferindo estes a Independência à cubanização do País...Outros diriam indignados, «Olhe que não, Olhe que não !».

Se algumas destas figuras de Abril apenas aparecem de quando em vez em filmes de época, outras há, que por força do ritual das comemorações institucionais, temos que aturar recorrentemente. Paradigma desses cromos de má memória é Otelo Saraiva de Carvalho. Ainda ontem, vi um documentário em que este «herói» de Abril, com a habitual pose displicente, lá ia percorrendo a paixão da noite de 24 para 25 de Abril de 1974. A criatura tem desmesurada apreciação de si próprio, de tal modo que em discurso directo dizia que jamais sonhara derrubar a ditadura, ao invés a sua ambição de juventude era ter sido actor de cinema, ter frequentado o Actor´s Studio de Nova Iorque(!) ou quiçá especializar-se em Shakespeare (sic!).

Quis o destino que fosse oscarizado como herói de Abril e, posteriormente, «avençado» da RTP para anualmente perpetuar as memórias do posto de comando... e que eu saiba a sua carreira cinematográfica quedou-se por um vídeo clip porno soft, sem qualquer sexappeal, em que marmelava com a «liberdade» num leito de cravos.

O que nos vale é que o «25 de Abril» é também liberdade de rir e satirizar, como desde cedo o fez José Vilhena, cuja «Gaiola Aberta» circulava com prudência por ser tão despudorada...enfim sinais dos tempos.

domingo, abril 25


O 25 de Abril é celebrar um Cherne - regional, de preferência - fresco, medianamente grelhado, com 2 cebolinhos de curtume e bem regado com bom azeite e tinto (branco ou cerveja podem, igualmente, constituir opção).

25 de Abril

ONE’S-SELF I SING

One's-self I sing, a simple, separate Person;
Yet utter the word Democratic, the word En-masse.

Of Physiology from top to toe I sing;
Not physiognomy alone, nor brain alone, is worthy for the muse—I say the Form complete is worthier far;
The Female equally with the male I sing.

Of Life immense in passion, pulse, and power,
Cheerful—for freest action form’d, under the laws divine,
The Modern Man I sing.


Walt Whitman

Este é o meu único contributo. 25 de Abril Sempre.

sábado, abril 24

Visão

Uma reportagem a bordo da corveta António Enes que "zela" pelos Mares dos Açores. As fotos são do colaborador da :ILHAS - José António Rodrigues.

[Coluna de Opinião]

(...) os portugueses continuam a ser o que sempre foram: incultos, desorganizados, pobres, complexados e poetas. Nem mesmo uma revolução muda um povo.

pela cabeça morre o Poeta

Não há poeta que resista a esta Lua.

Rapariga Com Brinco de Pérola


Finalmente em exibição nas ilhas. A vida do pintor holandês Johannes Vermeer e/ou o making of do quadro com o mesmo nome. A relação de obsessão, mistério, sublimação com a criada que o “inspirou”. Uma história simples mas à qual falta Alma. Isto apesar de uma reconstituição de época interessante e cuidada. Com ênfase particular aos pormenores culinários e à cor. Aliás, a cor e a luz são os elementos mais conseguidos do filme ao qual não é indiferente o trabalho do português Eduardo Serra, nomeado para o Oscar para melhor Fotografia. A arte de Vermeer é incontestável. A comprová-lo está a corrida (após filme) aos - happy few - Museus que o detêm - do Louvre, à National Gallery (em Londres), a Haia e aos de Amesterdão. Vale a pena ver (em particular a belíssima Scarlett Johansson). Em exibição nos Cinemas Solmar.

bloguniverso

Blogar, essa expressão que aqueles que vivem comigo aprenderam a odiar, é acima de tudo ler outros blogs. Vasculhar na babilónia virtual em busca de algo que nos desperte a atenção, que nos anime, que faça sentido. São infindáveis os caminhos do bloguniverso e intermináveis as horas que passam quando nos perdemos por esses caminhos. De tempos a tempos vou recuperando para as caixas aqui à esquerda alguns dos blogues e sites que me/nos parecem mais interessantes, independentemente de concordar ou não com as opiniões veiculadas neles, foi o caso hoje, se vos apetecer dêem um passeio pelas ligações do :ILHAS.

P.S. Vale também a pena visitar este divertimento que descobri via Geisha. Bom Fim-de-semana.

quinta-feira, abril 22

Ciclo de conferências que assinalam as comemorações dos 30 anos do 25 de Abril de 1974, iniciativa da Câmara Municipal de Ponta Delgada

Em ano de histerismos eleitorais, é de louvar a iniciativa da Câmara Municipal de Ponta Delgada de convidar, para um ciclo de conferências que assinalam as comemorações dos 30 anos do 25 de Abril de 1974, este lote diverso de personagens, Mota Amaral, Jaime Gama e Adriano Moreira.

A Festa da Música


E já que o Tozé deu música. Aqui segue uma proposta irrecusável para quem está (e gostaria de estar) em Lisboa neste próximo fim-de-semana. É a Festa da Música, na sua 5a edição, e que este ano reúne quatro compositores da geração de 1810, cujas vidas e arte estiveram interligadas. Por coincidência, quatro dos maiores músicos do Século XIX nasceram num intervalo de três anos: FELIX MENDELSSOHN em 1809, ROBERT SCHUMANN e FRÉDÉRIC CHOPIN em 1810 e FRANZ LISZT em 1811. Toda a informação no CCB.

quarta-feira, abril 21

Em honra de Grieg, Vaugham e Fanaka

Entre o meu 1º e 4º aniversário, eu e a minha irmã, um ano mais velha, fomos filhos de dois estudantes universitários. Como já vos contei, a minha mãe, já esposa, acompanhou o meu pai na interrupção do seu curso e na partida para a guerra colonial (Angola). De volta a Lisboa, já com dois filhos, foram três os seus anos de guerra, ambos retomaram o seu curso.
Não me lembro de nenhuma crise, nem de nenhuma necessidade, mas não terão sido tempos fáceis. Tenho uma leve memória, de certeza resultado de uma vida muito equilibrada, de privilégios como ter tido um triciclo, que dividia com a minha irmã, sim naquele tempo as crianças dividiam brinquedos, e, razão deste post em honra do Fanaka, de termos um gira disco. Lembro-me, inclusive, do que penso foram os nossos primeiros discos. Os dois primeiros discos que me lembro de ver no nosso pequeno apartamento foram, um disco de Edvard Grieg com as Suites Nos. 1 & 2 de Peer Gynt e um disco de uma diva dos “blues” que tenho quase a certeza seria Sarah Vaugham.
Foi com Grieg que aprendi a sentir e ver música para além de ouvir. Ouvíamos muitas vezes Grieg de cortinas e janelas abertas, não muito alto, nesse tempo os vizinhos não se ouviam. Aprendi a sentir frio e calor, a ver vales e pradarias arrastados por ventos nórdicos até ao mar. Com a Sarah Vaugham aprendi que podíamos apagar as luzes e dançar os quatro, os meus pais abraçados e nós os dois um de cada lado, agarradinhos ás suas pernas.
Toda a música que descobri durante o resto da minha vida, descobri, e cabe, entre este abraço íntimo de Sarah Vaugham e o horizonte vasto de Grieg.
Obrigado Fanaka por me obrigares a esta memória.

Açores na Bienal de Veneza - 2

Na 9ª Mostra Internacional de Arquitectura que vai decorrer em Veneza de 5 de Setembro a 7 de Novembro além de Bernardo Rodrigues estarão também representados outros jovens arquitectos com obras nos Açores.

A Justiça

A mim toda esta embrulhada de escândalos que invadiu o Portugal pequenino entristece-me. Acima de tudo entristece-me, reajo a isto um pouco como se reage a uma imagem humilhante na televisão, aquela reacção visceral que nos leva a mudar de canal rapidamente para não ver, para fugir da desgraça alheia, para que esta não nos toque, não nos contagie. Olhasse para o país e apetece mudar de canal. Não é por desespero é por vergonha. Mas racionalmente aceito os mandos da justiça e espero ansiosamente que esta se cumpra. O papel fundamental do poder judicial num estado de direito é a dissuasão e esta só é possível se os cidadãos sentirem que a Justiça esta presente nas suas vidas, a todo o momento, que se cumpre com justeza, que é célere, isenta, omnipresente. Espero honestamente que se faça justiça. Mas já que fomos por este duro caminho que não se pare no sexo e no futebol, que a Justiça vá até ao fundo daquilo que o TóZé chamou de “ditadura da economia” e que eu interpreto como a promiscuidade absoluta que se vive entre o mundo empresarial e o mundo político. Promiscuidade essa que tem nas relações entre construtores civis e políticos o seu paradigma. O meu anseio é que a justiça chegue até aí e que se possa contrariar esse flagelo que ano após ano vai destruindo este país. E ainda, para piorar um pouco as coisas, deixo já dito que para mim, hoje, os órgãos de comunicação social são empresas.

terça-feira, abril 20

O ARMISTÍCIO

Para gáudio dos amantes da paz, e luto dos adeptos do wrestling fratricida, o prometido duelo João Nuno Versus Tózé ficará apenas nos anais da blogoesfera. Na vida real foi ontem acordado o armistício incondicional entre as partes, formalizado com um espontâneo abraço em plena via pública de Ponta Delgada. O armistício foi selado incondicionalmente, com excepção de duas premissas das quais ambos os beligerantes não abdicam: a amizade e a liberdade de expressão (não necessariamente por esta ordem).

Não há imagens da reconciliação, mas fontes fidedignas asseveram que a mesma ocorreu e foi presenciada por algumas testemunhas entre as quais, infelizmente, não se encontravam quaisquer padrinhos de armas do anunciado duelo.

Um abraço Tózé

ainda há esperança no futuro...

O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Valentim Loureiro, foi detido pela Polícia Judiciária para interrogatório, sob suspeita de tráfico de influências na arbitragem.

MUU Coléçam 2004

MUU Coléçam - Modelos disponíveis

“De Março para Abril”!

“Afinal, O Kerry pouca diferença há-de fazer de Bush. Os americanos são iguais uns aos outros… ... De Bush para Kerry haverá a mesma diferença que há de Março para Abril. In God they all trust!”
Cristóvão de Aguiar | 04.19.04 - 10:11 pm no blog Não M´Acredito”.

“De Março para Abril”! Depois de 30 anos, no mês e quase no dia em que Abril se tornou diferente de Março, quererá Cristóvão subtilmente dizer que existem grandes diferenças entre Bush e Kerry, apesar de serem iguais ou, Cristóvão está a ajudar-nos a descobrir-mos que assim como as diferenças entre Bush e Kerry são uma falsa esperança, sendo na realidade adoradores do mesmo Deus, trinta anos depois devemos constatar que, entre nós, pouco mudou de Março para Abril ??!??
Passamos da ditadura do homem, para a ditadura da economia. In the same God we also, now, trust!

[sociedade silenciosa]

Em Ponta Delgada, o processo da pedofilia da Lagoa, localidade a meia dúzia de quilómetros da capital açoreana, é um assunto tabu para toda a gente, incluindo os advogados de defesa dos arguidos, que se recusaram a prestar declarações.

segunda-feira, abril 19

EXPO MEMORIALÍSTICA DO 25 DE ABRIL



De 12 a 30 de Abril, no Centro Municipal de Cultura de Ponta Delgada, está patente ao público uma curta, mas muito interessante, colecção memorialística do 25 de Abril, do PREC e dos verdes-anos da Democracia.

No essencial do que se trata é de uma mostra iconográfica de diversos suportes propagandísticos, designadamente, autocolantes e cartoons. Quem não se recorda,por exemplo, daqueles «macaquins» do João Abel Manta que, sacralizando a aliança MFA/POVO, eram uma espécie de dinamização cultural para petizes que bem poderia ser ministrada pelo afável Vasco Granja.

Sendo certo que do acervo organizado por Paulo Tomé há iconografia político partidária de todos os sectores -(com injustificável excepção para material insular do MAPA, FLA...e até do PDA)- é de registar o inevitável descomedimento de material produzido pelas várias organizações para lá da esquerda do Partido Comunista Português.

Há inúmeras curiosidades que apesar da pátina dos anos não perderam o lustro do funesto, como por exemplo, um autocolante com um tom inevitavelmente encarnado gritando: «Otelo cá para fora, fascistas lá para dentro». Apre...( para não dizer coisa pior ) ! Ainda bem que o Otelo é hoje apenas peça de folclore nas manif´s do 25 de Abril pois, caso tivesse chegado ao poder, «fascistas» seriam todos os que não marchavam à voz do seu comando.

Outras bizarrias de época são premonitórias. Vejam a propósito uma lamela de cromos, com debrum vermelho, contendo a série das grandes figuras da Revolução dos Povos Oprimidos, em que na mesma colecção, e pela seguinte ordem, temos:Humberto Delgado ( ! );Rosa Coutinho;Vasco Gonçalves;Lénine; Fidel Castro e ... finalmente, mas não menos relevante, Yasser Arafat que, à data, já usava a sebenta Keffiya que lhe ficou como marca registada, tal e qual como a boina do Comandante Che onde, espartanamente, pontuava uma estrela vermelha que se presume seria de fabrico soviético.

A terminar a ronda recomenda-se uma visita rápida pelo suporte digital em CD-ROM, com um interessante Roteiro do 25 de Abril, em estilo de Jogo Estratégico. Para mais do mesmo, e não só, aceda ao Centro de Documentação do 25 de Abril da Universidade de Coimbra, com vasto espólio da época irrepreensivelmente arrumado.

Nota Editorial: O milagre da multiplicação foi devidamente apagado pela administração.

Marginal

E já que andamos “enrolados” com - Vila Franca do Campo, o que me dizem deste edifício gloriosamente só e abandonado. A Vila parece desprezar esta via litoral. E concentra - mal - todo o seu interesse num conjunto desarmonioso, arquitectonicamente inqualificável e desastroso em termos ambientais. A "denúncia" de imóveis degradados e abandonados continua...está prometido!

ESTAMOS REDUZIDOS A POLÍTICA(QUICES)

europeias

O facto de os dois maiores partidos deste país, em pleno século XXI, chamarem para cabeça de lista às eleições europeias as figuras funestas de Sousa Franco e Deus Pinheiro, respectivamente, suscita-me o seguinte comentário: depois queixem-se da abstenção, queixem-se!? Ppff!!

domingo, abril 18

delírios domingueiros à volta da Bola

Novamente via Aviz e referente à Jornada. Um verde e outro azul. Para adeptos com sentido de humor. Sem que sejam - obrigatoriamente - de Esquerda. Ou artistas com tendências anárquicas e com pretensões...ou laivos de genialidade!

[ligações perigosas]

Uma notícia, de pré-campanha eleitoral, reveladora de um jornalismo atento e isento, vinculada por um jornal transparente e cujo rigor jornalístico não é indiferente a isto.

[25 de Abril]

Evolução poplight (com corrector automático)

sábado, abril 17

a Incineradora do nosso (descontentamento)

Uma decisão polémica mas quanto a mim necessária. Fora as "partidarites agudas", próprias da época, acho que este assunto deve ser ponderado através de uma análise consciente e sustentada (para utilizar um adjectivo recorrente). A Quercus "aplaude" a decisão. Resta-nos esperar pelo desfecho de mais uma polémica em ano eleitoral. Espero que, estes Senhores, não convertam os seus argumentos em posições absurdas e irredutíveis - para bem do Ambiente nos Açores. No entanto, receio que o Ambiente seja, aqui, o menos importante. Discute-se, de modo estéril, o futuro das ilhas e este dificilmente passará, infelizmente, pelo Ambiente (apesar de "todos" afirmarem o contrário). Passa, sim, pelo sacrifício do mesmo em prol do santificado "Progresso". E depois o que nos resta “vender”?! Um "Paraíso Atlântico" para incineração de resíduos sólidos!?... Espera-se o Melhor (da política e dos políticos), teme-se o Pior.

(procura-se)

Temos acompanhado a colaboração - desenhos e fotografias - de Edgardo Madeira (professor em Vila Franca do Campo), na edição de sábado do DN, na secção DN Jovem. A :ILHAS (procura-o) com uma proposta de colaboração...

sexta-feira, abril 16

Avé Barata

Hoje tirei o dia para o Barata se chatear comigo e este dia fica na história como o dia em que não consegui. Ele foi perseguição com comentários em vários blogs, sempre atrás dele, e nada. Eu até me atrevi a dizer-lhe no Não M´acredito – “O Barata não percebe nada de política internacional… ... Chiça, quando é que vais aprender alguma coisa comigo?!?!?!” – e nada. Não há dúvidas, ainda nós usávamos calções e já ele andava por aí.

[bela fema]

[MUU Coléçam 2004] a colecção de T-Shirts mais disputada entre a Europa e América está novamente disponível. Mais informações na MUU.

Indy

Sou de uma idade que cresceu com O Independente. O irreverente jornal fundado por Paulo Portas, quando ainda era uma pessoa vagamente suportável, fez parte da minha adolescência. Com o Indy aprendi a admirar Miguel Esteves Cardoso, a não gostar de Paulo Portas, a desconfiar dos políticos em geral, a odiar o cavaquismo em todas as suas formas e feitios, a adorar ainda mais a escrita de Benar Benard da Costa, descobri Harold Bloom, eduquei-me com A Preguiça que é ainda hoje uma das melhores revistas que já se fez em Portugal, entre muitas outras paixões e ódios que o jornal me fomentou como deve ser com qualquer relação adolescente. Depois, é claro, zangamo-nos e há cerca de quatro anos que raramente nos víamos e raramente falávamos. Hoje dei de caras com ele e trazia debaixo do braço um livro de Agustina. Franzi o sobrolho arregalei os olhos e disse de mim para mim - olá, esta é boa. É o primeiro de uma interessante série de livros a publicar junto com o já adolescente, agora ele, semanário onde constam para além da velha senhora, nomes como Cunha Rêgo, O’Neill, Sophia, Sttau Monteiro, Cesariny, Hermínio Monteiro, entre outros. Bons livros são sempre uma boa maneira de fazer as pazes com velhos amigos. Nas próximas semanas vou voltar a ser leitor d’O Independente, espero não me arrepender de estender a mão a este velho amigo.

Soneto

De Cristovão de Aguiar recebemos em forma de comment este soneto que, inevitavelmente, postamos com o devido agradecimento.

Na esquina do vento

Minha casa plantaste na esquina do vento
Onde as marés afinam suas melodias
Desde então te respiro e ganho meu sustento
Caiando de palavras o muro dos dias.

Entre o meu e o teu corpo um intervalo lento
Que a baixa-mar escolta bem de penedias
Redobra o meu querer-te quanto mais te invento
E só depois me vejo de órbitas vazias.

Velha pecha esta minha de mergulhar
Nos confins do teu nome para te procurar
E a mim também por rumos que eu já nem sabia.

À minha conta trouxe o mar dentro de mim
Vazei-o no meu búzio no dia em que vim
- ouço o marulhar não lhe cheiro a maresia.


Cristóvão de Aguiar

Che

Os poetas sabem sempre mais sobre as coisas do mundo do que o resto de nós. Quando procurava motes para outras inspirações tropeço nesta pequena pérola da Sophia. Vem a propósito da morte espúria de determinados R às mãos da desdita própria dos homens e vem também a propósito do “duelo” de dois nossos “camaradas” de :ILHAS.

Che Guevara

Contra ti se ergue a prudência dos inteligentes e o arrojo dos patetas
A indecisão dos complicados e o primarismo
Daqueles que confundem revolução com desforra

De poster em poster a tua imagem paira na sociedade de consumo
Como Cristo em sangue paira no alheamento ordenado das igrejas

Porém
Em frente do teu rosto
Medita o adolescente à noite no seu quarto
Quando procura emergir de um mundo que apodrece


Lisboa, 1972

Sophia de Mello Breyner Andersen
In, O Nome das Coisas

Obrigado Sophia.

Sobre nomes

segunda parte de uma saga inesgotável.

Estou embrenhado noutras guerras que não as do trocar vão de palavras infundadas. A mim os meus valores bastam e do resto busco incessante a justeza das coisas e das acções mais até do que a dos homens. Quando tenho que referir nomes faço-o não contra as pessoas mas contra as atitudes e os carácteres. Em relação aos três nomes que referi no meu último post vou apenas vincar um dado, para que não fiquem dúvidas. Natalino e Contente são directamente responsáveis por alguns dos maiores atentados patrimoniais e ambientais vistos nos Açores, sendo claro que os governos a que pertenceram e pertencem são igualmente responsáveis. A sustentabilidade do desenvolvimento destas nove pedras atlânticas é uma tarefa, sei-o hoje, de Ulisses, é essencialmente por isso que afirmo, repetidas vezes, que quando escolhemos governos escolhemos os melhores dentre nós. Escolhemos, ou tentamos, os mais aptos, os mais sagazes, os mais justos. Candidatar-se a um cargo político é uma das atitudes mais nobres e por isso das mais importantes que um indivíduo pode fazer na vida, pelas três razões que referi anteriormente. Mas se sagacidade, aptidão e sentido de justiça são atributos raros mas que se cultivam, há pelo menos duas coisas que devemos exigir a um político. Bom Senso e Bom Gosto. É aqui que reside o princípio e o fim da governação porque são estas duas balizas que equilibram a eterna luta entre o progresso e a preservação. É crucial sentirmos que nada disto nos pertence nós apenas o passamos de uma geração para a outra. Os políticos mais do que tudo. Gusmão pelas afirmações públicas que tem feito demonstra não ter um pingo de Bom Senso e total falta de Gosto. Certamente a lista de nomes pode ser aumentada e glosada até ao limite, começa-se na Junta de Freguesia e vamos até ao Presidente da Republica. Mas uns são sempre mais responsáveis do que outros, como a história se esforça por demonstrar. Sobre nomes é só isto que tenho a dizer mesmo correndo o risco de ser rotulado de perigoso elitista, espero que seja o suficiente.

O DUELO ESTÁ SUSPENSO

Para desilusão de muitos e sanguinários adeptos do wrestling o Duelo está suspenso e adiado sine die.

Por um ladO, o Amigo Tózé parece ter percebido que apesar de toda a minha biliosa prosa jamais tive intenção de o injuriar ou ofender. Por outro lado, e pela parte que me toca, retracto-me publicamente de qualquer possível ofensa à ADA e à sua Direcção.

Confesso também que, o que me moveu a esta picardia com a ADA foi o facto de não ser convidado pela mesma para as vernisages dos magníficos e recorrentes eventos culturais que promove. A última vez que lá estive foi num «sarau» de Jazz que, felizmente, sendo de entrada livre abriu as portas da ADA a um público mais vasto.

Mas o que verdadeiramente motiva este impulso de suspender unilateralmente o Duelo com o Tózé foram as comoventes imagens de reconciliação de Saramago com Durão Barroso! É verdade, foi um momento televisivo assaz emocionante que me fez arrepiar caminho! Efectivamente, tão desprendido e simbólico gesto de boa vontade e paz fraterna abalou a minha resolução belicosa.

Mas, não querendo ser egocêntrico, consigo até vislumbrar consequências mais vastas daquele simples «bacalhau» entre o nosso primeiro e o nosso prémio Nobel. Prevejo até como possível o abandono do exílio forçado em Lanzarote, todavia espero que o Nobilíssimo Saramago não tenha a infeliz ideia de trespassar o seu degredo para uma das nossas Ilhas. No todo Nacional há tantas e tão boas alternativas a quem está já habituado à aridez das Canárias, a começar, por exemplo, pelas Berlengas. Ao ver o nosso primeiro-ministro ladeado pelo Saramago só não percebi se este fez as pazes com o País ou com o PSD. Mais saberemos do enredo aquando do lançamento de mais um popular êxito, do agora candidato a voto em branco, cujo título é, como se prevê, «Ensaio sobre a Reconciliação».

Depois de tão elevado gesto de concórdia só resta a Saramago receber o Prémio Nobel da Paz. Conhecido o rol de premiados até não seria algo de muito bizarro.

quinta-feira, abril 15

é Jornal

é diário. Obrigado pelo link.
João Nuno
Vou deixar de lado a linguagem de senado romano que quase tira a verdade aos nossos textos. Não vou escrever, que és meu caro amigo, nem ofensas sem qualquer resolução dolosa, nem em tom jocoso, pueril ou venenoso. Mereces mais.
O teu post que originou este duelo, não o achei simpático. Não fiquei, no entanto, ofendido. Apesar do que ficou escrito, e da maneira como ficou escrito, o facto da autoria ser tua bastava-me para saber que não haveria um duelo ao entardecer que não fosse de palavras.
Escreves-te um texto ácido, não tolerante e algo rancoroso, penso que não necessito de ser infantil e repetir aqui uns quantos de copy paste para te lembrar. Acabaste o texto com um parágrafo, quase em tom de náusea conclusiva e de exemplo máximo, usando o meu nome. Isso também não me ofendeu, obrigou-me, sim, a responder.
A única coisa que achei ofensiva, pessoalmente, foi usares a nossa relação pessoal para insultares a Academia das Artes e denegrires a minha relação com a mesma. Sei que vais dizer que não era essa a intenção, em nome da ADA e em meu nome, aceito.

Duelo

Apesar de mau esgrimista, gosto de duelos em que a palavra é a arma escolhida .


Paulo Gusmão...

...o porquê de. Um post a quente e para continuar.

Acima de tudo por uma questão tão simples que se torna básica e vital. Bom senso e bom gosto, a figura em questão não tem nenhum. Uma das coisas que todos os eleitores têm o direito de exigir aos políticos, entre outras, é Bom Senso. Não se pode estar na política só porque se nos dá na gana. Não estamos na vida política activa apenas porque há um pequenino partido que até precisa de militantes e toca de ser presidentes de junta, autarcas, governantes. Há coisas vitais em democracia, uma delas é o respeito dos políticos pelos eleitores, leram bem dos políticos pelos eleitores. É que numa altura em que tanto se diz sobre o desrespeito dos cidadãos face aos políticos e à política eu argumento o contrário enquanto os políticos não se derem ao respeito não há democracia que resista e não podem exigir o contrário. E não julguem que exagero ou que tomo a parte pelo todo, são precisamente indivíduos como Paulo Gusmão que descredibilizam a actividade política. E vou mais longe, sem qualquer amargo de boca, são indivíduos como José Contente, como Natalino Viveiros, como tantos e tantos outros que ao longo da história deste país têm usado a política não em prol dos cidadãos mas em seu próprio beneficio e contra os melhores interesses do desenvolvimento do país, (o peito de Fátima Felgueiras incluído). O problema dos partidos, do PP ao Bloco de Esquerda, não está nas ideias está nas pessoas. Felizmente Paulo Gusmão ainda não chegou ao poder como José Contente, mas meu querido João Nuno é vital que não chegue. Ninguém com tamanha falta de bom senso pode chegar ao poder, e não se trata de uma questão de ele ter ideias diferentes das minhas mas antes de ele ter péssimas ideias sobre o que é o futuro desta região. Já o disse há alguns meses atrás e volto a repetir, Digo e repito, Vítor Cruz vai perder estas próximas eleições regionais precisamente por não ter sabido afastar de ao pé de si pessoas com as ideias de Paulo Gusmão. Se me dizes que no PS existem tantos ou mais indivíduos sem bom senso e sem bom gosto eu concedo mas os eleitores hão-de acabar por descobri-los. (à suivre...)

CARTA ABERTA AO CAMARADA TÓZÉ

Meu Caro Tózé sem ressentimentos, mas por dever de consciência, impõe-se uma carta aberta de resposta ou, em alternativa, um duelo ao entardecer para o qual concedo galantemente a vantagem de escolheres as armas. À cautela, tendo presente a crispação do teu post, se possível, opto apenas por zurzir palavras.

Para além de todo o lastro viperino que deixas registado no teu post, permite-me o tripartido direito de resposta nos seguintes termos: 1º- se causei alguma ofensa foi sem qualquer resolução dolosa para o efeito, mas ainda assim peço que releves qualquer mossa; 2º- penso que tomaste a parte pelo todo já que o meu post não era sobre V. Ex.a, a quem, aliás, dediquei apenas um breve parágrafo em tom jocoso e nunca ofensivo; 3º- na sequência do que antecede nunca pretendi lançar nenhuma farpa para a abertura hostilidades com um colega de redacção que muito prezo e cuja amizade estimo de igual modo.

Posto isto lamento que o teu post seja tão áspero, de tal modo que, subliminarmente, tenha por vezes beirado o insulto. Também lamento que tenhas recorrido a tão pueril expediente de fazer «copy paste» do meu texto remetendo-o, em «boomerang», com enxertos venenosos para, porventura, dar-me a provar algum do meu veneno !

Também quero deixar bem claro que não chafurdei, ou chafurdo, em qualquer pocilga política ou outra, até porque nos tempos que correm é preciso ter cuidado com os vícios privados e, como tal, ainda que fosse vicioso, pensaria duas vezes em dedicar-me a qualquer comportamento desviante tipo «mud-fighting» como sugeres no teu post ! Assim sendo, como efectivamente é, a única «pocilga» na qual chafurdo é, porventura, a Piscina do Pesqueiro, especialmente em dias de São Vapor. Mas se assim o faço é por pura ignorância, já que é certo e seguro, que não tenho a presunção de tudo saber da vida. A propósito a única presunção e arrogância que me presto a orgulhosamente assumir é que, sendo essencialmente um liberal, glorifico sempre que posso a liberdade de expressão. Esse é um elementar primado filosófico do Mundo Ocidental que, contudo, tem vindo a debater-se com o seguinte dilema moral: «Devemos ser Tolerantes para com os Intolerantes ?» (vide a propósito John Rawls).

Finalmente, mas não menos relevante, não percebo o tique «pavloviano» de reflexivamente se invocar o nome de Paulo Gusmão, como se fosse uma mezinha mágica, sempre que é necessário atacar qualquer cidadão que seja militante do PSD-A ! É verdade, assim exposto resta-me confessar que pertenço ao PSD-A, que para ti se resume a uma «oligarquia política». Ora, talvez te compense saber que em tempos chafurdei a minha militância no M.S.E.

Uma nota final de homenagem a Che Guevara impõe as palavras que se seguem. Dúvidas não há do carisma do homem que, para muitos, foi imortalizado como um Cristo do Sec. XX, desde logo pela força iconográfica de uma invulgar fotogenia. Bem sei que a tão auto propalada superioridade moral da esquerda tem a soberba de achar que a Direita, e as Direitas, são um bando de «red neck´s» ignorantes. Também para quem não é de esquerda, mas também não é bem de direita ( ou seja parece que não é nem carne nem peixe ), é tão fácil presumir que ignaros como eu algum dia se tenham interessado a ler e reflectir sobre o Che. Sucede, porém, que sou um leitor compulsivo, que até lê todo o lixo no qual, por vezes, tropeço...coisas do tipo as informações nutricionais dos Cereais Integrais e outras insignificâncias. Outras vezes, quer a providência do acaso, que seja privilegiado com uma leitura iluminada, como por exemplo, «Che Ernesto Guevara, uma lenda do século» - Pierre Kalfon – da Terramar.

Acreditando nalguns papalvos que ainda sustentam a tese do bom selvagem, entre os quais está o citado autor da biografia do Che, cada ser humano lá há de ter as suas qualidades, mesmo que seja um tirano, é preciso é que não seja de Direita.

Sem ressentimentos, ponto final, e até amanhã camarada.

quarta-feira, abril 14

design em Paris [via Açores]

Mais um amigo "emigrante" a dar cartas. Parabéns José pelo bom trabalho. A malta acompanha, como pode, à distância de um clique. Continua com "saudades"...


Rik Bas Backer, José Albergaria

“Os tempos são perigosos”

Sempre me espantei com as pessoas que se dizem não porcos mas não saem da pocilga, com pessoas que perante a náusea resultante de tão abundante e grossa asneira nada de novo inventam, nenhuma nova forma de asneirar. Gente que, sem espelho de onde lhes seja devolvido o seu pensar e sem desculpa de ignorância sobre os mais elementares primados filosóficos, se perde do tradicional bom senso. Pois não será falta de bom senso, típica daqueles que tudo parecem saber da vida e que apenas se prestam à missão de apontar os supostos pecados dos outros, desvalorizar os muitos e honrados prémios Nobel da Paz, usando um exemplo desconceptualizado de um homem que na altura, depois de anos de clandestinidade, nas cavernas do terrorismo, saiu para a luz das negociações de paz com o seu inimigo mortal (pondo, entre os seus, a sua cabeça a prémio). Não será falta de bom senso, típica daqueles que tudo parecem saber da vida e que apenas se prestam à missão de apontar os supostos pecados dos outros, achar, que por estarmos neste momento em mais uma Cruzada contra os Mouros, que seja de esperar que não nos indignemos com a eliminação sumária de um ser humano, mesmo que se trate de um trapo semi-ambulante, que destila ódio e ordene a matança de inocentes, e que tenhamos o atrevimento de pensar que é nosso o monopólio de saber e perceber o que são e quem são os lideres espirituais dos outros.
Não tenho dúvidas, o bom senso, neste caso, não resistiu.
Tenho pena de que o facto de não ser pendente de nenhuma oligarquia política, de não chafurdar nas pequenas pocilgas que a alguns satisfazem, irrite o meu amigo João Nuno até ás entranhas. Assim como te satisfaz que edições de Saramago se rivalizem com edições de Margarida Rebelo Pinto e do “Meu Pipi”, a mim também me satisfaz que a tua opinião política encontre família nas opiniões de Paulo Gusmão, Alvarinho Pinheiro e muitos outros.
Mais fica sabendo que, acho a Academia das Artes dos Açores um associação cívica e cultural inserida no seu meio e daí conservadora. Agradeço que concluas daí que a ADA em nada contribui para a minha evolução política, nem alguma vez senti a necessidade de me tornar faccioso para ser aceite no meio da ADA. Sou daqueles que gosta de salientar, e tento viver com, as qualidades de cada ser humano, especialmente aquelas que não fazem parte da minha bagagem. Se tiveres o cuidado de ler, é isso que tento evidenciar no meu post sobre o Che. Finalmente, provas que não me conheces, politicamente, quando me acusas de passar de um lado, por ti definido, aonde nunca estive, para um outro qualquer, que não sabes qual é.

O DESJEJUM

Após longo jejum dou por mim, inelutavelmente, a blogar de novo. Como não sou dado a grandes rigores ascéticos o jejum em nada esteve relacionado com a quaresma.

Confesso que na verdade sempre por cá andei, lendo e « surfando » de blog em blog, pasmando ante o tom de comentários que sobre a actualidade, de um modo geral, se foram registando por essa subcultura diletante dos blogger´s, acumulando, por vezes, a náusea perante tanta e grossa asneira produzida pelas mais elevadas luminárias intelectuais e fazedoras de opinião. A propósito, como diria o Vasco Pulido Valente, os tempos são perigosos.

Se, por um lado, é certo que as convicções políticas e ideológicas são modeladas pela « exposição selectiva » - princípio da psicologia de grupo segundo o qual escolhemos os nossos jornais, programas de rádio e televisão, ou os nossos opinion maker´s, de forma a que as nossas próprias opiniões sejam amplamente confirmadas - , por outro lado, não consigo conceber como é possível que ainda há quem resista ao mais elementar primado filosófico , ou seja, o tradicional bom senso.

Em sentido inverso desse bom senso pululam os dislates nacionais e internacionais que infelizmente têm contaminado os blogs e não só. A epítome do que antecede é o pedestal em que é colocado o nosso Nobel da Literatura a propósito do « Ensaio sobre a Lucidez ». Bom já sei que me crucificam por heresia cultural, mas talvez até pertença à maioria silenciosa que não vê no Nobel da Literatura o sinónimo selado e lacrado da excelência literária. Nesse sentido basta ter presente que o maior ficcionista deste Século, e também um dos mais destacados ensaístas e poetas da Modernidade, nunca recebeu o Nobel da Literatura. Efectivamente, Jorge Luís Borges referia-se ao Prémio Nobel, que nunca obteve, como um velho ritual nórdico que consistia em lho recusarem. Note-se que uma das razões recorrentes para boicotar a atribuição do Prémio Nobel era a acérrima oposição anti comunista, na qual o escritor fazia gala. Por aqui se vê o calibre da fundação Nobel que até já atribuiu um Prémio da Paz a campeões da mesma e dos direitos humanos, como o Senhor Arafat...!!!

O certo é que o Senhor Saramago ocupa o nosso tempo, e os 100.000 exemplares do « Ensaio sobre a Lucidez » rivalizam com as reedições do « I´m in love with a pop star », da Margarida Rebelo Pinto, e do «Meu Pipi».

Quando se abordam questões de interesse internacional, como por exemplo esta Cruzada que travamos contra os Mouros, o tom de disparate mantém-se. Veja-se a patética prestação de um ex Chefe de Estado Europeu que quase se ofereceu como emissário para negociar a rendição com Bin Laden e quejandos ! Quase em simultâneo, apesar do cerco à Europa ser cada vez maior , as nossas cabeças bem pensantes, indignam-se com a eliminação de um trapo semi-ambulante que destilava ódio e ordenava a matança de inocentes...inclusivamente cogitaram um voto de pesar no parlamento Nacional pela morte desse inolvidável líder espiritual do Hammas ( o que quer que isso signifique ) !!! Como disse não há bom senso que resista.

Como não bastassem estes dislates tenho lido aqui e ali a opinião de tantos neo comentadores políticos regionais que tudo parecem saber da vida interna dos partidos e da política na região. Entre aqueles avultam os detractores da coligação que, sempre numa confortável atitude de suposta distância ideológica e política, apenas se prestam à missão de apontar os supostos pecados contra natura da tão fustigada coligação. Esta casta irrita-me até ás entranhas, não pelo umbiguismo das suas opiniões, mas sim por se estribarem numa das famílias democráticas mais ambivalentes : a dos independentes. Se alguém ainda teve a indulgência de aqui chegar, talvez se reveja selectivamente no que antecede, e partilhe da opinião de que não há independentes, porquanto, estes são sempre facciosos.

Por falar em Independentes até o meu amigo Tózé parece que se anda a passar para o outro lado postando elegias a Che Guevara ( o que só lhe fica bem no meio da Academia das Artes ) !!! Como disse não há bom senso que resista !

Tenho cá para mim que vou quebrar o desjejum por mais algum tempo. Afinal, estou cada vez mais dissidente...entretanto vou tentar que ainda aceitem o meu texto para o próximo número da : Ilhas.

segunda-feira, abril 12

(bandeiras) à força

ou à força do (populismo)


Pela lógica da multiplicação das regiões (ilhas/país) por bandeiras - Portugal quantos são? Teremos um país x 4 (ou a 4 velocidades/4rpm)? Será a Acção x 4!?...

o (cartão amarelo)

Não obstante o amarelo - ao sol - a questão não é indissociável. Nestes "tempos difíceis" o desabafo.

Um homem morto à partida.

O Nobre Rico
Certo chefe perguntou-lhe então: "Bom mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna"?... ...Ouvindo isto, Jesus disse-lhe: "Ainda te resta uma coisa: vende tudo quanto tens, distribui o dinheiro pelos pobres e terás um tesouro nos Céus. Depois, vem e segue-Me". Quando isto ouviu ele entristeceu-se, pois era muito rico. Vendo-o assim, Jesus exclamou: "Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! Sim. É mais fãcil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus"!...
S. Lucas.

Histórias de um homem morto à partida.

[informação accionável]


A Conselheira e o Presidente falam por enigmas. Vá lá perceber-se porquê...

domingo, abril 11

um Domingo qualquer...

Domingo (de Páscoa). Saída para um café. Na cidade de Ponta Delgada deambulam grupos de homens e rapazes. Outros - de carro e com o tunning afinado - gesticulam obscenidades, imperceptíveis, aos que, a pé, circulam. Estes ripostam com frases e gestos a condizer - e no íntimo - murmuram: um dia vou ter um tunning só para mim. Uma realidade assumidamente rural com laivos de modernidade via satélite por importação directa da Justin Timberlake - Motion TV. Explosivo. Uma ida junto ao mar com passagem apertada por São Roque. Uma procissão. Um desvio. Paro para evitar "o" acidente. Sou insultado (!!!?). Respondo atónito. Basta. Regresso a casa.


Spleen 2. Lagoa do Fogo - Remédios. Algures entre sábado e domingo. Costa Sul de São Miguel.

spleen...

Confesso que não tenho nada para dizer. O tempo não está para palavras, mas para silêncios.

sexta-feira, abril 9

A Vida de Brian


Título: A Vida de Brian
Título original: Life of Brian
Realizador: Terry Jones
Actores: Graham Chapman, John Cleese, Terry Gilliam, Terry Jones
Reino Unido, 1979, 94’


Um dos melhores filmes dos Monty Python. Aqui a “brincadeira” - politicamente (in)correcta - recai sobre a vida de Deus e Jesus. Hilariante.

quinta-feira, abril 8

Arquitectura Açoreana na Bienal de Veneza

Bernardo Rodrigues é um dos 5 jovens arquitectos que integram a proposta portuguesa para este evento. "Metaflux - Duas gerações na Arquitectura portuguesa recente". Parabéns Bernardo.

Estou curioso

Eneš Bilalovic - Enki Bilal nasceu em Belgrado,na Jugoslávia em 1951

Vai para Paris com dez anos, onde começa o seu interesse pela BD.
Encorajado por Gosciny (Asterix) e Charlier (Blueberry com Jean Giraud), co-fundadores da Pilote juntamente com Uderzo,inscreve-se em belas artes e espera uma oportunidade, que surge com um concurso lançado pela Pilote onde ganha o 1º Prémio.
Com a experiência adquirida nas cerca de 30 curtas desenhadas para a revista entre 1972 e 1974 lança em 1975 a sua primeira grande obra Cruzeiro dos Esquecidos juntamente com Christin, que assinará também os argumentos de: O Navio de Pedra (1975), A Cidade que não Existia (1977), As Falangens da Ordem Negra (1979) e A Caçada (1983).
Em 1980 inicia a trilogia Nikopol com A Feira dos Imortais (1980), A Mulher Armadilha (1986) e Frio Equador (1992) projectos em que demonstra a sua qualidade também como argumentista que continua com as obras O Sono do Monstro (1998) Sarcófago (2001) e 32 de Dezembro (2001) 2º volume da trilogia iniciada com O Sono do Monstro.
Além de desenhador e argumentista, Bilal é também realizador dos filmes Bunker Palace Hôtel (1989), que já passou na RTP, Tykho Moon (1996) e Immortel (ad vitam) (2004) que estreou em Março em França, não se prevendo para já a sua passagem pelo nosso país. O filme é uma adaptação dos álbuns A Mulher Enigma e A Feira dos Imortais que fazem parte da trilogia de Nikopol, concluída em Frio Equador em que graças aos efeitos de três dimensões, será possível ver o mundo caótico e fantástico dos quadrinhos de Bilal em imagens "quase reais".

Extractos do filme podem ser vistos em http://www.immortel-lefilm.com/#

e Deus fez-se homem

Ontem, Saramago foi “querido” quando falou da sua obra. Ensaio sobre a Lucidez.
Foi “cassete” quando falou da política, dos interesses económicos e do mundo. Ensaio sobre a Cegueira.
Falou pouco sobre a sua obra e muito sobre o resto.
A Academia das Artes dos Açores estava linda cheia de gente.
Quem não estava lá fez tanta falta como a ausência de pontos e virgulas na obra de Saramago.

A Última Tentação de Cristo


Título: A Última Tentação de Cristo
Título original: The Last Temptation Of Christ
Realizador: Martin Scorsese
Actores: Willem Dafoe, Harvey Keitel
EUA, 1988, 164'


Um épico e uma provocação pela mão do realizador Martin Scorsese. E se a Jesus tivesse sido dada a opção de escolher entre viver como um homem comum ou morrer na cruz pelos “nossos pecados”? E se Jesus não fosse tão perfeito como dizem as escrituras e fosse um ser humano perseguido pelo facto de ser filho de Deus? Um filme que à época foi pleno de polémicas, principalmente, devido a esta dualidade espiritual e humana de Jesus, e que levou, em extremo, à sua proibição em alguns países. “A Última Tentação de Cristo” é baseado no romance, com o mesmo nome, de Nikos Kazantzakis e é tido como uma verdadeira obra-prima. Para outros, trata-se de um projecto falhado. A música original é de Peter Gabriel. Aproveitem para revê-lo.

quarta-feira, abril 7

(causas)

Partilho o entusiasmo e o "boicote" à iniciativa.

o ano da Retoma

...quem afirma o contrário!

Nunca aceitou um mal menor



Aqui está um exemplo de um homem que nunca se deixou escravizar, nem por ele próprio. Nunca aceitou um mal menor. Não se tranquilizou. Não foi domesticável. Não se resignou. Não deixou de sonhar. Um rebelde. Um anti-conformista.
Pouco me interessa saber sobre o homem por detrás da descrição lírica, que nos é transmitida hoje, porque das mediocridades que também faziam de Ché homem, estamos nós rodeados no dia a dia.

Escrava de um “mal menor”

Ontem estive num jantar aonde, inevitavelmente, se discutiu política e as próximas eleições regionais (e o mesmo num almoço há dois dias). Quase sem excepção, toda a gente, de uma forma geral, justifica o seu voto pela negativa. Os comentários eram do género:

- Eu vou ter que votar nos socialistas porque, de maneira nenhuma podemos deixar o PP chegar ao poder regional, atrelado ao PSD. Já viram em que é que resultou no resto do país?!?
- Eu não posso com o Carlos César. Não descanso enquanto não o puser em casa. Vou votar na coligação!
- Os gajos do PS são todos uns corruptos. Aquelas secretarias são uma pouca vergonha, é só para os amigos, só para os amigos!
- Já imaginaram o Paulo Gusmão Director Regional de alguma coisa… Sei lá, Acção Social…Que horror, não! Vou votar socialista, pela primeira vez na minha vida! Menos um votinho no Bloco de Esquerda.
- Vocês já viram aquela gente? Uns rapazinhos de fatinhos que nunca fizeram outra coisa na vida! Os que conseguiram acabar um curso, no dia a seguir já se estavam a inscrever no PSD! Aquilo é gente que nunca procurou trabalho, só tachos! Uns rapazinhos de fatiota. Não!
- Eu, pá, enquanto o Martins Mota e o seu gang estiverem no PS não hão-de cheirar o meu voto.

O nosso voto é, muito vezes, determinado pela nossa necessidade de defender o poder das garras deste ou daquele grupo. Temo que a nossa democracia seja escrava de um “mal menor”.

Duvida metódica

Porque será que o comunista Saramago utiliza técnicas capitalistas para transformar em dinheiro o seu espúrio manifesto totalitário?

Hoje em Ponta Delgada todo o social se reúne para admirar o “macaco branco”. Eu não vou lá estar.

terça-feira, abril 6

A Última Hora


Título: A Última Hora
Título original: 25th Hour
Realizador: Spike Lee
Actores: Edward Norton, Barry Pepper, Philip Hoffman, Anna Paquin
EUA, 2002, 135’


N’ A Última Hora há uma clara alusão ao 11 de Setembro e esta não podia ser mais oportuna, porque na cidade de Nova Iorque ainda se vive o choque da tragédia. É latente um sentimento de incapacidade e de reacção das pessoas, que no final se sentem, talvez, perdidas... Este é um dos pontos de partida de Spike Lee na transposição de uma imagem poética pós-11/09/01 e povoada de medos, dos quais a personagem de Edward Norton (Monthy) é a principal intérprete. “A Última Hora” é, quanto a mim, o melhor filme de Spike Lee, aquele que é um dos realizadores americanos mais interessantes da actualidade. Can you change your whole life in a day? É a pergunta que nos é feita. A resposta pode estar ao alcance do play...

De Boa Casta

Alexandro Jodorowsky nasceu em Iquique, no Chile, em 1929.

Foi palhaço de circo e marionetista até 1955 data em que se radica em Paris para colaborar com Marcel Marceau e juntamente com Fernando Arrabal e Roland Topor, fundar o grupo de teatro, de raiz surrealista,"Panique".
Estreia-se na BD com a saga futurista Anibal 5 com desenhos de Manuel Moro, mas só através da parceria com Moebius, com quem começa a trabalhar em 1975 no projecto de adaptação de "Dune", que viria a realizado por Lynch, obtem reconhecimento e fama com " Os olhos do gato" (1978) e as Aventuras de John Difool (O Incal) (1980-1989).
Desde então numa cadência impetuosa assina os argumentos de séries como, "A casta dos metabarões" com Juan Jimenez, "Face da Lua", "A Pedra Angular" e "Bouncer" com François Boucq e a premiada série "Juan Solo" com Georges Bess de quem já tinha assinado o argumento de "O Lama Branco".
Além de argumentista para BD é também desde 1957 realizador de filmes como "The Severed Head" uma curta metragem de 40m com argumento de Jean Cocteau, "Fando and Lis: Tar Babies" (1967), o western "El Topo" 1970, "The Holy Mountain" (1973) onde além de realizador é também actor, produtor, e assina a respectiva banda sonora, "Tusk" (1980), "Santa Sangre" (1989) e "The Rainbow Thief" (1990) com Omar Sharif e Peter O`Toole.
Aos 75 anos encontra-se a realizar "Los Hijos del Topo" um misto de western, acção e ficção com Marilyn Manson como protagonista onde interpretará uma personagem completamente diferente da sua imagem "demoníaca".

Todos os filmes estão disponíveis na Amazon e as BD's, a maior parte delas, estão editadas em Portugal pela ASA e Meribérica.



- Durão, olha às 15h00, será uma Cruz!?
- Portas, tu és a minha Cruz!...

(SCUT)

Verdade seja dita, desde o primeiro anúncio de que o Governo Regional queria construir em regime “scut” uma via rápida entre Ponta Delgada e o Nordeste que os empresários micaelenses ligados à construção civil ficaram de pé atrás. Embora não partilhe desta opinião, do MM no DA, acredito que o Cimento di(ta)rá, em muito, o futuro destas ilhas e de São Miguel, em particular. Urge uma discussão sobre este e outros temas. Importa clarificar o que queremos e quando "apregoamos", na promoção das ilhas, que a Natureza e o Ambiente são uma prioridade. Pois, ao que me é dado ver (e sobretudo aperceber) - as “prioridades” têm sido outras!...

era uma vez um Passeio


Para uns esta será uma preocupação menor. Trata-se apenas de um pormenor revelador da inércia e da incompetência das instituições. Amanhã inaugura um novo hotel em Ponta Delgada. Os passeios nas imediações foram calcetados. Com o saneamento básico concluído, há pelo menos dez anos, os passeios da Rua de Lisboa, na época em questão, foram presenteados com calçada, apenas, até ao Coliseu. Uma das principais artérias de acesso ao centro de Ponta Delgada continua mal iluminada e abandonada. Espelho maior deste abandono está na Fonte da Autonomia. Esteticamente? Um objecto deplorável - fruto de outros tempos. E que por outras obrigações (e desobrigações) é alvo de desleixo e desinteresse apenas por razões partidárias e de tutela. A continuarmos assim não vamos lá...nem de longe nem de perto. Espero que o plano em curso não seja omisso. O Cimento veio para ficar. E a ele associa-se o Progresso. É esse o nosso Mundo. O Engano não podia ser maior.

segunda-feira, abril 5

A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça


Título: A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça
Título original: Sleepy Hollow
Realização: Tim Burton
Actores: Johnny Depp, Christina Ricci e Christopher Walken
EUA, 1999


O realizador do “fantástico”, Tim Burton (Batman, Eduardo Mãos de Tesoura, O Planeta dos Macacos), cria uma “arrepiante” e encantadora versão de um conto de horror de Washington Irving - "The Legend of Sleepy Hollow". Na passagem do século XVIII para o XIX, um inspector policial, Ichabod Crane, investiga uma série de crimes cometidos em Sleepy Hollow, que envolvem decapitações e o desaparecimento das respectivas cabeças. Tudo parece indiciar que estes crimes são cometidos por um Cavaleiro sem Cabeça... Entre “gritos” medrosos e uma população supersticiosa...cabe a Crane desvendar o mistério. Um elenco magistral com cenários a condizer.

uma opinião "feliz"

Dia de aniversário da cidade de Ponta Delgada (458 anos). Leitura matinal - obrigatória - dos jornais. Leio mas não m'acredito - A arquitecta Sílvia Santos acredita que o caminho a seguir pela cidade é o da «actualidade». Não concebe porque razão ainda há tanto medo do que é novo. Se por um lado não faltam exemplos no centro da cidade, de «edifícios arquitectonicamente interessantes, devolutos, sem uso; outros ainda, com usos indevidos (capelas transformadas em armazéns) e recuperações que muito deixam a desejar». Por outro lado, são frequentes «alterações e supostas recuperações dignas do século passado, utilizando-se os novos materiais e novas tecnologias ‘à maneira de’ ou ainda de uma forma ‘rústica’», diz Sílvia Santos. Na sua opinião, a utilização da linguagem da arquitectura contemporânea seria uma mais-valia para o centro histórico (AO de 05/04/04). Perante este discurso convém não esquecer o seguinte. O futuro será tudo menos "feliz" - “arquitectonicamente” falando, é claro!...

outra vez a (bola)

"Ganhámos" com um sorriso de Galo!...

domingo, abril 4

o (Herói) americano


American Splendor - foi um dos filmes mais premiados no ano passado - prémio do jurí no Sundance Internacional Film Festival, prémio da crítica em Cannes e ainda a nomeação para o Oscar de melhor argumento adaptado. O sonho americano visto através da vida de um funcionário público de Cleveland, que durante os anos 70 se tornou "conhecido" pela publicação de uma BD de culto (underground). As histórias? A vida simples de um homem banal - ele próprio - o arquétipo do anti-herói. Neurótico. Deprimido. Cru, sem truques e sem ilusões. Decididamente um filme a ver. A banda sonora é sublime. Excelente interpretação de Paul Giamatti, no papel principal. O site oficial. Nos cinemas Solmar até 4ªfeira - dia 7.

sábado, abril 3

Hoje na Terceira...

uma surpresa. E outros "suspeitos" do costume...uns mais do que outros.

As Bodas de Deus


Título: As Bodas de Deus
Realizador: João César Monteiro
Actores: Rita Durão, João César Monteiro, Joana Azevedo
Portugal, 1999, 135’


A personagem de João de Deus, interpretada pelo próprio João César Monteiro, surge pela primeira vez em "Recordações da Casa Amarela" (1989) e depois em "A Comédia de Deus" (1995). "As Bodas de Deus" é o segmento final da trilogia, ou melhor, o seu epílogo. A morte levou, em 2003, o realizador João César Monteiro, um dos mais polémicos e célebres portugueses. A Atalanta lançou, recentemente, uma caixa de DVD com toda a sua obra.

sexta-feira, abril 2

Um CD pró fim de semana


Na continuação do projecto anterior "These Are the Vistas" o novo "Give" dos The Bad Plus que entre alguns originais alinha agora covers de "Velouria" dos Pixies e "Iron Man" dos Black Sabbath's. Como provavelmente não estará disponível no mercado local, procurem-no em qualquer site P2P. O meu comprei-o no Soulseek.

10 Mandamentos


Título: Os 10 Mandamentos
Título original: The Ten Commandments
Realizador: Cecil B. DeMille
Actores: Charlton Heston, Yul Brynner, Anne Baxter
EUA, 1956, 220’


O filme bíblico por excelência. Do mesmo realizador de épicos como Cleopatra (1934), Sansão e Dalila (1949) e The Greatest Show on Earth (1952). No papel principal - Moses - um actor intemporal - Charlton Heston (Ben Hur, The Planet of the Apes, 55 Days at Peking, Earthquake). Imprescindível numa qualquer programação Pascal, televisiva, que se preze.

selecção (Pascal)

Numa antevisão da época que se avizinha e das lânguidas sessões televisivas, em ameno ambiente familiar, proponho 5 fitas que, por imperativos de ordem "espacial", não foram contempladas no último nº da :ILHAS. Esta é uma selecção emotiva e muito subjectiva associada a um tema supersticioso e pernicioso que trespassa em muito o AZAR, a SUPERSTIÇÃO e a RELIGIÃO da 13:ILHAS. Chamem a Avó, ponham o chinelo, a "mantinha" e o roupão...que a sessão vai começar!

Não ???

Se perder metade da “nossa soberania” territorial é assim tão grave (e eu acho que sim, que é), e pelo facto de esse facto histórico-político-económico acontecer aqui, agora, durante este período político a que chamamos legislatura, não deveria sua Ex.ª o Presidente do Governo Regional dos Açores, Sr. Carlos César, equacionar o pedir a sua demissão, e a do Governo Regional dos Açores que lidera, ao Sr. Ministro da República? Não deveria a Assembleia Regional estudar a possibilidade de pedir a sua própria dissolução ao Sr. Ministro da República? Não deveriam as forças políticas pedir ao povo que se preparasse para sair para a rua em defesa do seu património histórico, cultural, político, económico e ambiental?

Não ???

quinta-feira, abril 1

Sereia composta de Ar e de mar, "com olhos de anjo e boca de diabo".

Quem será, quem será?!?
Descubra aqui neste "Manifesto" de "Memória" e de "Saudade".

Memórias do Liceu ( I )

Fui aluno do Liceu entre o meu 7º e 9º ano. As memórias são tantas e diversas que seria impossível metê-las todas num post. Vou tentar publicar alguns episódios dessas memórias. Aqui vai o primeiro.

A professora Vera, nossa lindíssima, professora de Físico-química, insistentemente (assim gostávamos de imaginar) repetia, a nosso pedido, a experiência de criação de electricidade estática através da fricção de um tubo de ensaio com um pano. Qualquer tema que fizesse tangente com a electricidade era desculpa para lhe pedirmos que repetisse a dita experiência.
- Ora vamos lá a corrigir os exercícios que mandei fazer em casa. Agostinho, leia lá o primeiro.
- Ó senhora, eu não fiz. Ontem faltou a electricidade lá em casa.
Um de nós aproveitava a deixa e imediatamente - Ó senhora professora, faça lá a experiência da electricidade, vá lá!
- Não, não! Estamos fartos de fazer essa experiência.
- Não estamos, senhora professora! – Diziam os rapazes todos entusiasmados enquanto as raparigas torciam a cara com nojo, com aquele ar de quem diz, fogo, estes gajos não pensam noutra coisa. Num momento já o Luís Óscar estava ao pé da secretária da professora com uma mãozinha de papelinhos rasgados que espalhava sobre o tampo.
Com alguma regularidade lá a Sr.ª professora Vera sucumbia aos nossos uivos hormonais e repetia a experiência.
Na minha memória esta sequência de imagens acontece sempre em câmara lenta. Mas lembro-me perfeitamente de como abria com cuidado, como quem nos retirava a roupa, a gaveta aonde, como por obra e graça do espírito santo, lá esperava hirto e firme o tubo de ensaio e o pano de veludo cor de sangue coagulado. Ela olhava para dentro da gaveta e enfiava a sua mão, gentil e esguia, gaveta a dentro, como quem mete uma mão, com cuidado mas com vontade, dentro de uma cueca e de lá saía com o tubo de ensaio em riste como se tratasse de uma jóia ou prémio. Com o pano na mão direita e o tubo na mão esquerda começava então a sessão de friccionamento. A cada passagem do pano o tubo reflectia o brilho das luzes da sala de aula, que se encontrava em absoluto silêncio excepto o cair de uma cabeça de uma das raparigas sobre os seus braços a fingir adormecimento ou o estalido de uma boca babada de um dos rapazes, a cair aberta. Ás vezes tinha a impressão de que me olhava nos olhos durante o processo, mas nunca tive a coragem de não desviar o olhar. Ao fim de um tempo, que melhor exemplificava a teoria da relatividade, por tão curto quanto longo, e por entre explicações cientificas que eu não ouvia, a professora aproximava o tubo, agora excitado, dos papelinhos espalhados e a força da electricidade estática arrastava-os de encontro ao vidro quente. Os nossos olhos seguiam os papelinhos testemunhando, de vez enquanto, a emissão de uns relâmpagos pequeninos que estalavam, a partir do tubo. O meu corpo, algumas partes em especial, também sentia esta atracção que requeria uma concentração e uma mão firme agarrada à secretária para não se perder o controlo, não fosse a professora de seguida chamar-nos ao quadro.
O tubo de ensaio era então guardado, milagrosamente firmo, hirto e agora também reluzente, até uma próxima “noite de núpcias”. O resto da aula decorria num ambiente calmo e relaxado, excepto para quem se sentava ao lado da Marta (nome fictício). Cá fora no fim da aula as raparigas não nos falavam, estávamos no fim da idade em que isso ainda não nos fazia muito diferença. Entre nós fazíamos os comentários mais absurdos.
- Hoje ela esteve sempre a olhar para mim. – dizia o Luís Óscar, o machão da turma.
- Para a próxima sou eu que me sento na carteira da Marta. – dizia uns dos não contemplados.
Se bem me lembro, O Luís Óscar, o Miguel Constância, o Saul, o Arthur Almeida Lima e eu, ainda nesse ano, lançamos um jornaleco no Liceu com o nome de “primaVERA” em homenagem à dita cuja musa, título da imaginação do Luís Óscar que nos dava sempre a entender que tinha um caso secreto com a professora, mas foi projecto de pouca duração estática.
Não sei se aquilo que aqui vos conto é verdade. Tenho a certeza, no entanto, de que é assim de que me lembro.

30

...não mil mas os anos de Abril.

Porque hoje começa Abril, porque Abril faz 30 anos, porque em Abril de 1974 aquilo que se veio a tornar nisto, isto, mim, eu, ia já com mais ou menos três meses de gestação. Porque ser da geração de 74, ser o que se convencionou chamar filho da revolução sempre foi para mim um facto significativo, sempre assumi isso como uma espécie de característica de carácter extremamente importante na minha formação e no que eu sou enquanto gente, estes aspectos influenciaram a minha interacção com a vida quase tanto como ter olhos azuis ou o cabelo encaracolado. Porque ter nascido pós revolução, ter crescido pós PREC, ter vivido toda a minha vida em democracia e em liberdade é para mim, para além de dado adquirido, como ter 1,72 m de altura e joanetes, facto fundamental na percepção que tenho de mim e do mundo que me rodeia. São traços, são feições que nos distinguem e que se tornam parte do nosso “genoma psicológico”. Por tudo isso deixem que deixe aqui este manifesto, não literário mas político. Não sou sociólogo, nem psicólogo, nem pretendo fazer qualquer tipo de estudo comportamental, mas acredito que aquilo que somos é fruto tanto das condições físicas como de educação que nos é dada. As opções que tomamos na vida nascem, essencialmente, das reacções que temos ao que nos rodeia., reacções que, por sua vez, brotam das características físicas e de carácter que nos foram dadas. O resto são escolhas e decisões. “decisions, decisions, always decisions.” A minha família é e foi sempre maioritariamente socialista e republicana, pelo menos aqueles da minha família com quem tive mais contacto e que mais me marcaram. O tipo de humanismo que me foi incutido radicava primeiro que tudo num respeito quase irracional nos valores da liberdade e da democracia. Mas apesar disso se me fosse pedida uma explicação pessoal para o porquê de eu ser de esquerda a minha resposta seria um nome: Antero de Quental. Uma paixão adolescente por Antero foi e é, talvez ainda hoje, a razão maior para o meu alinhamento à esquerda. “a gauche, toujours à gauche.” Para mim ser de esquerda é acreditar no homem e na igualdade entre os homens, é acreditar que para que essa igualdade exista a sociedade e as comunidades de homens devem providenciar as necessidades básicas de decência, saúde, educação, emprego, para que todos possam viver com dignidade. Hoje como ontem o maior combate da esquerda é a luta contra as desigualdades sociais. Por mais que abruptamente se discuta os porquês de ser de esquerda ou de direita a minha convicção é que esta luta pelo direito global a uma vida digna ainda é uma razão válida para se afirmar, sem reservas – eu sou de esquerda. Mas, se calhar, o mais importante, numa época em que escritores laureados pretendem polemizar a democracia é acreditar que ser de esquerda é a convicção de que só em democracia podemos em sociedade encontrar uma base para a dignidade humana que todos, sem excepção, devíamos procurar. Depois a questão dos partidos, das grandes corporações, das multinacionais, do primado da economia, são tudo problemas para resolver mas a abordagem a estes problemas estará sempre dependente do ser de esquerda ou de direita. Só que tudo isto se torna irrelevante se não houver liberdade e democracia. Sem isso não existem esquerda ou direita, sem isso só há lugar à opressão. Abril faz trinta anos, como eu, hoje mais do que nunca importa lembrar as aspirações dessa criança de Abril, não deixemos que a castração adulta do sonho nos impeça de cumprir a liberdade, a democracia, a justiça social. Faça-se Abril.

P.S. Este post não é peta.