De Cristovão de Aguiar recebemos em forma de comment este soneto que, inevitavelmente, postamos com o devido agradecimento.
Na esquina do vento
Minha casa plantaste na esquina do vento
Onde as marés afinam suas melodias
Desde então te respiro e ganho meu sustento
Caiando de palavras o muro dos dias.
Entre o meu e o teu corpo um intervalo lento
Que a baixa-mar escolta bem de penedias
Redobra o meu querer-te quanto mais te invento
E só depois me vejo de órbitas vazias.
Velha pecha esta minha de mergulhar
Nos confins do teu nome para te procurar
E a mim também por rumos que eu já nem sabia.
À minha conta trouxe o mar dentro de mim
Vazei-o no meu búzio no dia em que vim
- ouço o marulhar não lhe cheiro a maresia.
Cristóvão de Aguiar
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