quarta-feira, abril 21
A Justiça
A mim toda esta embrulhada de escândalos que invadiu o Portugal pequenino entristece-me. Acima de tudo entristece-me, reajo a isto um pouco como se reage a uma imagem humilhante na televisão, aquela reacção visceral que nos leva a mudar de canal rapidamente para não ver, para fugir da desgraça alheia, para que esta não nos toque, não nos contagie. Olhasse para o país e apetece mudar de canal. Não é por desespero é por vergonha. Mas racionalmente aceito os mandos da justiça e espero ansiosamente que esta se cumpra. O papel fundamental do poder judicial num estado de direito é a dissuasão e esta só é possível se os cidadãos sentirem que a Justiça esta presente nas suas vidas, a todo o momento, que se cumpre com justeza, que é célere, isenta, omnipresente. Espero honestamente que se faça justiça. Mas já que fomos por este duro caminho que não se pare no sexo e no futebol, que a Justiça vá até ao fundo daquilo que o TóZé chamou de “ditadura da economia” e que eu interpreto como a promiscuidade absoluta que se vive entre o mundo empresarial e o mundo político. Promiscuidade essa que tem nas relações entre construtores civis e políticos o seu paradigma. O meu anseio é que a justiça chegue até aí e que se possa contrariar esse flagelo que ano após ano vai destruindo este país. E ainda, para piorar um pouco as coisas, deixo já dito que para mim, hoje, os órgãos de comunicação social são empresas.
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