quinta-feira, dezembro 18

Em dias como estes...

Em dias como estes, em que o útero é cartaz de propaganda, em que a vida tem mais dono que a própria pessoa, em que a liberdade é vitima da lei em vez da consciência, em que a morte é mercadoria, em que o humano se confunde com o número, em que o ditador se torna vitima, em que em nome da vitima o eleito se faz tirano, em que a criança perde a inocência, em que... em que...

Nestes dias prefiro a beleza fugaz de um sorriso ténue num rosto feminino...


Ou o desejo de eternidade das palavras de um poema....

Soneto de fidelidade


De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
Vinicius de Moraes

Nestes dias em que me olho no espelho do mundo e não me reconheço...

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