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Na escola Portuguesa do novo milénio ensinar é tarefa árdua e educar é praticamente impossível. A agravar esta tendência o Governo da República, logo replicado pelo Governo da Região, introduziu a desastrosa reforma do Sistema de Avaliação. Não bastavam já os inúmeros trabalhos a que está sujeito o corpo docente faltava ainda o ónus da "Avaliação"! Os Professores é que já avaliaram esta Ministra. A mesma que cedo revelou insuficientes conhecimentos sobre os rudimentos administrativos do Estado de Direito Português. Recordo, para os esquecidos, que em 2005, a propósito da derrota judicial que reprovou a requisição civil dos professores pela mão do Secretário Regional da Educação, que assim pretendia abafar mais uma das inúmeras greves do sector, a Ministra da Educação disse que a Sentença do Tribunal Administrativo de Ponta Delgada era um pronunciamento de um Tribunal que é dos Açores, pelo que, sendo doutro "sistema" não respeita à República Portuguesa. Se fosse aluna, porventura de Desenvolvimento Pessoal e Social, onde recorrentemente se abordam temas da cidadania, teria sido avaliada com um redondo chumbo. Não o sendo tem tido sucessivas passagens administrativas sem a avaliação de desempenho que quer impor às escolas. Não me espanta que assim seja neste lodaçal em que se transformou Portugal capitaneado por um primeiro-ministro cuja própria licenciatura é objecto de nebulosas polémicas. Na escola da inclusão é este o superior exemplo de facilitismo, incompetência e errância que os próprios Professores não aceitam.
Hoje, na agenda, está o modelo de "Avaliação", mas o problema é muito mais profundo do que a superfície das fichas de avaliação sugerem. Mas, mesmo no actual modelo de "Avaliação" não convence ninguém o argumento do Ministério de que simplificando o modelo das fichas de avaliação estaria sanado o motivo da crispação. Por um lado, os Professores estão já treinados quanto baste no exercício de inúmeras tarefas administrativas com preenchimento de um extenso rol de formulários e na lavra de várias actas referentes a repetidas reuniões com que lhes ocupam parte do seu tempo. Logo, o cerne da disputa não está em mais um mimo burocrático. Por outro lado, o problema da "Avaliação" é muito mais visceral do que se pretende e toca nos fundamentos da equidade entre a classe profissional em causa.Efectivamente, o pacote completo inclui aulas assistidas e observadas, a inclusão dos rankings e até dos parâmetros de abandono escolar como padrões de avaliação, a possibilidade de os professores serem avaliados inter-pares por colegas fora da sua área disciplinar e até mesmo com menos tempo de serviço, um sistema de "castas" com professores de primeira e de segunda classe com a introdução na carreira docente da figura do abominável "professor titular"(no caso do Continente)...ao que tudo o mais acrescentamos um largo etc.
Mas, como se disse, a batalha por uma "Avaliação" justa é apenas uma frente na luta por uma melhor Educação. Esta não pode também recuar na intransigência de uma profunda revisão do Estatuto da Carreira Docente e na adopção de medidas efectivas de disciplina e segurança na Escola. Ao arrepio destas preocupações o Governo demite-se de impor um modelo de Escola onde seja possível ensinar e aprender sem o risco, por exemplo, de se ser agredido por alunos que, por via do modelo inclusivo, permanecem integrados mesmo quando a mais básica avaliação recomendaria para os mesmos o exemplar castigo de os colocar fora de jogo. Contudo, prefere este Governo castigar os Professores. Só espero que estes retribuam o castigo nas eleições deste ano avaliando negativamente este modelo de desempenho.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
Na escola Portuguesa do novo milénio ensinar é tarefa árdua e educar é praticamente impossível. A agravar esta tendência o Governo da República, logo replicado pelo Governo da Região, introduziu a desastrosa reforma do Sistema de Avaliação. Não bastavam já os inúmeros trabalhos a que está sujeito o corpo docente faltava ainda o ónus da "Avaliação"! Os Professores é que já avaliaram esta Ministra. A mesma que cedo revelou insuficientes conhecimentos sobre os rudimentos administrativos do Estado de Direito Português. Recordo, para os esquecidos, que em 2005, a propósito da derrota judicial que reprovou a requisição civil dos professores pela mão do Secretário Regional da Educação, que assim pretendia abafar mais uma das inúmeras greves do sector, a Ministra da Educação disse que a Sentença do Tribunal Administrativo de Ponta Delgada era um pronunciamento de um Tribunal que é dos Açores, pelo que, sendo doutro "sistema" não respeita à República Portuguesa. Se fosse aluna, porventura de Desenvolvimento Pessoal e Social, onde recorrentemente se abordam temas da cidadania, teria sido avaliada com um redondo chumbo. Não o sendo tem tido sucessivas passagens administrativas sem a avaliação de desempenho que quer impor às escolas. Não me espanta que assim seja neste lodaçal em que se transformou Portugal capitaneado por um primeiro-ministro cuja própria licenciatura é objecto de nebulosas polémicas. Na escola da inclusão é este o superior exemplo de facilitismo, incompetência e errância que os próprios Professores não aceitam.
Hoje, na agenda, está o modelo de "Avaliação", mas o problema é muito mais profundo do que a superfície das fichas de avaliação sugerem. Mas, mesmo no actual modelo de "Avaliação" não convence ninguém o argumento do Ministério de que simplificando o modelo das fichas de avaliação estaria sanado o motivo da crispação. Por um lado, os Professores estão já treinados quanto baste no exercício de inúmeras tarefas administrativas com preenchimento de um extenso rol de formulários e na lavra de várias actas referentes a repetidas reuniões com que lhes ocupam parte do seu tempo. Logo, o cerne da disputa não está em mais um mimo burocrático. Por outro lado, o problema da "Avaliação" é muito mais visceral do que se pretende e toca nos fundamentos da equidade entre a classe profissional em causa.Efectivamente, o pacote completo inclui aulas assistidas e observadas, a inclusão dos rankings e até dos parâmetros de abandono escolar como padrões de avaliação, a possibilidade de os professores serem avaliados inter-pares por colegas fora da sua área disciplinar e até mesmo com menos tempo de serviço, um sistema de "castas" com professores de primeira e de segunda classe com a introdução na carreira docente da figura do abominável "professor titular"(no caso do Continente)...ao que tudo o mais acrescentamos um largo etc.
Mas, como se disse, a batalha por uma "Avaliação" justa é apenas uma frente na luta por uma melhor Educação. Esta não pode também recuar na intransigência de uma profunda revisão do Estatuto da Carreira Docente e na adopção de medidas efectivas de disciplina e segurança na Escola. Ao arrepio destas preocupações o Governo demite-se de impor um modelo de Escola onde seja possível ensinar e aprender sem o risco, por exemplo, de se ser agredido por alunos que, por via do modelo inclusivo, permanecem integrados mesmo quando a mais básica avaliação recomendaria para os mesmos o exemplar castigo de os colocar fora de jogo. Contudo, prefere este Governo castigar os Professores. Só espero que estes retribuam o castigo nas eleições deste ano avaliando negativamente este modelo de desempenho.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
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