quarta-feira, abril 30

Carlos Paz Ferreira



Despertei hoje com a notícia da sua morte. Inesperada, como qualquer morte, apesar de prometida por uma doença implacável que teima em levar os melhores. O Carlos Paz Ferreira era um dos nossos melhores. Perdeu hoje a derradeira batalha mas ficará para sempre na nossa memória. Médico emérito podia ter feito carreira nos Hospitais da Universidade de Coimbra mas optou por viver e trabalhar na sua terra. Exerceu a sua profissão como se fosse um sacerdócio e, num tempo pontuado por mercenários, nunca se desviou do juramento de Hipócrates. Com denodo foi um Psiquiatra cuja personalidade ponderada e espírito científico sempre procurou elevar esta especialidade da Medicina. Foi um Açoriano de alma e coração, sempre disposto a dignificar e a servir a sua terra. Mais do que tudo isso quem teve o privilégio da sua amizade sabe quanto significa a sua perda. Em Coimbra, onde iniciou a sua actividade profissional, fez da sua casa de família o recolhimento de muitos amigos e de incontáveis Açorianos que iniciavam os seus "verdes anos" na hostilidade da vida Universitária. Deu-lhes sempre uma palavra amiga, um estímulo para não desistirem e, para muitos, uma referência paternal ou a compreensiva cumplicidade de um irmão mais velho. Comigo foi assim. Devo-lhe em parte quem sou. O Carlos Paz Ferreira foi além de tudo isso um exemplar pai de família. Tem pois assegurada a sua "imortalidade" naqueles a quem deu tanta vida e tanto amou. Até sempre.

segunda-feira, abril 28

Desencontros

Barata lá fora. Portas cá dentro.

A Térmita

Ponta Delgada. Rua do Pedro Homem. Fotos: Set/Out 2007. Numa das artérias do centro histórico, da maior cidade dos Açores, parte significativa das residências que a constituem encontram-se num estado de profundo abandono ou em deplorável estado de conservação. O problema é antigo, de solução complexa, morosa e sobretudo onerosa. No final do ano passado a CMPD apresentou o programa REVIVA que mais não é do uma tentativa de recuperar parte da confiança perdida no centro histórico de Ponta Delgada, por parte de comerciantes e proprietários. Uma medida salutar que peca, talvez, por tardia. Mas, e apesar disso, serão necessários outras medidas, que não apenas a redução ou isenção de taxas, para defender um centro desertificado, agonizante e à mercê da especulação. A recuperação dos centros históricos evocam a memória histórica e cultural, evitam a deslocalização de populações e, eventualmente, reduzem os riscos de vandalismo e de degradação (física e social) a que assistimos. A participação cívica é fundamental. Estará o munícipe de Ponta Delgada preocupado com o bem-estar da sua cidade?!

sábado, abril 26

sexta-feira, abril 25

Alta Fidelidade



Na playlist do lounge familiar em dia de feriado nacional: Mamapapa em repeat - um hino aos valores de Abril nos denominados anos zero.

quarta-feira, abril 23

Dependentes

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Passou sem antologia o XIII Congresso Regional do PS/Açores. Aziaga edição esta da reunião magna do PS na qual velhos e novos Socialistas ficaram politicamente reféns de Carlos César. A imagem que perpassou, urbi et orbi, é de que o PS é neste momento Carlos César. Um líder a 100 % sem sucessores ou dissidentes. Estes, a existirem, estariam porventura bem acantonados entre os ditos "independentes". Estes, por sua vez, mais não são do que um terceiro género da política ou, recorrentemente, uma espécie de híbridos com potencialidades mutantes e camaleónicas. Não causa pois espanto que aqueles Socialistas que possuem certificado de autenticidade anterior a 1996 olhem de soslaio para esta porta aberta aos "independentes" que cada vez mais absorvem o PS. Mas, a estratégia não é nova e cada vez mais o PS pretende absorver a sociedade Açoriana. Desde o aliciamento de apóstatas de outros Partidos até ao beija-mão beatífico junto do rebanho da Diocese de Angra, o PS/Açores ambiciona uma sociedade una e indivisível com o PS institucionalizado como partido do poder. Este "deixai vir a mim os independentes" inclui uma ânsia de hegemonia da sociedade civil que, afinal de contas, vai carecendo de oxigénio para viver sem respiração assistida. Contudo, o exército de "independentes" assistidos é cada vez maior, e os exemplos de convertidos à causa do PS sucedem-se até ao cúmulo de incluírem adversários que, no passado, estavam no outro lado da trincheira com o uniforme do PSD. Não faltam "independentes" na política Açoriana; falta é cada vez mais gente com espinha na nossa sociedade. Consequentemente, embora minoritárias, algumas vozes Socialistas de antanho vaticinam a perda da identidade e alma deste PS. Porta-voz desse descontentamento o notável Dionísio de Sousa sentenciou publicamente que "os independentes e os militantes de última hora procuram o poder e servem-se do PS/A que é hoje terra de ninguém." Também no Congresso, e com a galantearia que a ocasião permitia, houve espaço para cautelosos alertas para a intrusão de "independentes" e simpatizantes na coutada que, por direito, deveria ser apenas dos militantes. Apesar deste XIII Congresso do PS não ter sido galvanizante para as alternativas a Carlos César fica sugerida a dúvida de saber se as divergências de pormenor e de circunstância, quanto a independentes e outros adornos de ocasião, não são já o ensaio de futuras candidaturas. Será que quem lhe deu a voz serviu de arauto ou de peão às facções pretendentes à sucessão de César? O tempo dirá! Mas a promessa de um PS transversal e omnipresente na sociedade Açoriana manter-se-á. Nalguns casos essa presença vigilante será até reforçada, como será o caso do ensaiado Observatório da Cooperação entre a Administração Regional e Local nos Açores, sempre com os "independentes" como pontas de lança prontos a servir Carlos César...até que venha a este reino Socialista um outro Senhor do qual ficarão dependentes os especímenes do costume.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com

Ler por aí

A (re)Ler.

terça-feira, abril 22

O Congresso

Uma novela em três actos.



Entre amigos, comentamos este fim-de-semana, em tom de brincadeira, que a única maneira de tornar o Congresso do PS num tema digno de noticiário seria Cesar declarar a independência. Perdido entre a demissão de Luís Filipe Menezes e a visita presidencial à Madeira o XIII Congresso do PS Açores acabou, de facto, refém das cambalhotas social-democratas, principalmente as de Alberto João. Desde o pobre discurso de António Costa na sessão de abertura, até ao previsível discurso de Sócrates no encerramento, passando por um ou outro discurso de um ou outro militante, a Madeira acabou por ser, infelizmente, um tema recorrente ao longo dos três dias. E digo infelizmente porque havia muito mais para debater do que as dicotomias entre a autonomia de Jardim e a autonomia de Cesar. Só a título de exemplo, valia mais a pena discutir a estratégia eleitoral do Partido para Outubro; as propostas de Governo para os Açores; a importância comparada entre militantes e independentes; o futuro de Carlos Cesar e dos sucessores de Cesar; entre tantos outros assuntos. Não que não se tenha falado destes temas, na verdade falou-se, se bem que não de todos. Nem uma única vez Carlos Cesar se referiu ao seu último mandato e, em consonância, nem um único dos putativos sucessores se levantou.

Mas vamos por partes. Primeiro que tudo uma nota para a extrema eficácia e profissionalismo deste Congresso. Tecnicamente a mise en scéne estava perfeita e o programa foi estruturado por forma a que tudo se encadeasse sem sobressalto até aos hinos da praxe final. Quanto ao conteúdo a nota dominante foi governar os Açores por mais quatro anos, pelo menos. Cesar lançou o repto e o partido, desde os mais destacados dirigentes até às bases, interiorizou a importância de um Congresso pré-eleitoral e todos desempenharam o papel de um partido determinado em seguir em frente para a conquista de uma nova maioria. Mesmo a questão da tão propalada abertura do partido aos independentes foi tratada de forma mais ou menos subliminar tanto pelos a favor, como pelos contra. A este propósito vale a pena dizer o seguinte. Na minha opinião a questão da abertura do partido não é um assunto menor. É perfeitamente compreensível a posição de Carlos Cesar a este respeito, que utiliza a estratégia da abertura aos independentes como forma de conquistar uma sociedade açoriana historicamente conservadora e apartidária, ou até mesmo pouco democrática. Mas o problema está em que num tempo em que tanto é dito sobre a crise dos partidos e da militância esta estratégia apenas reforça os inúmeros clichés negativos que constantemente castigam quem está nos partidos. As declarações de Dionísio Sousa e de João San Bento podem ser excessivas, tanto na generalização como nas considerações que fazem sobre os independentes, mas a realidade é que quem faz viver os partidos são os seus militantes e a democracia é feita, e deve ser feita, se bem que não apenas, mas primeiramente, pelos partidos. A Cesar faltou um necessário e merecido discurso interno que apaziguasse e enaltecesse o papel digno e imprescindível dos militantes do seu partido em diversas áreas da sociedade e do processo político, desde o simples candidato a membro de uma assembleia de freguesia, até ao mais destacado vice-presidente e membro do secretariado regional, passando pelos inúmeros secretários coordenadores das secções. São estas pessoas que todos os dias dão a sua cara, o seu nome e muito das suas vidas, pela sobrevivência do partido e pela sustentabilidade da democracia. Tanto no PS como em todos os outros partidos.

Um segundo assunto candente, mas que não chegou ao púlpito e apenas se fez ouvir em burburinho pelos corredores, foi a sucessão de Cesar, com data ainda incerta, mas já com alguns potenciais candidatos. Desde os desejados, como Vasco Cordeiro. Aos que se impõem, como Sérgio Ávila. Passando pelos que aguardam, como José Contente, e os que espreitam como Ricardo Rodrigues. Pelos foyer e salas do Teatro Micaelense muito se falou sobre este assunto e se ninguém tem certezas sobre o que por aí virá uma das palavras que mais se repetiu sobre o assunto foi "sangue". Tudo ainda está indefinido e o único que guarda todos os ases é o próprio Carlos Cesar. Por agora, todas as peças do xadrez permanecem impávidas. E por isso mesmo o Congresso foi um estrondoso sucesso para Carlos Cesar. Tudo se centrou na imagem que foi projectada para fora. Inclusive a participação do Primeiro-ministro que trouxe os bolsos cheios de elogios e pouco mais. A designação estudada de "autonomia responsável" aliada ao slogan de "uma nova ambição para os Açores" enquadram o rumo dos próximos meses na senda das eleições e, no fundo, é aí que tudo se vai jogar: nas listas para o parlamento regional, na composição do próximo governo e no frenético imaginar de jogadas nos meses que se seguirão até às eleições europeias, legislativas e autárquicas, e tudo o que se vai planear até lá. Assim se fez um Congresso feito para ganhar eleições. Quem quiser utopias que procure noutro lado.

sábado, abril 19

um dia inteiro de discursos

Cesar, o líder, surge hoje como o único político açoriano com a capacidade real de conquistar os Açores. Obliterada que está a oposição, Carlos Cesar controla em absoluto o PS. E com toda a justiça. Podemos gostar ou não da forma, ou do conteúdo, até talvez do estilo de Carlos César, mas a verdade é que ele é hoje o mais sagaz dos políticos açorianos. A estratégia eleitoral, da qual a moção apresentada a este congresso é um valioso indicador, passa essencialmente por instituir a ideia de que o PS é uno com a sociedade açoriana e vice-versa. Uma espécie de hegemonia que não se pretende de partido único, ao estilo madeirense, em que o Partido se impõe aos cidadãos, mas ao invés uma cedência do Partido à sociedade, ou como César lhe chamou – um contrato – por forma a que o partido seja acima de tudo Açores e só depois socialista. Verdade seja dita que Carlos César fez hoje um dos melhores discursos políticos dos últimos anos, exaltando os ideais autonomistas e forçando o seu Partido a interiorizar um compromisso eleitoral e governativo que ultrapassa os limites da consciência ideológica e se consubstancia na perenidade da sua acção governativa. A questão da abertura à sociedade e do namoro aos independentes não é mais do que uma forma de abafar o único estandarte eleitoral da oposição. Chamando a si o conjunto da sociedade César destrói o argumento falacioso da falta de “oxigénio” na região. Esse foi, no entanto, o único momento de vaga contestação neste congresso. De uma forma mais ou menos veemente, alguns militantes questionaram essa abertura, principalmente pelo que ela pode significar de menorização da verdadeira militância e, numa altura em que a actividade partidária é vista de uma forma tão desfavorável, essa não é uma preocupação despicienda. No resto este segundo dia viu confirmado, e ainda bem, o imenso potencial deste PS, com algumas importantes intervenções de um grupo alargado de quadros, que se bem que alinhando em absoluto com a moção de Carlos César, deixaram a indicação que o Partido estando com Carlos César enquanto este assim o quiser, terá no futuro formas de se renovar. Mas o objectivo agora são as eleições, as listas, os resultados, a formação do Governo. Depois se verá, fica-me no entanto a sensação de que as surpresas entretanto serão tantas que o depois será imprevisível. Amanhã, José Sócrates.

sexta-feira, abril 18

PS Açores

Começou hoje, no Teatro Micaelense, o XIII congresso do PS-Açores. Escassos meses antes das eleições legislativas regionais este congresso é mais um ritual de aclamação do líder e uma arregimentação mais ou menos tácita de vontades para a conquista de uma nova maioria, que se quer igual ou maior do que a anterior, do que um verdadeiro momento de afirmação da vitalidade de um partido. Qualquer sombra de debate será uma miragem. Como militante e delegado interessa-me, sobretudo, observar o jogo de cumplicidades e os movimentos de bastidores. Como blogger lamento que o meu PS não tenha percebido a importância desta plataforma para o debate político e não tenha seguido o bom exemplo do PSD em convidar bloggers para assistir ao congresso. Aparentemente a abertura à sociedade civil e aos independentes não abrange a blogoesfera. Do primeiro dia fica o muito fraco discurso de António Costa e a "despedida" de Paulo Casaca. Amanhã há mais.

quinta-feira, abril 17

...it's a birth...



Homenagem ao "camarada" Alexandre.

Incontinências

E porque hoje é dia (assim o espero!) de múltiplas celebrações deixo aqui uma informação de interesse público_
Linha de apoio ao benfiquista: 800 53 53 53
Até já.

Miragens

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Na recente operação de charme efectuada pelo Governo da Região Autónoma dos Açores à República de Cabo Verde foi perceptível que a ponte entre ambos os arquipélagos será feita a expensas da cooperação. Num discurso de lucidez e bom senso o Presidente da República de Cabo Verde sublinhou que o sucesso da cooperação passaria incontornavelmente por uma política de transportes favorável ao investimento. Contudo, subliminarmente, ficou a sugestão de que o que se pedia eram bilhetes low cost com destino específico para Cabo Verde, e ainda tarifas privilegiadas para as empresas Açorianas que pretendam investir naquele arquipélago. Ficou assim no ar a sugestão de que a rota Açores/Cabo Verde será rentável e assaz procurada por turistas locais e pelos empresários Açorianos. Com tal entusiasmo, e com a rede de uma economia centralizada, não causa espanto que a companhia aérea do regime se apreste a absorver parte do capital social da congénere de Transportes Aéreos de Cabo Verde. De futuro teremos uma nova valência aérea e a SATA, como companhia inter-regional, voando para destinos tão apetecíveis como Cabo Verde. Claro está que o esforço desse meritório investimento não será feito à conta das entidades de Cabo Verde, mas sim dos poderes instituídos na Região Autónoma dos Açores. Em última instância quem vai pagar a factura serão os Açorianos. Com efeito, apesar desta diversificação de oferta para o exterior, - e a favor do exterior - , o certo é que os Açorianos estão condenados a viajar na SATA, ou na TAP, sem que se vislumbre para quando um mercado concorrencial. Com este proteccionismo de Estado, e com um tarifário de luxo para um serviço mediano, os Açorianos continuarão a subsidiar as opções estratégicas da SATA para mercados como o de Cabo Verde. Esse fardo, pago à conta da rota que nos transporta daqui para Lisboa, permite ao monopólio instalado todo e qualquer protocolo de cooperação externa. Assim se justifica e compreende que o poder, e por consequência a SATA, continuem a dizer não à liberalização do espaço aéreo. Argumentam ambos que esta liberalização não beneficia os Açorianos no seu conjunto e que a liberalização só chegará quando entenderem ser "conveniente". Porém, o que a maioria dos Açorianos, particulares e empresários, ambicionam e reputam por "conveniente" é, com ou sem liberalização, tarifas aéreas mais baixas. Mas essa ambição não passa de uma "miragem" conforme literalmente sentenciou o Secretário Regional da Economia. Resta, em alternativa, esperar pelas promoções para Cabo Verde, e outros destinos similares, que se julga serem, pelo menos, mais generosas do que os prometidos "saldos" em 10 % dos lugares em cada rota. Veremos então se o destino Cabo Verde será ou não uma outra "miragem".
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicas digitais do jornaldiário.com



quarta-feira, abril 16

Alta Fidelidade

Emissão de hoje do AGENTE PROVOCADOR com Herberto Quaresma, Pedro Arruda e João Nuno Almeida e Sousa à conversa com Paulo Linhares Dias. Uma carreira ao serviço da Justiça, e outros espaços em redor... Hoje sou todo ouvinte.

Reporter X

Tempo de Antena *

Os dados lançados pelo relatório da Entidade Reguladora para a Comunicação Social constituem um importante instrumento de trabalho para a direcção da RTP-A, no que concerne à contínua melhoria na prestação do serviço público.

O denominado ênfase noticioso atribuído ao governo regional reflecte o enorme significado social que o Estado detém na sociedade portuguesa e aqui, em particular, na sociedade açoriana. Não obstante, na informação veiculada pela ERCS, causa estranheza não existir uma destrinça entre o tempo de antena atribuído ao Governo e o consignado ao partido que compõe o governo, o PS. Colocá-los no mesmo saco é um equívoco e poderá conduzir a uma leitura enviesada. Aliás, o mesmo acontece no expectro nacional. Não compreendo esta opção. Mesmo que perpasse a ideia de que ambos se “confundem”, uma iniciativa governamental não é uma iniciativa do partido da maioria ou que constitui o designado governo. É uma evidência.

As reacções que se seguiram à difusão destes resultados não se fizeram esperar. A que me causou relativa perplexidade, espectável, é certo, foi a do PSD que aferiu, desta análise, que quanto maior for o tempo de antena no canal regional esta exposição será capaz de induzir o sentido de voto dos açorianos. Um exercício de manipulação, pouco credível e quiçá um insulto à população dos Açores. Exigir maior equidade e rigor na cobertura noticiosa da RTP-A – estamos de acordo. Extrapolar estes resultados para um cenário eleitoral é um dislate e revelador do desnorte da ala social democrata. Os pequenos partidos pela sua dimensão e representação parlamentar ficam arrendados deste confronto e, esses sim, têm razões de queixa. A difusão da pluralidade partidária é fundamental para a maturidade democrática nos Açores. E, nem governo (PS, incluído!), nem o maior partido da oposição, estão em posição de reivindicar “imparcialidade”.

Relativamente a “equívocos”, Mário Mesquita afirma: «Podemos dizer que, em certos momentos, sob certas condições, os media dispõem de certas formas de poder. Importa ainda ressalvar que o poder do jornalismo e dos jornalistas constitui apenas uma parcela do poder mediático. E, de certa forma, a própria “percepção” – real ou ilusória – desse poder mediático já o institui enquanto tal, constituindo, uma espécie de “profecia auto-realizadora”. Ou seja, age-se de tal forma em função dos media que essa subordinação, por si própria, representa uma manifestação de poder» (O Quarto Equívoco – O Poder dos Media na Sociedade Contemporânea, ed. Minerva/2003).

O tão propalado Oxigénio, de que supostamente a sociedade açoriana necessita, não se reduz, nem pode ficar circunscrito a uma simples coluna de opinião semanal mas, sim, através de uma participação cívica activa por cada um de nós. Tudo o resto é tempo de antena. O seu direito está consagrado na lei.


* edição de 15/04/08 do AO
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terça-feira, abril 15

Arquipélago

Hoje foi apresentado o belíssimo projecto para o novo Centro de Arte Contemporânea dos Açores - Arquipélago. Um pólo, como aquele que se ambiciona, deve ser um espaço catalisador, agregador e fundamentalmente promotor/formador de públicos para a cultura. A categorização da localização como periférica é irrelevante. Estamos perante a construção de um novo centro. O edifício é per si uma obra de arte e, a sua recuperação, um importante contributo para o desenvolvimento da Cultura nas ilhas. Devemos regojizar-nos com esta concretização.

Uma pequena nota ao ruído que irrompeu durante a apresentação dos arquitectos Cristina Guedes e João Mendes Ribeiro - a gestão cultural (leia-se artística), deste importante equipamento, deverá estar circunscrita, preferencialmente, a um não-artista e não-local.

segunda-feira, abril 14

Pedro Paixão versus Pedro Paixão

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Pedro Paixão faz a corte a São Miguel e o affair poderá resultar num exílio futuro. Sim, porque viver todos os dias na metrópole...também cansa. Entretanto, de passagem, Pedro Paixão lê Pedro Paixão, amanhã pelas 18 horas e 30 minutos na sala de estar da Livraria Bertrand em Ponta Delgada. "A cidade depois" é seguramente um dos itinerários do planisfério pessoal do escritor. Depois não falta por onde divagar numa obra vasta e diversificada que remonta a "Noiva Judia". Nota : Indispensável para aficionados da literatura Portuguesa.

Ao lado da polémica

Estamos perante a primeira grande derrota política de Cavaco Silva neste seu primeiro mandato.
A perspicácia de Medeiros Ferreira.

República das Bananas

«O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Miguel Mendonça, considerou hoje que Alberto João Jardim não quis atingir a "honorabilidade e respeito" do Parlamento regional ao classificar os deputados madeirenses da oposição de "bando de loucos»
E se este episódio tivesse ocorrido nos Açores?! Cadê os devotos açoricos da causa Jardim?! Silêncios hipócritas. A ironia do Daniel.

Weekend Postcards

Por estes dias a minha caminhada tem sido outra. Um abraço.

domingo, abril 13

Publicidade institucional

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Peças de bijuteria-joalharia únicas e de autor.

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Serviço Público

Alertas como este são pequenos mas importantes contributos para a preservação do património histórico (natural ou edificado) que dificilmente subsistirá a estes tempos de - desenvolvimento desenfreado, não-sustentável e a denotar uma grosseira ausência de planeamento. Via 2010.

The Mist

There is something in the mist! ...

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Para os indefectíveis do género este The Mist é porventura um dos melhores filmes adaptados do universo retorcido de Stephen King. Verdadeiramente espantosa é a representação de Marcia Gay Harden na pele de uma fanática do apocalipse. Seguramente a personagem mais aterrorizante do filme.

sábado, abril 12

New Blogs on the Blogroll

Por aqui a Sinusite é Crónica.

Alta Fidelidade # mixtape



Rendi-me às evidências. Mais do que uma carinha laroca, loira por sinal, uma voz quente, com contorno intemporal e postura tenaz. Na sombra, sob o manto da produção, sobressai o nome de Bernard Buttler (ex-Suede) que explicará, em boa parte, o sucesso que se desenha para Duffy. Há mais em Rockferry do que Mercy. Em repeat.

sexta-feira, abril 11

Capas é com ele

Se Steven Holl trabalha livremente a linguagem arquitectónica referenciando o projecto no pensamento, arte e ciência, Bernardo Rodrigues conecta as suas propostas com as dimensões física e metafísica da arquitectura, absorvendo as linguagens do mundo. Partilhando uma abordagem simultaneamente fenomenológica e conceptual à arquitectura, ambos percebem que o projecto mais do que reproduzir um determinado campo referencial é um instrumento mediador para produção de experiência significante (...). Edição de Abril da Revista arq./a. Parabéns :ILHAS ao Bernardo.

quarta-feira, abril 9

Torquemadazitos

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Tomás de Torquemada ficou tristemente célebre pela fervorosa devoção à causa do seu patronato, os Reis Católicos de Espanha, e pela fanática e zelosa lealdade para com a causa do pensamento único. Nos idos do sec. XV a imposição de uma matriz única de consciência, individual e colectiva, fazia-se pela força da Inquisição. Quinhentos anos depois, no tempo que é também o nosso, não falta quem lhe siga literalmente o exemplo. Felizmente, a bem da nossa pele, no nosso habitat político, os novos Torquemadas apenas copiam os tiques e os maneirismos autocráticos do fundador dessa escola de torcionários. Mas, tal como o Torquemada original, descendente directo de cristãos-novos (regra geral judeus ou muçulmanos que renegaram o seu credo), os Torquemadazitos de hoje não raras vezes são convertidos de ocasião a uma causa que antes abjuraram! Hoje, seriam efectivamente capazes de queimar em auto de fé os panfletos outrora distribuídos, os cartazes colados noutros tempos e os manifestos propalados que, num passado recente, idolatravam como se incorporassem a verdade suprema. Hoje, eles aí estão, para servirem os novos senhores e pela via da ameaça darem luta sem quartel aos hereges que ousam dissentir, divergir, criticar, ou expressar opinião diversa daquela que o cânone do Poder determina. Uns dão a cara ; outros fazem-no sob o vil e cobardolas anonimato. Mas, mesmo sem uniforme ou batina, distintivo ou cor padrão visível, o facto é que eles existem e estão entre nós sempre prontos a servir a causa que lhes pagar melhor. Basta que alguém se atreva a blasfemar contra a vontade revelada pelo Poder e os Torquemadazitos de serviço, lestos e diligentes, contra atacam com o prenúncio de mil pragas, desde o descrédito pessoal ao estigma da qualidade de arguido, por via da providencial queixa-crime instrumental de um processozinho de intenções mais vasto. Nunca o fazem em nome próprio mas sempre em reverente defesa da honra alheia ! Habituemo-nos pois a conviver com esta resiliente espécie que sempre existiu nos velhos e nos novos regimes. Entre nós foi assim na autonomia fundadora de Mota Amaral, mas também na autonomia cooperativa de Carlos César. Mudam-se os "mordomos" de serviço mas o império de serviçais, que apenas "viram a casaca", é sempre o mesmo. A camada de verniz é que vai mudando de coloração.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiário.com

Ólhó meu andaaar

Agente Provocador

Emissão de 4ª feira do AGENTE PROVOCADOR com Herberto Quaresma, João Nuno Almeida e Sousa e Alexandre Pascoal que esta semana recebem na agência Isabel Barata e com ela viajam rumo a destinos imprevistos, eventualmente exóticos, seguramente provocantes... Para ouvir depois das 22h10 na Antena 1.

...Eu hoje deitei-me assim

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Putz...alguém se recorda deste hit de 1985 pela venerável Kate Bush ? Recordo-a a propósito da cover inclusa em Night Drive dos Chromatics disponível on line no myspace. . Interrogo-me também o que será feito de Kate Bush 20 anos depois deste video. É talvez preferível nem sequer imaginar.

terça-feira, abril 8

Alta Fidelidade # mixtape



# Mixtape Pretty Girl, Good Tune...the Video is Crap. Tempo de antena para Cat Power e este Lived in Bars cuja dedicatória, por razões que só o éter pode explicar, segue na integra para o Mr. V.

Autonomia q/b

«(...) Continua a prevalecer nas regiões autónomas, sem grandes diferenças entre elas e entre as diversas forças políticas regionais, o entendimento de que elas só têm direitos e nenhumas obrigações, de que a "solidariedade nacional" é de sentido único e de que, visto das ilhas, o país não custa dinheiro e que o continente terá de continuar a ser sempre uma cornucópia para as regiões autónomas, por mais ricas que elas se tornem. Há dias, um conhecido porta-voz separatista madeirense afirmava provocativamente que "quem quer ilhas paga-as". Antes que um número crescente de portugueses se comece a interrogar sobre se o elevado preço se justifica, é caso para lembrar que não há países grátis e que os seus custos comuns devem ser suportados por todos, a começar pelos que gozam, ou estão em vias de gozar, de riqueza acima da média nacional».
Vital Moreira hoje no Público

CineClube



Cassandra's Dream «(...) A verdade é que se não tivesse havido "Match Point" "O Sonho de Cassandra" seria apenas mais um Allen menor, para arrumar na prateleira ao lado de todos os outros com a marca de "visto" enquanto esperávamos por uma "recuperação" que talvez nunca chegasse. Um filme para o realizador e os seus espectadores cumprirem calendário. Mas houve "Match Point". E, depois dele, "O Sonho de Cassandra" é apenas um mau filme de Woody Allen» (Jorge Mourinha in CineCartaz). Para conferir esta semana no Solmar.

domingo, abril 6

:agenda

Duarte Amaral Netto
Fotografia 05/04 a 11/05/08 no Atelier EA+

Paula Mota
Pintura 03/04 a 10/05/08 no TM

quinta-feira, abril 3

Reporter X

Exercícios de estilo *

Numa semana apressada a favor do tempo e contra os prazos, recupero um tema com algumas semanas, mas sobre cuja modalidade tenho de alvitrar.

Após visita à Graciosa, Aníbal Pires, líder do PCP/Açores, reclamou mais apoios ao desporto e, na existência destes apoios, rapidez na sua atribuição e nas transferências do governo. Em concreto, disse o seguinte: “muitos clubes estão endividados devido à política desportiva do Governo Regional”, pois “muitos dos apoios chegam atrasados às contas dos clubes que, para garantirem a deslocação das suas equipas ao continente português, para evitarem ser penalizados desportivamente, recorrem ao crédito bancário”.

O cenário do desporto regional, e por desporto leia-se futebol, está completamente distorcido nos seus propósitos. Senão, vejamos: na maioria das equipas que militam nos campeonatos nacionais, para já não falar nos regionais, parte substancial dos jogadores são externos à(s) ilha(s), isto sem qualquer preconceito quanto à origem - é apenas um facto. O que me causa alguma perplexidade é que no cerne dos objectivos da política e da prática desportiva local está a formação e a difusão da prática desportiva nos jovens. Então porque que é que a maioria dos activos são externos? Uma resposta provável (já registada pelos media locais): os miúdos vão estudar para fora. A minha resposta: ainda bem.

Outra questão que me causa estranheza: os orçamentos destes clubes ou são completamente irrealistas, ou estão desajustados da realidade intrínseca onde nos inserimos ou, pura e simplesmente, não “existem”. Avance-se, pois “alguém” há-de pagar. E esse “alguém” é o governo. E, em ano eleitoral, todos fazem por apelar à “caridade” governamental. É um desporto pernicioso.

Acredito que o Desporto nos Açores, e não apenas o futebol, deve ser apoiado, mantido e dinamizado por critérios rigorosos, que não sejam só os da necessária “subida de divisão” a qualquer preço, com consequências mais ou menos previsíveis e danosas. Aos governantes e políticos em exercício não basta apenas exercitar, perante o partido e as colectividades, o habitual “exercício de estilo”. É necessário fazê-lo com sentido de responsabilidade. Daí que a exigência não tenha apenas o governo como parceiro, mas que seja fundamental exigir também aos líderes desportivos rigor e transparência. E convenhamos, isso, nos tempos recentes, é coisa que não existe no país desportivo.


* edição de 31/03/08 do AO
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quarta-feira, abril 2

Cidadão electrónico


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"o estudante fica para sempre penetrado desta grande ideia social: Que há duas classes – uma que sabe, outra que produz. A primeira, naturalmente, sendo o cérebro, governa; a segunda, sendo a mão, opera, e veste, calça, nutre e paga a primeira. Dois Mundos que se não podem confundir e que, vivendo à parte, com fins diferentes, caminham paralelamente na civilização, um com o título egrégio de Bacharel, outro com o nome emblemático de futrica. "Bacharéis" são os políticos, os oradores, os poetas e, por adopção tácita, os capitalistas, os banqueiros, os altos negociadores. "Futricas" são os carpinteiros, os trolhas, os cigarreiros, os alfaiates..." . Este minimalista retrato social de Portugal, feito pela pena de Eça de Queiroz, é tão actual como o seu "Conde de Abranhos" em cuja "fogueira" ardem os costumes da vida pública e as personagens-tipo da vida política. Certamente que este ataúde à beira mar, a que chamamos Portugal, já não é o que era no tempo de Eça. Com efeito muito mudou, por exemplo, a iluminação já não é a gás mas sim eléctrica! Na verdade, as mudanças são mais tecnológicas do que de atitudes e comportamentos. Porém, nalguns casos não houve evolução mas sim regressão. Hoje, quem nos desgoverna fá-lo muito melhor do que os "Bacharéis" queirosianos. Ademais, quem governa Portugal supõe, por ficção, um País na vanguarda do Séc. XXI quando, muitas vezes, a realidade se encarrega de demonstrar que a Pátria ainda tem sinais do Séc. XIX. Mesmo no domínio da tecnologia não poderá o governo ficcionar que a mesma aí está para tudo e todos. Contudo, continua a imaginar-se um País de topo, capaz de irmanar com os parâmetros que a OCDE descobriu na Noruega, da qual, infelizmente, apenas importamos o bacalhau e não o modelo de desenvolvimento. Sintomático desse País das maravilhas que não existe é a sanha de implementação de um e-governo. Mas aí está a digitalização da vida pública e administrativa dos Portugueses, que não é sempre compatível com o país real. Sem olhar para o Portugal que fica fora do cerco do Terreiro do Paço, a República prossegue com fúria o desgoverno do SIMPLEX, a desmaterialização dos processos, os concursos públicos para a contratação de bens e serviços com leilões electrónicos, a entrega de requerimentos em suporte com assinatura digital, tudo isto, e muito mais, em nome da sacrossanta tecnologia, como se cada um de nós fosse um webmaster a caminho de sermos cidadãos electrónicos. A bem de quem governa como é óbvio.
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João Nuno Almeida e Sousa nas crónicas digitais do JornalDiario.com


Agente Provocador

João Nuno Almeida e Sousa, Alexandre Pascoal e Herberto Quaresma provocam Pedro Garcez e colocam sob escuta as várias facetas do arquitecto e do esteta. Hoje pelas 22h00 na Antena 1 - Açores.

Deixem-se de tretas.

Portugal está a tornar-se num imenso Entroncamento carregado de fenómenos. O mais recente é a febre reguladora. Desde a ASAE e as suas bolas-de-berlim, à Autoridade da Concorrência e os preços, até Direcção Geral de Saúde e os cigarros. Passando, finalmente, pela ERC e o pluralismo político-partidário (curioso palavrão…). Foi anunciado ontem um relatório da Entidade Reguladora para a Comunicação Social que acusa os noticiários da Televisão pública de falta de pluralismo porque sobre-representam o Governo e o partido do Governo e sub-representam as várias oposições. Em Portugal perdemos tempo com isto. Como criancinhas em torno de um pacote de bolachas, andamos a batalhar sobre quem é que tem mais segundos de prime time, se a inauguração de uma rotunda na Lombinha do Rego com a presença de S. Exa. o Presidente do Governo, se a visita do líder da oposição à Lavoura do mestre Ermelindo Charrua que ainda não recebeu o "subside" da "Ouropa", ou ainda a conferência de imprensa do Presidente do Partido dos Moradores da Rua de Baixo dos Fenais que reclama celeridade na conclusão das obras na sua rua. Se não fosse triste era ridículo. A política em Portugal é feita hoje destas birras. É a ditadura mediática no seu esplendor. Era substancialmente mais importante que a ERC, em lugar de nos fustigar com a extraordinária informação de que dos 20% de noticias do Telejornal dedicadas a temas político-partidarios, 60% são sobre a maioria, nos dissesse quanto do Telejornal é desporto, quanto é cultura, quanto é ciência ou quanto não é ambiente. Como cidadão e espectador interessa-me mais a natureza e a qualidade das noticias, do que a esquizofrenia mediática dos directórios partidários. Os noticiários, as televisões em geral, estão pejados de politiquice mesquinha, de tricas partidárias e de políticos ignóbeis, esse é que é o verdadeiro problema. Ainda ontem os noticiários davam tempo de antena ao líder nacional do maior partido da oposição e ao seu líder parlamentar, que nos montados e prados alentejanos se entretinham a lançar atoardas e juízos de carácter a um ministro, num gesto político ao melhor nível da escola Portas/Durão anos 2002/2004. Se é para isso que querem mais pluralismo então estamos conversados. Os intelectuais da ERC deviam gastar o seu tempo a analisar a origem das noticias, a relação dúbia entre editores e jornalistas com políticos e assessores, a subordinação das redacções aos comunicados dos Gacs e outros gabinetes de imprensa similares, a promiscuidade entre comunicação social e empresas de comunicação. Vamos falar de coisas sérias e deixarmo-nos de brincadeiras.

P.S. na sua crónica de hoje no AO o meu amigo Pedro Gomes, na esteira do seu oxigenado lider Carlos Costa Neves, cavalga este tema, mas comete a desonestidade intelectual de transformar três meses de análise num ano todo de programação. Curioso truque de magia.

Alta Fidelidade # mixtape



O novo disco de Lizz Wright "The Orchard" é pleno de gospel, jazz e soul. A voz é comparável a Me’Shell NdegéOcello e Jill Scott. É, para já, um dos favoritos do ambiente de trabalho. Joyful.

terça-feira, abril 1

Aviso à navegação

A inspiração em formato CoNtRa oPiNiÃo.

...Eu hoje deitei-me assim

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Durante largos anos ouvi parcialmente este "Inspiration Information" numa cassete que perdi o rasto na voragem da tecnologia digital. Hoje, recebo a encomenda da reedição em CD desta obra-prima de 1974, reeditada em 2007, pela editora Luaka Bop do Mr. David Byrne. Esta pérola intemporal de Shuggie Otis foi de tal modo fora de tempo que durante largos anos foi um segredo bem guardado e uma raridade felizmente, entretanto, democratizada pela era do CD. Otis fez praticamente tudo sozinho neste seu derradeiro álbum, o que não espanta sabendo-se dos seus múltiplos talentos como guitarrista, songwriter, vocalista, poli-instrumentalista e pioneiro da introdução da electrónica das caixas de ritmos na música contemporânea. Numa palavra: Genial. Quanto ao rótulo, que sempre se requer quando se trata de tipificar um artista, é já uma tarefa difícil de efectuar. Seja como for é música super cool e de primeiríssima qualidade. Num CD que se ouve com prazer da primeira à última faixa é também difícil eleger um tema que se destaque dos demais. Numa escolha pessoal fica o original de "Strawberry Letter 23" que na cover dos The Brothers Johnson´s vendeu mais de um milhão de cópias, entrou para o imaginário cinéfilo pela mão de Tarantino em "Jackie Brown" (qual Godard qual quê!) e faz parte da banda sonora da melhor série dos anos zero: Six Feet Under. Por favor ouçam-no até à náusea!