O Lixo que Nós somos *
Ritual que tento manter sempre que posso é de meter pés à estrada e percorrer os inúmeros trilhos pedestres (oficiais e não oficiais) que existem em São Miguel.
No último domingo o dia estava propício à prática pelo que 2 telefonemas foram suficientes para compor a "organização", definir um ponto de encontro e subsequente percurso a explorar.
Uma das imensas vantagens de habitar esta ilha é a coexistência com uma multiplicidade de recantos e de espaços potencialmente luxuriantes ao alcance de alguns breves minutos automobilizados. O destino traçou que fosse próximo do campo de golfe da Batalha o passeio desse dia.
Os trilhos pedestres passam, algumas das vezes, nos denominados "caminhos de penetração", utilizados pelas explorações agrícolas, sendo que muitos já se encontram alcatroados. O que torna permissível a que "automóveis" possam atingir zonas da ilha que anteriormente eram completamente inacessíveis. Se por um lado essas melhorias são benéficas à prática agrícola por outro tornam mais fácil o acesso a zonas inóspitas da nossa paisagem, facilitando a acção de quem queira "prevaricar" pelo abandono, de forma selvática, ao lixo da abundância contemporânea. Pude, malogradamente, assistir no decorrer pelo interior da ilha e nos sítios mais improváveis ao confronto entre o melhor da mãe-natureza e o pior da natureza humana.
Esta ilha não me deixa de surpreender pelas piores razões. Se em muitas áreas temos tido capacidade de desenvolver medidas revolucionárias, inclusive, ao nível europeu, em situações fulcrais continuamos a revelar comportamentos primários a resvalar a barbárie. O Ambiente que nos rodeia é finito como tem vindo a ser amplamente discutido. A realidade destas ilhas torna esse carácter finito ainda mais restritivo. Maior vigilância, mais limpeza ambiental, mais medidas preventivas e educacionais pró-ambiente têm de ser continuamente implementadas até que o status quo vigente seja verdadeiramente banido.
Sinal + A introdução pela Câmara Municipal do Nordeste, na semana que passou, de um modelo de recolha selectiva de lixo porta a porta, tendo distribuído por todas as habitações caixas de recolha adequadas. Será por intermédio destas medidas e de um contínuo trabalho de sensibilização e de co-responsabilização que o estado do Ambiente nos Açores poderá ser continuamente melhorado, de modo a que a promoção interna e externa em torno do Turismo (e da nossa qualidade de vida!) seja profícua e condizente com a oferta. Acabe-se de vez com o Lixo que há em cada um (e no meio) de Nós!
* publicado na edição de 06/03/07 do AO
** Email Reporter X
*** Foto X via Fôguetabraze
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