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A «cartoonização» do profeta Maomé, e a consequente fúria dos filhos de Allah, pôs a nu uma Europa fragilizada e de cócoras perante a circundante ameaça do Islão. Este há muito que iniciou uma jihad contra o Ocidente, numa reedição das Cruzadas, agora em sentido contrário. O ano zero dessa «guerra santa» ocorreu, como se sabe, a 11 de Setembro de 2001 com o vil assalto ao World Trade Center. Cedo o espírito pragmático dos Americanos permitiu-lhes perceber que aquele ataque era uma declaração de guerra ao Ocidente.
Nós por cá, na velha Europa, continuamos a dormir com o inimigo. Este é uma vasta mole humana, geralmente enturbantada e insalubre, designadamente, nas mentalidades e nos costumes, que agora a propósito de uns «cartoons», por sinal de mau gosto, promete lançar sobre nós a fúria purificadora do seu iracundo Deus. Em uníssono a «rua árabe» clama por vingança, parecendo estar bem informada sobre os conteúdos editoriais de um obscuro jornal Dinamarquês, apesar de as taxas de analfabetismo no mundo árabe rondarem os 60 % ! Unidos prometem vingança em mais uma batalha da guerra que iniciaram pela conquista da nossa alma e do nosso estilo de vida.
Por coincidência a engenharia destes motins tem presente o agendamento do Conselho de Segurança das Nações Unidas, brevemente sob a presidência da Dinamarca, que tem a espinhosa tarefa de condenar o programa nuclear iraniano. Esta censura esbarra nas hordas ululantes que até já têm os seus aliados entre nós. Por exemplo, quem não se recorda da recente performance televisiva do Eng.º Angêlo Correia, que bem poderia ter substituído o fato e gravata pelo balandrau dos seus aliados, advogando com displicência a posse do nuclear pelo Irão.
São estas e outras «cigarras de luxo» que também fazem tábua rasa da secular liberdade Ocidental, prostrando-a no altar do Islão, envergonhando-nos com desculpas enviesadas pela publicação satírica dos «cartoons» de Maomé. Esqueceram essas «cigarras de luxo» que a irreverência, a ironia, e o humor são valores patrimoniais inscritos nos nossos costumes e na nossa cultura? Esqueceram que esta sempre recomendou que «em Roma faz-te romano», e que esse ditame também deveria ser válido para os nossos hóspedes? Acredito que esta estirpe não só não se esqueceu da sua herança cultural como ainda faz um uso selectivo, utilitarista e oportunista da mesma. Neste infeliz episódio dos «cartoons» Dinamarqueses não hesitam em fazer mea culpa pela insensibilidade da nossa cultura perante os costumes de outra «civilização». Contudo, a mesma ninhada de «cigarras de luxo» da nossa intelectualidade, hoje, tão lesta a ponderar limites à liberdade de expressão, não hesitava, ontem, em arvorar a sua indignação perante a barbárie...desde que esta não seja uma ameaça concreta. Exemplificando: de facto, fica bem e não causa mossa, a indignação panfletária e telegénica que se agitou entre nós pela prisão do «cineasta» Ivo Ferreira que por ter, em privado, fumado um «charro», ao que parece traficado por um amigo palestiniano, arriscou cumprir 5 anos de prisão no Dubai. Porém, quando essa mesma «cultura» aos magotes clama vingança em nome do profeta, constituindo uma ameaça concreta à nossa liberdade, a Europa treme e encolhe-se de medo, como se encolheu aquando da imolação de Theo Van Gogh.
Ainda assim alguns papalvos de falinhas mansas insistem em pregar o seu evangelho da tolerância e da integração, não dando conta que, do outro lado da trincheira, a intolerância deles recusa a integração. Acaso fossem pregar essa cartilha da transigência e negociação, tão repulsivamente defendida por Mário Soares em relação a Osama Bin Laden, por exemplo, em Abu Dhabi, por certo acabariam em posta num varapau ao estilo de uma vulgar espetada ou, com sorte, seriam atirados para os calabouços dos blasfemos, de cuja sorte escapou o nosso valoroso «cineasta» Ivo Ferreira detido nos Emirados Árabes Unidos.
Em suma: ao invés daqueles que estão escravizados pelo Islão, saibamos nós, enquanto homens livres, honrar e glorificar a nossa liberdade de expressão. Esta, entre nós, tem por limite a lei dos homens na qual a tutela de bens jurídicos é feita pelo Direito. Eles, os filhos de Allah, condenam a liberdade de expressão e fazem fé nos humores da sharia ou do linchamento popular dos blasfemos que, desta feita, ousaram a suprema heresia da «cartoonização» do profeta.
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JNAS na Edição de 14 de Fevereiro do Jornal dos Açores.
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posted by João Nuno Almeida e Sousa
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