Architecture in Helsinki - In Case We Die Proposta datada de 2005 mas com audição e ampla divulgação nacional em 2006.
Os Architecture in Helsinki são um octecto australiano com nostalgia 80's e boa disposição. In Case We Die é o 2º disco do grupo. Esta descoberta surge como uma agradável surpresa - o cruzamento do rock orquestral e a pop-electrónica, numa transposição mais ou menos "dramática", essencialmente, pela utilização de uma extensa lista de instrumentos. Aliás, todos os membros da banda participam vocalmente reproduzindo um efeito sonoro diversificado e abrangente - amplificando o vasto repertório de instrumentos (como xilofones, fagotes, harmónicas, sitar, serras eléctricas, ...). Desta forma, conseguem reproduzir: vozes desafinadas, a tragédia harmónica boymeetsgirlwhomeetsanotherboy em tom crooner, e muitos coros...
Ao 2º disco e em 12 canções os AiH afastam-se do formato pop do 1º disco Fingers Crossed, para comporem um registo próximo de uma opereta pela composição dinâmica, divertida e inteligente. E a cada novo tema as referências desdobram-se por intermédio de um jogo ecléctico cujo leitmotiv em In Case We Die, é a Morte.
Alguma imprensa já comparou os AiH aos Arcade Fire mas activados por anti-depressivos. Isso percebe-se em In Case We Die cuja profusão sonora é de tal ordem que no final podemos sentir alguma tontura pela rápida sucessão das melodias - por exemplo, na minha 1ª audição, o disco rodou 3 vezes seguidas como se de uma espiral se tratasse.
No panorama indie proliferam, actualmente, os projectos que conjugam múltiplas sensibilidades, identidades e referências culturais. O contributo musical dos AiH manifesta-se pela satisfação com que se apresentam. Mas, apesar de uma vertente mais descomprometida a sua música reflecte, igualmente, um universo complexo sem ser ingénuo ou, mesmo, frívolo.
Os AiH revelam que uma das suas maiores influências musicais é o movimento cultural Tropicália, surgido no Brasil nos anos 60 como resposta à ditadura militar vigente, que contou com a participação de músicos tão importantes como - Gilberto Gil, Caetano Veloso e Tom Zé. A fusão de ritmos bossa nova, o charme pop e o instinto ambicioso são, provavelmente, o que melhor qualifica os AiH.
Perante o porquê do nome da banda - Architecture in Helsinki, a resposta deriva pela pura diversão casuística...
* crónica semanal publicada no suplemento SARL/Jornal dos Açores de 24.02.06
** Proposta disponível na discoteca DISREGO (CC Parque Atlântico)
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