Realizou-se, no início deste mês em Madrid, a ARCO, feira internacional de arte contemporânea. Neste que foi o seu 25 ano a feira contou pela primeira vez com a representação de uma galeria açoriana. A Galeria Fonseca Macedo que levou, num conjunto de 11 artistas, três artistas açorianos - Vítor Almeida, Maria José Cavaco e Ruben Verdadeiro. Este acontecimento de grande importância para o panorama das artes plásticas açorianas é talvez o pretexto ideal para fazermos uma análise do momento actual das artes nos Açores. É preocupante observar que ao mesmo tempo que a nível privado e a nível individual dos artistas se vive um período de grande agitação artística, ao mesmo tempo, no campo da política para as artes os açores vivem uma situação confrangedora. Não existe uma política de apoio a exposições, não há uma escola de artes, o projecto ARTCA está moribundo, não há uma colecção de referência de arte contemporânea nos açores. No meu entender seria um grande serviço à região se a visita do Presidente do Governo Regional à ARCO, um dos acontecimentos mais importantes no mundo da arte a nível mundial, marcasse a criação de uma política de fundo para as artes nos Açores. Nomeadamente, já era tempo de os Açores serem a sede de uma colecção de referência a nível mundial, comissariada por uma personalidade de reconhecida competência na área, colecção essa que fizesse a ligação entre os artistas e o público, entre a arte contemporânea açoriana e as principais tendências da arte contemporânea mundial. Oxalá isso se possa concretizar, porque como sabemos a maneira como uma sociedade trata as artes e os seus artistas é revelador do seu grau de desenvolvimento.
Crónica para o Artes & Noticias - RTP-A e SARL - Jornal dos Açores
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