terça-feira, junho 7

6 de JUNHO 1975/2005



Quando vejo estas fotos (as da manifestação de 6 de Junho de 1975), as pessoas, os cartazes, os dedos indicadores esticados ao ar, não me passa pela cabeça outra coisa senão a enorme quantidade de «fascistas» e «grandes capitalistas» presentes, «treinando» para o 25 de Novembro que seis meses depois viria a acontecer em Portugal.

Como senão fosse da independência dos Açores do que se travava. Sinceramente!

Após vários anos de oportuno ostracismo, do tipo: «usar e deitar fora», foi já na era dC (C de César) que o 6 DE JUNHO teve «honras» de data institucional. A memória colectiva estava então tão eficazmente anestesiada, muito embora, quando a jeito, sempre alguém a espevitasse, que no debate que a RTP/A promoveu sobre o assunto a 6 Junho de 97, entre a «velha tese» de uma primária luta anti-comunista, ou outra já então a ganhar corpo, o ensaio geral para o 25 Novembro, foram do saudoso Albano Pimentel (em 6/6/75 do outro lado da barricada) os mais lúcidos e coerentes depoimentos!

Hoje, para dar sentido ao 6 de Junho, há que erguer a cabeça e olhar em frente. Não ter de pedir licença para ensinar ao Povo a que pertencemos a nossa própria História, nela incluindo todos os 6 de Junho que precederam o de 1975, entre outros, o de 1 Março de 1821, ou o de 2 de Março de 1895; Revoltarmo-nos contra a subjugação das leis que nos conotam com o fascismo por defendermos a nossa independência; Indignarmo-nos por nos impedirem de organizar em partidos aqui originários, único modo democrático de lutar, sem subtilezas, pelos nossos próprios interesses!

Como tributo ao 30º aniversário do 6 de Junho, aqui fica um trecho de uma polémica conferência de imprensa (Lisboa, Nov. /1986) do Dr. José de Almeida: «A independência não passa, assim, de conclusão lógica e natural desse processo histórico que tem vindo a desenvolver-se e a tomar corpo através dos séculos.»

Under Permisson of João Pacheco Melo/In Açoriano Oriental/Crónicas do Aquém

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