As mulheres da minha vida foram sempre mulheres da “guerra” da vida. Sempre na frente da batalha do dia a dia. Venho de linhagens matriarcais. Gente de muito trabalho, donas de casa e profissionais. O meu avô já tinha uma tia que era médica, sua mãe (minha bisavó), viúva, ainda antes dos trinta, mudou-se para Coimbra para poder dar aos seus três filhos um curso superior (estamos a falar por volta da II Guerra Mundial). Minha avó materna, com treze filhos, era uma mulher sempre atarefada. Minha avó paterna com dezoito filhos (viúva, ainda o meu pai não tinha 10 anos), e uma vida de campo, era sinónimo de trabalho. Minha mãe, já casada, acompanhou o meu pai para a guerra em Angola. Deu aulas numa missão e aí teve dois filhos, sim, o meu pai não esteve sempre no mato. De volta a Lisboa, acabou a sua formação académica, dando explicações e fazendo de um apartamentozinho um lar. Liderou a família, já com quatro filhos, num primeiro “exílio” do Norte de Portugal, de volta para as ilhas, em 74. Juntou a família num novo exílio nos EUA, logo em 75. Acompanhou um homem (meu pai) num “ideal” que muitas vezes “desequilibrava” a família. Geriu uma profissão, um negócio e uma família de seis filhos. Ela e o meu pai puseram seis filhos na universidade. A minha irmã mais velha foi uma segunda mãe dos 4 irmãos mais novos. Abdicou de parte da sua juventude para a minha mãe poder ser super mulher. Com 22 anos tinha o seu curso superior tirado com mesadas abaixo do mínimo necessário. É agora também uma super mulher de uma família (sua) de quatro.
Sou descendente de super mulheres, da guerra, capazes do milagre mais difícil que é o viver o dia a dia sendo ao mesmo tempo mulher, cidadã, esposa, mãe, dona de casa, profissional, empresária e mais, sem nunca recuarem, nem abdicarem das suas responsabilidades.
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