Permitam-me que faça uma sugestão. Não se trata de um estímulo à negociação com terroristas, embora me pareça que é perante o horror e a barbárie que a civilização tem maior responsabilidade pedagógica, mas como não acredito que a morte conheça muitas formas de diálogo para além dessas duas marcas de pontuação que são o ponto final e as reticências, sugiro antes a única coisa que dá razão à vida, a poesia. Foi recentemente reeditado na Assírio e Alvim o magnífico livro de Adalberto Alves sobre Al-Mu’Tamid. Trata-se de uma apresentação biográfica da vida desse grande príncipe luso-árabe que foi, também, um extraordinário poeta. Alguns desses poemas são também apresentados neste livro e constituem um importantíssimo testemunho de um passado que é nosso e que importa fazer lembrar. A história do Al Andaluz é também a nossa história e, nos dias que agora correm, lembrar esse passado e apreciar Al-Mu’Tamid é acto de igual importância. O passado é um espelho que nos olha e nos questiona, não tenhamos medo de nos reconhecer nesse espelho.
quarta-feira, março 31
Uma boa notícia. A Ana recomendou. E bem. A vinda do Tiago, do Nuno e do Luis a Ponta Delgada está prevista desde a estreia no São Luiz. Só têm de esperar até Junho...
31 Março | última sessão (2ª mostra de Curtas)
19h00 | os 5 filmes mais votados pelo público
Cinemas Castelo Lopes | Parque Atlântico | Ponta Delgada
1. O Ralo
Realização - Tiago Guedes e Frederico Serra
Portugal, 1999, Ficção, Cor, 35mm, 16' 45''
Um filme onde a esperança não morre.
2. Inventário de Natal
Realização - Miguel Gomes
Portugal, 2000, Ficção, Cor, 35mm, 22'
É dia 25 de Dezembro, em meados dos anos 80. A família reúne-se em casa dos avós por entre reposteiros vermelhos na janela que dá para a marquise, relógios de pêndulo, cadeiras com assentos em vime e um presépio enorme. Não há um destaque individual, interessa apenas o retrato de grupo constituído por quatro gerações e dois cães.
3. Cineaamor
Realização - Jacinto Lucas Pires
Portugal, 1999, Ficção, Cor, 35mm, 16' 35''
Joaquim é um romântico empregado de supermercado. Tem como único amigo Gaspar, que fala quase só por citações cinéfilas. Nos tempos livres, passeia pela cidade à procura da mulher certa. Mas quando a encontra, ela atira-se de uma varanda. Segue-se então uma dança como num musical e uma óbvia surpresa. Trata-se de um filme sobre a beleza e glória que há nas más histórias de amor.Um filme onde a esperança não morre.
4. Black & White
Realização - Daniel Blaufuks
Portugal, 2000, Ficção, Cor, 35mm, 21'
Quando falamos de daltonismo consideramo-lo um defeito. Mas poderíamos facilmente encontrar outras características sem que umas fossem manifestamente melhores ou piores do que as outras. Devemos lembrar que alguém poderá passar a vida inteira sem se aperceber que é daltónico até que um acontecimento especial o revele.
5. A Morte do Cinema
Realização - Pedro Sena Nunes
Portugal, 2002, Documentário, Cor, 35mm, 30'
Álvaro Dias, mecânico de automóveis, (re)construiu dois projectores de cinema e inventou-lhes o sistema de leitura fotosonora. Através das suas "máquinas de precisão” descobriu, fascinado, o que é a técnica e a ilusão do cinema. Durante a ditadura, o seu cine-garagem recebeu, clandestinamente, amigos e curiosos. Preencheu o ecrã, feito de um lençol branco, com filmes “apimentados” e “para senhoras”. Que imagens se projectam hoje no seu ecrã?
Cinemas Castelo Lopes | Parque Atlântico | Ponta Delgada
1. O Ralo
Realização - Tiago Guedes e Frederico Serra
Portugal, 1999, Ficção, Cor, 35mm, 16' 45''
Um filme onde a esperança não morre.
2. Inventário de Natal
Realização - Miguel Gomes
Portugal, 2000, Ficção, Cor, 35mm, 22'
É dia 25 de Dezembro, em meados dos anos 80. A família reúne-se em casa dos avós por entre reposteiros vermelhos na janela que dá para a marquise, relógios de pêndulo, cadeiras com assentos em vime e um presépio enorme. Não há um destaque individual, interessa apenas o retrato de grupo constituído por quatro gerações e dois cães.
3. Cineaamor
Realização - Jacinto Lucas Pires
Portugal, 1999, Ficção, Cor, 35mm, 16' 35''
Joaquim é um romântico empregado de supermercado. Tem como único amigo Gaspar, que fala quase só por citações cinéfilas. Nos tempos livres, passeia pela cidade à procura da mulher certa. Mas quando a encontra, ela atira-se de uma varanda. Segue-se então uma dança como num musical e uma óbvia surpresa. Trata-se de um filme sobre a beleza e glória que há nas más histórias de amor.Um filme onde a esperança não morre.
4. Black & White
Realização - Daniel Blaufuks
Portugal, 2000, Ficção, Cor, 35mm, 21'
Quando falamos de daltonismo consideramo-lo um defeito. Mas poderíamos facilmente encontrar outras características sem que umas fossem manifestamente melhores ou piores do que as outras. Devemos lembrar que alguém poderá passar a vida inteira sem se aperceber que é daltónico até que um acontecimento especial o revele.
5. A Morte do Cinema
Realização - Pedro Sena Nunes
Portugal, 2002, Documentário, Cor, 35mm, 30'
Álvaro Dias, mecânico de automóveis, (re)construiu dois projectores de cinema e inventou-lhes o sistema de leitura fotosonora. Através das suas "máquinas de precisão” descobriu, fascinado, o que é a técnica e a ilusão do cinema. Durante a ditadura, o seu cine-garagem recebeu, clandestinamente, amigos e curiosos. Preencheu o ecrã, feito de um lençol branco, com filmes “apimentados” e “para senhoras”. Que imagens se projectam hoje no seu ecrã?
terça-feira, março 30
Ainda...
...a propósito desta pálida história em torno do novo livro do Saramago, peço-vos que leiam este texto do Daniel Oliveira no Barnabé. Não quero ter a altivez de fazer minhas as palavras dele mas assino por baixo de muito do que aí fica escrito. “A única alternativa à democracia é mais democracia”.
segunda-feira, março 29
Presidenciais
Ou de como merecíamos políticos melhores.
Não sei se alguém reparou, mas este fim-de-semana assistimos ao lançamento da primeira pedra da campanha do Eng. Guterres ás presidenciais de 2005, com o beneplácito, imagine-se, de Mário Soares. Estamos condenados a ter que escolher entre o Dr. Cavaco e o Eng. Guterres. Este nosso destino é uma fatalidade.
Não sei se alguém reparou, mas este fim-de-semana assistimos ao lançamento da primeira pedra da campanha do Eng. Guterres ás presidenciais de 2005, com o beneplácito, imagine-se, de Mário Soares. Estamos condenados a ter que escolher entre o Dr. Cavaco e o Eng. Guterres. Este nosso destino é uma fatalidade.
Portugal
Ou a face mais negra do país que temos.
Portugal país descompassado, desigual, entristecido. País incompleto. País dormente, inerte, amordaçado. País manhoso, mesquinho, matreiro. Portugal constantemente ilusório, desesperadamente festivo, alegórico. Portugal irregular, desequilibrado, injusto. Portugal pequenino armado em grande. Portugal desencontrado, dividido, envergonhado. Preguiçoso, sonolento, pedrado. Portugal velho, decadente, andrajoso, desdentado, vesgo, mouco, fétido. Este é o nosso maior drama, somos um país defeituoso, onde falhou sempre alguma coisa, onde a ambição foi abruptamente vergada. Este é o nosso país, tantas vezes desonesto consigo mesmo, que já nem com príncipes no nevoeiro se salva. Portugal que tudo teve e tudo perdeu. Portugal pouco.
Portugal país descompassado, desigual, entristecido. País incompleto. País dormente, inerte, amordaçado. País manhoso, mesquinho, matreiro. Portugal constantemente ilusório, desesperadamente festivo, alegórico. Portugal irregular, desequilibrado, injusto. Portugal pequenino armado em grande. Portugal desencontrado, dividido, envergonhado. Preguiçoso, sonolento, pedrado. Portugal velho, decadente, andrajoso, desdentado, vesgo, mouco, fétido. Este é o nosso maior drama, somos um país defeituoso, onde falhou sempre alguma coisa, onde a ambição foi abruptamente vergada. Este é o nosso país, tantas vezes desonesto consigo mesmo, que já nem com príncipes no nevoeiro se salva. Portugal que tudo teve e tudo perdeu. Portugal pouco.
Uma impressão de Lisboa
Lisboa é hoje uma cidade incaracterística. Tornou-se tão cosmopolita e tão europeia que perdeu o carácter. Ficou de modas, de marcas, de ares. Anda-se nas ruas e já nem a luz escapa ao desvario das poses e dos estilos. Quanto me entristece que em Lisboa hoje não se consiga estar mais do que quatro dias, mais do que isso e cansa. Já nem os bairros, esse fenómeno único, essa instituição singular, essa espécie de falsa aldeia, onde as gentes de Lisboa revivem memórias de um campo abandonado, revivem a “terra”, já nem isso escapa à fúria moderna do que está “in”, ou do que está “out”. Pobre Lisboa, que tristes são os tempos que vives hoje em dia.
1 sugestão a P/B
"Nos Bares" de J. Munoz (des) e C. Sampayo (txt)
5 histórias que marcam o regresso da dupla argentina (ambos alunos de Pratt)
5 histórias que marcam o regresso da dupla argentina (ambos alunos de Pratt)
domingo, março 28
o último romântico do 25 de Abril
Quem não leu a entrevista do Presidente da Assembleia da República, este sábado à Única, faça o fv de levantar a mão "esquerda" ou a "direita" consoante a "inclinação"? Ninguém. Óptimo!... Apesar de afirmar que não - Será que Mota Amaral acha que é o Senhor dos Açores ou o seu eterno Anjo Protector? O cargo que ocupa será o último da sua carreira política? Estará a ser totalmente isento e honesto, nas suas afirmações, sobre as opções do seu passado político? E como é que "Lisboa" o vê? É possível dissociar este Presidente do outro (o regional)? A linha de comentários está aberta...
Fiscalização (parte 2) - o Aviocar redentor
Recuperei, ontem, uma entrevista do Ministro da Agricultura, da passada semana, ao Diário Insular sobre o conturbado dossier das Pescas nos Açores. Curiosa coincidência. Pois, hoje, Paulo Portas apresentou o "novo" equipamento que irá "reforçar" a fiscalização da zona económica exclusiva dos Açores. E aproveitou a ocasião, há "margem deste anúncio", para reunir com VC. É caso para dizer que, aqui, não há coincidências nem oportunismo político com dinheiro público. Infelizmente, cada partido vê o que quer e quando quer. É por estas e por outras que a desmobilização nas eleições europeias será mais que muita. Daí a marcação, das mesmas, para uma época de férias, e de bom tempo, completamente (in)oportuna para o “povo” - Junho (Euro) 2004.
ANYTHING ELSE
ou A Vida e Tudo o Mais
Woody Allen regressa a NY numa nova "elegia à cidade, que surge aqui de forma luminosa e acolhedora (Kathleen Gomes in Público)". Um actor "irritante" - Jason Biggs e um actriz assustadoramente intrigante - Christina Ricci, são os actores propostos pelo realizador para dar vida a mais uma comédia de "amor à primeira vista"; de "angústias existenciais, neuroses, medo da morte e idas ao psicanalista". Enfim, todo o universo “esquizoíde” de W.A. no seu melhor. Mais uma proposta irrecusável numa semana assumidamente cinéfila. Cinemas Solmar. Ponta Delgada. Até 31 de Março.
Woody Allen regressa a NY numa nova "elegia à cidade, que surge aqui de forma luminosa e acolhedora (Kathleen Gomes in Público)". Um actor "irritante" - Jason Biggs e um actriz assustadoramente intrigante - Christina Ricci, são os actores propostos pelo realizador para dar vida a mais uma comédia de "amor à primeira vista"; de "angústias existenciais, neuroses, medo da morte e idas ao psicanalista". Enfim, todo o universo “esquizoíde” de W.A. no seu melhor. Mais uma proposta irrecusável numa semana assumidamente cinéfila. Cinemas Solmar. Ponta Delgada. Até 31 de Março.
sábado, março 27
de (Boca Aberta)
contra a Armada Espanhola
Porto da Caloura. São Miguel. Açores. Algures em Março de 2004. Um pescador "remenda" a sua rede... Uma "arte" em vias da sua extinção. O primeiro passo já foi tomado. A contagem decrescente já começou.
Porto da Caloura. São Miguel. Açores. Algures em Março de 2004. Um pescador "remenda" a sua rede... Uma "arte" em vias da sua extinção. O primeiro passo já foi tomado. A contagem decrescente já começou.
barcos espanhóis nos Açores?!
...uma novidade para mim.
"(...) a comunidade internacional não está empenhada em destruir as pescas nos Açores". É claro que não, Sr. Ministro!... Estão apenas interessados em "pescar" nos Açores. E como não temos capacidade para explorar e fiscalizar, convenientemente, os nossos recursos, porque não dar uma "mãozinha" aos nossos "amigos" espanhóis.
"(...) a comunidade internacional não está empenhada em destruir as pescas nos Açores". É claro que não, Sr. Ministro!... Estão apenas interessados em "pescar" nos Açores. E como não temos capacidade para explorar e fiscalizar, convenientemente, os nossos recursos, porque não dar uma "mãozinha" aos nossos "amigos" espanhóis.
sexta-feira, março 26
Ensaio sobre a lucidez
Ou de como viver em democracia é saber aceitar que alguém como o Sr. Bush possa ser presidente da maior democracia do mundo.
Sou o género de leitor que lê até as letrinhas pequeninas da página três, os números do depósito legal, a morada da gráfica, o número de exemplares. Digo género sem saber se existem outros como eu, mas desconfio que sim. Gosto de livros ao ponto de não deixar uma página que seja sem uma olhadela. Gosto de lhes sentir o papel, o peso, o volume, quase como fazer festas nos livros como se fossem gatos de barriga para o ar. Enfim, são manias. Isto a propósito do novo livro de José Saramago que, como já devem ter percebido, ontem comprei. Ora confesso que tive dificuldade em passar da ficha técnica, aquele imenso número de 100 000 exemplares de tiragem na primeira edição deixou-me banzado. Mas depois de algum folhear de páginas, de espreitadelas enviesadas a algum do conteúdo, depois de ter lido um pouco do que se foi escrevendo por aí da matéria deste Ensaio Sobre a Lucidez, depois de não ter visto a entrevista que o autor deu a Judite de Sousa, depois de tudo o que conheço de Saramago, de Zeferino Coelho, do PC e do país que temos, tenho, para já, apenas um comentário a fazer: Não obstante uma leitura mais atenta parece-me que quando um autor por melhor ou pior que seja se dá a si a altivez de querer educar um país é obrigação de todos os que gostam da liberdade, já para não falar dos que gostam de Literatura, demonstrar, quanto mais não seja não comprando o livro, a esse autor que cada um tem o direito de pensar por si. Aquilo que o Sr. Saramago quer fazer com este manifesto político é de tal forma vil que não deve ser relativizado. A base do sistema democrático é o respeito pelas opiniões dos nossos opositores e dos nossos antagonistas, o Sr. Saramago ao passar um atestado de imbecilidade ao actual estado das coisas esquece que no dia em que não acreditarmos que este sistema mesmo sendo o pior de todos é ainda o melhor que já foi criado, no dia em que deixarmos de ter essa fé abrimos a porta a todo o tipo de ditaduras e subjugações, tanto de direita como de esquerda. Inundar desta forma o país com um panfleto ideológico, que poucos vão ler com atenção, mas de que todos vão formular e emitir opinião é um claríssimo acto de selvajaria política que deve ser exposto e criticado. Só há uma coisa que me irrita mais do que a intolerância da direita e essa coisa é a intolerância da esquerda. Eu por mim lutarei sempre pelo direito à abstenção e à indiferença, a democracia é isso mesmo, é dar às pessoas o direito de decidirem pelas suas cabeças, mesmo que isso signifique que ninguém se importa com nada e que se está tudo nas tintas para o governo das coisas. No dia em que começamos a culpar a democracia pelo estado do mundo é o dia em que a besta da opressão e do desgoverno ganha a primeira batalha. Vergonha, Sr. Saramago, vergonha.
Sou o género de leitor que lê até as letrinhas pequeninas da página três, os números do depósito legal, a morada da gráfica, o número de exemplares. Digo género sem saber se existem outros como eu, mas desconfio que sim. Gosto de livros ao ponto de não deixar uma página que seja sem uma olhadela. Gosto de lhes sentir o papel, o peso, o volume, quase como fazer festas nos livros como se fossem gatos de barriga para o ar. Enfim, são manias. Isto a propósito do novo livro de José Saramago que, como já devem ter percebido, ontem comprei. Ora confesso que tive dificuldade em passar da ficha técnica, aquele imenso número de 100 000 exemplares de tiragem na primeira edição deixou-me banzado. Mas depois de algum folhear de páginas, de espreitadelas enviesadas a algum do conteúdo, depois de ter lido um pouco do que se foi escrevendo por aí da matéria deste Ensaio Sobre a Lucidez, depois de não ter visto a entrevista que o autor deu a Judite de Sousa, depois de tudo o que conheço de Saramago, de Zeferino Coelho, do PC e do país que temos, tenho, para já, apenas um comentário a fazer: Não obstante uma leitura mais atenta parece-me que quando um autor por melhor ou pior que seja se dá a si a altivez de querer educar um país é obrigação de todos os que gostam da liberdade, já para não falar dos que gostam de Literatura, demonstrar, quanto mais não seja não comprando o livro, a esse autor que cada um tem o direito de pensar por si. Aquilo que o Sr. Saramago quer fazer com este manifesto político é de tal forma vil que não deve ser relativizado. A base do sistema democrático é o respeito pelas opiniões dos nossos opositores e dos nossos antagonistas, o Sr. Saramago ao passar um atestado de imbecilidade ao actual estado das coisas esquece que no dia em que não acreditarmos que este sistema mesmo sendo o pior de todos é ainda o melhor que já foi criado, no dia em que deixarmos de ter essa fé abrimos a porta a todo o tipo de ditaduras e subjugações, tanto de direita como de esquerda. Inundar desta forma o país com um panfleto ideológico, que poucos vão ler com atenção, mas de que todos vão formular e emitir opinião é um claríssimo acto de selvajaria política que deve ser exposto e criticado. Só há uma coisa que me irrita mais do que a intolerância da direita e essa coisa é a intolerância da esquerda. Eu por mim lutarei sempre pelo direito à abstenção e à indiferença, a democracia é isso mesmo, é dar às pessoas o direito de decidirem pelas suas cabeças, mesmo que isso signifique que ninguém se importa com nada e que se está tudo nas tintas para o governo das coisas. No dia em que começamos a culpar a democracia pelo estado do mundo é o dia em que a besta da opressão e do desgoverno ganha a primeira batalha. Vergonha, Sr. Saramago, vergonha.
Links
Via Technorati acrescentei na lista aqui do lado ligações para todos os blogues que nos tinham a nós na sua lista de links permanentes.
quinta-feira, março 25
Saramago...
...lança livro novo. Tiragem da primeira edição, 100 000 exemplares, isso mesmo cem mil, isto num país onde, dizem, não se lê. Mas lá que deve haver estantes cheias de páginas impressas em cada assoalhada deste jardim à beira-mar plantado lá isso deve. 100 000, é de homem.
2 Sugestões cinematográficas para hoje
Depois da 1ª sessão de Curtas Metragens com os filmes:
O Ralo - Dinamismo e bom humor
Inventário de Natal - Ternura e ironia
Interstícios - Pequenos intervalos que existem entre cada uma das suas imagens e a seguinte.
Paisagem - A paisagem é o elemento estruturante e central do filme.
Naquele Bairro - Ana e Pedro casaram-se no bairro do Pôr-do-Sol .......
E depois de um rápido aconchego estomacal não perca no Cine Solmar o nomeado para o Óscar de melhor filme de animação, que perdeu para "Finding Nemo"
BELLEVILLE RENDEZ-VOUS ( Les Triplettes de Belleville ) "...o filme mais estranho do ano, mas também é engraçado e sinistro ao mesmo tempo, grotesco e negro."
Mais sobre o filme Les Triplettes de Belleville
O Ralo - Dinamismo e bom humor
Inventário de Natal - Ternura e ironia
Interstícios - Pequenos intervalos que existem entre cada uma das suas imagens e a seguinte.
Paisagem - A paisagem é o elemento estruturante e central do filme.
Naquele Bairro - Ana e Pedro casaram-se no bairro do Pôr-do-Sol .......
E depois de um rápido aconchego estomacal não perca no Cine Solmar o nomeado para o Óscar de melhor filme de animação, que perdeu para "Finding Nemo"
BELLEVILLE RENDEZ-VOUS ( Les Triplettes de Belleville ) "...o filme mais estranho do ano, mas também é engraçado e sinistro ao mesmo tempo, grotesco e negro."
Mais sobre o filme Les Triplettes de Belleville
quarta-feira, março 24
Hoje | 21:30 |3 Documentários
No auditório da Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada
3 Documentários de Joaquim Pinto e Nuno Leonel
Surfavela
Entrevista a Yvonne Bezerra de Melo
Com Cuspe e Jeito
Os realizadores
3 Documentários de Joaquim Pinto e Nuno Leonel
Surfavela
Entrevista a Yvonne Bezerra de Melo
Com Cuspe e Jeito
Os realizadores
E a Primavera já chegou
Se já não torna a eterna primavera
Que em sonhos conheci,
O que é que o exausto coração espera
Do que não tem em si?
Se não há mais florir de árvores feitas
Só de alguém as sonhar,
Que coisas quer o coração perfeitas,
Quando, e em que lugar?
Não: contentemo-nos com ter a aragem
Que, porque existe, vem
Passar a mão sobre o alto da folhagem
E assim nos faz um bem.
Ricardo Reis.
Que em sonhos conheci,
O que é que o exausto coração espera
Do que não tem em si?
Se não há mais florir de árvores feitas
Só de alguém as sonhar,
Que coisas quer o coração perfeitas,
Quando, e em que lugar?
Não: contentemo-nos com ter a aragem
Que, porque existe, vem
Passar a mão sobre o alto da folhagem
E assim nos faz um bem.
Ricardo Reis.
terça-feira, março 23
Love Tape III
Untitled 1, Sigur Rós
Ray of Light, Spain
Song for a Blue Guitar, Red House Painters
Heart of Gold, Neil Young
I’m So Lonesome I Could Cry, Johnny Cash
Femme Fatale, The Velvet Underground
Valentine Melody, Tim Buckley
Pink Moon, Nick Drake
Ain’t No Cure for Love, Leonard Cohen
Waltz #1, Elliott Smith
Rebel Prince, Rufus Wainwright
Diamonds on the Inside, Ben Harper
The Rescue Blues, Ryan Adams
The Ballad of the Sad Young Man, Rickie Lee Jones
Last Goodbye, Jeff Buckley
Enjoy...
Ray of Light, Spain
Song for a Blue Guitar, Red House Painters
Heart of Gold, Neil Young
I’m So Lonesome I Could Cry, Johnny Cash
Femme Fatale, The Velvet Underground
Valentine Melody, Tim Buckley
Pink Moon, Nick Drake
Ain’t No Cure for Love, Leonard Cohen
Waltz #1, Elliott Smith
Rebel Prince, Rufus Wainwright
Diamonds on the Inside, Ben Harper
The Rescue Blues, Ryan Adams
The Ballad of the Sad Young Man, Rickie Lee Jones
Last Goodbye, Jeff Buckley
Enjoy...
no regresso a casa...
apanhei o Pedro, primeiro, na - Onda...
e depois no estágio para o Euro e às voltas com o "Percebe".
Enfim, mais um final de tarde - "ilhéu"...!
e depois no estágio para o Euro e às voltas com o "Percebe".
Enfim, mais um final de tarde - "ilhéu"...!
OVNI (preto)
Este foi apanhado, ao final da tarde, na Praia do Pópulo. Será que devo avisar as "autoridades"...!?
a MUU e o Design Nacional
A partir de hoje a MUU-Produções comercializa os produtos da Designwise.
"DESIGNWISE é uma marca que edita objectos e produtos originais criados por designers portugueses. A colecção da designwise não é especializada, nem dedicada a categorias específicas de objectos. Os seus produtos percorrem várias escalas e universos: de materiais, de usos, de preço.O que une estes objectos aparentemente tão diversos é o facto de contarem uma história, muitas vezes com um humor inesperado. Tais histórias tanto podem ser imaginadas pelo designer, como re-inventadas pelo próprio utilizador quando transporta o objecto para o seu universo pessoal".
exemplo | JUST BEG: Reciclagem de canetas de feltro
experimenta o resto da colecção...
"DESIGNWISE é uma marca que edita objectos e produtos originais criados por designers portugueses. A colecção da designwise não é especializada, nem dedicada a categorias específicas de objectos. Os seus produtos percorrem várias escalas e universos: de materiais, de usos, de preço.O que une estes objectos aparentemente tão diversos é o facto de contarem uma história, muitas vezes com um humor inesperado. Tais histórias tanto podem ser imaginadas pelo designer, como re-inventadas pelo próprio utilizador quando transporta o objecto para o seu universo pessoal".
exemplo | JUST BEG: Reciclagem de canetas de feltro
experimenta o resto da colecção...
segunda-feira, março 22
a "Paixão" segundo Joel
Não vi. Tenho alguma "relutância" em ver. Nem sinto, uma especial ou peculiar, curiosidade pela fita em causa. E depois deste post de certeza que não o "vejo"...
2ª Mostra de Curtas | sessão especial
dia 24 | 4ª feira | 21h30 | Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada
3 documentários de Joaquim Pinto e Nuno Leonel - Rio 96/97
Surfavela | Entrevista de Yvonne Bezerra de Mello | Com Cuspe e Jeito
A cadeia de televisão "La Sept/Arte" convidou em 1996 o produtor Phillip Brooks a organizar uma noite temática sobre o surf dando-lhe autonomia para produzir três documentários originais. Descobrimos o projecto Surfavela numa notícia da "Stern", e sugerimos realizar um documentário sobre o tema. "Berzó", um morador da favela do Cantagalo, antigo engraxador nas praias do Rio e praticante de surf, juntara meia dúzia de pranchas velhas e iniciara um projecto de resistência ao racismo e à existência precária dos jovens da favela através da prática do surf. Chegámos no Verão de 96, sem que os assistentes locais tivessem ousado subir à favela e estabelecer contactos. Apercebemo-nos da fronteira que separa o "asfalto" - o rio da classe média, e as favelas, totalmente controladas pelos gangs do tráfico de cocaína, onde a polícia não entra. Conversando casualmente com surfistas do Arpoador conhecemos os primeiros rapazes dessa favela encaixada entre Copacabana e Ipanema e fomos apresentados a Berzó, que nos deixou acompanhar as diferentes actividades do projecto Surfavela. Rapidamente percebemos que o exemplo de Berzó tinha dado frutos. Na Rocinha, a maior favela da América latina, outros grupos tentavam também encontrar através do desporto alternativas a uma existência violenta e sem futuro. Mas pior que viver nas favelas é viver na rua. Em 1997 regressámos ao Rio, fascinados pela personalidade de , uma artista plástica que estudou restauração no Louvre e viveu muitos anos na Europa. De volta ao Brasil, chocada com a situação de violência sobre as crianças de rua, assumiu sozinha o combate pelos direitos humanos e pela defesa dos mais pobres entre os mais pobres. Yvonne foi responsável pela denúncia internacional do massacre na Igreja da Candelária e pelo processo judicial instaurado às forças policiais brasileiras. Fomos encontrá-la só, completamente ostracisada pela classe média. A determinação de Yvonne era férrea, e decidimos aproveitar as duas semanas para fazer o que nos fosse possível, desde levar diariamente comida ao bando de crianças que vive debaixo de um viaduto dos subúrbios - Madureira, até ajudar a pintar um abrigo recém adquirido para crianças abandonadas que Yvonne estava a montar na favela da Maré, debaixo de trocas de tiros entre os traficantes e a polícia. Yvonne dava também apoio logístico e económico aos que ousavam denunciar a violência. Fomos um dia levar a "cesta básica" de Yvonne (o cabaz de alimentos para o mês) a Angelita, uma vendedora ambulante que tinha denunciado o assasínio de várias crianças. Yvonne tinha-a escondida dos policiais corruptos numa favela do subúrbio. Por sua vez, Angelita repartia a "cesta básica" com o vizinho Gilson, um cozinheiro reformado que vivia numa barraca sem água nem luz. Propusémos uma troca. Pagamos as compras e o Gilson explica-nos como se faz uma feijoada. E Gilson Xica da Silva presenteou-nos com uma aula de culinária digna dos mais requintados "chefes".
Joaquim Pinto e Nuno Leonel
3 documentários de Joaquim Pinto e Nuno Leonel - Rio 96/97
Surfavela | Entrevista de Yvonne Bezerra de Mello | Com Cuspe e Jeito
A cadeia de televisão "La Sept/Arte" convidou em 1996 o produtor Phillip Brooks a organizar uma noite temática sobre o surf dando-lhe autonomia para produzir três documentários originais. Descobrimos o projecto Surfavela numa notícia da "Stern", e sugerimos realizar um documentário sobre o tema. "Berzó", um morador da favela do Cantagalo, antigo engraxador nas praias do Rio e praticante de surf, juntara meia dúzia de pranchas velhas e iniciara um projecto de resistência ao racismo e à existência precária dos jovens da favela através da prática do surf. Chegámos no Verão de 96, sem que os assistentes locais tivessem ousado subir à favela e estabelecer contactos. Apercebemo-nos da fronteira que separa o "asfalto" - o rio da classe média, e as favelas, totalmente controladas pelos gangs do tráfico de cocaína, onde a polícia não entra. Conversando casualmente com surfistas do Arpoador conhecemos os primeiros rapazes dessa favela encaixada entre Copacabana e Ipanema e fomos apresentados a Berzó, que nos deixou acompanhar as diferentes actividades do projecto Surfavela. Rapidamente percebemos que o exemplo de Berzó tinha dado frutos. Na Rocinha, a maior favela da América latina, outros grupos tentavam também encontrar através do desporto alternativas a uma existência violenta e sem futuro. Mas pior que viver nas favelas é viver na rua. Em 1997 regressámos ao Rio, fascinados pela personalidade de , uma artista plástica que estudou restauração no Louvre e viveu muitos anos na Europa. De volta ao Brasil, chocada com a situação de violência sobre as crianças de rua, assumiu sozinha o combate pelos direitos humanos e pela defesa dos mais pobres entre os mais pobres. Yvonne foi responsável pela denúncia internacional do massacre na Igreja da Candelária e pelo processo judicial instaurado às forças policiais brasileiras. Fomos encontrá-la só, completamente ostracisada pela classe média. A determinação de Yvonne era férrea, e decidimos aproveitar as duas semanas para fazer o que nos fosse possível, desde levar diariamente comida ao bando de crianças que vive debaixo de um viaduto dos subúrbios - Madureira, até ajudar a pintar um abrigo recém adquirido para crianças abandonadas que Yvonne estava a montar na favela da Maré, debaixo de trocas de tiros entre os traficantes e a polícia. Yvonne dava também apoio logístico e económico aos que ousavam denunciar a violência. Fomos um dia levar a "cesta básica" de Yvonne (o cabaz de alimentos para o mês) a Angelita, uma vendedora ambulante que tinha denunciado o assasínio de várias crianças. Yvonne tinha-a escondida dos policiais corruptos numa favela do subúrbio. Por sua vez, Angelita repartia a "cesta básica" com o vizinho Gilson, um cozinheiro reformado que vivia numa barraca sem água nem luz. Propusémos uma troca. Pagamos as compras e o Gilson explica-nos como se faz uma feijoada. E Gilson Xica da Silva presenteou-nos com uma aula de culinária digna dos mais requintados "chefes".
Joaquim Pinto e Nuno Leonel
Love Tape II
Mais uma vez e porque nestes tempos que deveriam ser de sagração estamos atolados em ódio e fanatismo, dos dois lados do muro, deixo aqui um apelo a um fechar de olhos e que se abrace a parte boa da vida. Não deixemos que a selvajaria domine o nosso tempo.
All I Need, Air
At the River, Groove Armada
In a Heartbeat, Koop. feat. Terry Callier
Sure Thing, St. Germain
Closer, Lemon Jelly
Love is Rare, Morcheeba
No Use, Jazzanova
Send My Love, Aqua Bassino
Woman Trouble, Artful Dodger
Talking Bout My Baby, Fat Boy Slim
Digital Love, Daft Punk (Boris Dlugosh Remix)
How Deep Is Your Love, Lazy Grace feat. Billie Godfrey
Dusk You & Me, Groove Armada
Troubled Girl, Karen Ramirez
Jussara (unplugged version), Zuco 103
Dance, make love and enjoy…
All I Need, Air
At the River, Groove Armada
In a Heartbeat, Koop. feat. Terry Callier
Sure Thing, St. Germain
Closer, Lemon Jelly
Love is Rare, Morcheeba
No Use, Jazzanova
Send My Love, Aqua Bassino
Woman Trouble, Artful Dodger
Talking Bout My Baby, Fat Boy Slim
Digital Love, Daft Punk (Boris Dlugosh Remix)
How Deep Is Your Love, Lazy Grace feat. Billie Godfrey
Dusk You & Me, Groove Armada
Troubled Girl, Karen Ramirez
Jussara (unplugged version), Zuco 103
Dance, make love and enjoy…
domingo, março 21
a pedido de muitas famílias
Abandonemos as ilusões sobre a nossa condição humana e assim obteremos uma condição sem ilusões. Karl Marx
paixão dominical (pelo automóvel)
Aos domingos a invasão do espaço público - pelo automóvel - está autorizada aos "fiéis" após ameaça, destes, de não comparência, por "falta" de estacionamento. Falta, infelizmente, mais do que isso. Um exemplo (deprimente) da mentalidade vigente que se julga progressista e moderna.
Ferro 1 - Iraque X - GNR 2
Após uma troca de opiniões, na noite de 6ªfeira, o Pedro dizia que sim e eu que não, como quase sempre... No sábado o Expresso confirmou a minha "teimosia". Antevê-se um (futuro)...demasiado previsível.
sábado, março 20
Catarse
Madrid é o meu castelo gótico. No topo de um morro, envolto em névoa, com relâmpagos flashando no escuro, silhuetas, uivos, Hitchcock. Madrid é o meu sonho literário, é a ideia que a minha avó me deixou do que era o meu avô, o seu mundo, a sua realidade, o seu discernimento. Madrid não é aquilo que eu vivi quando ai estive, Madrid é o que eu imagino. E assim o mundo, assim a vida. Assim a dor que é infligida em cada segundo, em cada alma do mundo. Assim a bomba que explode, a mãe que grita, o mártir que cala, morre, assim o poema que nasce, o homem que cava a terra e cultiva e faz nascer, assim o passar da história, o sangue dos homens, as lágrimas e os sorrisos, os momentos de exaustão, desistir, acordar, viver outro dia, igual. Não presumo poder expressar completamente aquilo que neste momento me apetece dizer. Seria presunção minha acreditar ser portador não só da verdade, mas e ainda mais, da eloquência necessária para verbalizar essa, esta, ou qualquer outra verdade. Porém como ligar palavras não é tarefa vã, nem inútil, nem inócua, atrevo-me a faze-lo e, audácia, a mostrá-lo ao mundo aqui para os olhos e as mentes de quem o desejar ler.
O Homem é a mais impressionante das criações, que me perdoe o Cosmos e a vastidão do Universo mas o pensamento e o amor humanos são o ponto mais alto da existência e é na capacidade humana de expressar este sentimentos que todos os milhares de átomos que compõem a vida encontram justificação.
Mas o Homem é, também, a mais horrível das criações. Desde o início, desde o Verbo, que não pertencemos aqui. No entanto damo-nos o direito de posse e de ocupação do espaço e do tempo, com tudo o que isso tem de demolidor. Desde o princípio da História que todos os conflitos e todas as catástrofes se basearam na falsa noção que os homens foram tendo de serem donos de algo: de um espaço, de um bem, de uma ideia, de... A opressão que um homem inflige noutro nasce, na quase totalidade das vezes, da noção de posse. Os conflitos que hoje nos assustam são consequência dessa mesma noção de poder. O Homem só se sublimará quando interiorizar que não pertence aqui e que nada do que nos rodeia é verdadeiramente nosso. Só quando deixarmos de querer ser donos é que poderemos viver plenamente. A terra, o planeta, o mundo não nos pertencem nós apenas, como diz a publicidade de uma marca de relógios, o passamos de uma geração para outra. Importa acima de tudo fazer chegar isto à geração a seguir. A casa, a rua, o oceano, o glaciar que derrete e cai, a floresta que morre, o céu, o Grand Canyon, as pirâmides do Egipto, o monte Fuji, as peças de Shakespeare, o rio que passa, a nuvem, o reflexo de luz, uma lágrima, um sorriso, a dor e o amor, os que morreram, os que viveram, nós, eles, todos, uma criança, o desenho de uma criança, qualquer criança... Tudo. Faze-lo passar de uma geração para a outra.
O Homem é a mais impressionante das criações, que me perdoe o Cosmos e a vastidão do Universo mas o pensamento e o amor humanos são o ponto mais alto da existência e é na capacidade humana de expressar este sentimentos que todos os milhares de átomos que compõem a vida encontram justificação.
Mas o Homem é, também, a mais horrível das criações. Desde o início, desde o Verbo, que não pertencemos aqui. No entanto damo-nos o direito de posse e de ocupação do espaço e do tempo, com tudo o que isso tem de demolidor. Desde o princípio da História que todos os conflitos e todas as catástrofes se basearam na falsa noção que os homens foram tendo de serem donos de algo: de um espaço, de um bem, de uma ideia, de... A opressão que um homem inflige noutro nasce, na quase totalidade das vezes, da noção de posse. Os conflitos que hoje nos assustam são consequência dessa mesma noção de poder. O Homem só se sublimará quando interiorizar que não pertence aqui e que nada do que nos rodeia é verdadeiramente nosso. Só quando deixarmos de querer ser donos é que poderemos viver plenamente. A terra, o planeta, o mundo não nos pertencem nós apenas, como diz a publicidade de uma marca de relógios, o passamos de uma geração para outra. Importa acima de tudo fazer chegar isto à geração a seguir. A casa, a rua, o oceano, o glaciar que derrete e cai, a floresta que morre, o céu, o Grand Canyon, as pirâmides do Egipto, o monte Fuji, as peças de Shakespeare, o rio que passa, a nuvem, o reflexo de luz, uma lágrima, um sorriso, a dor e o amor, os que morreram, os que viveram, nós, eles, todos, uma criança, o desenho de uma criança, qualquer criança... Tudo. Faze-lo passar de uma geração para a outra.
sexta-feira, março 19
no dia (do Pai)
19 Março (Dia do Pai)
Inscrição em qualquer sepulcro
«Que o mármore temerário não arrisque
ruidosas transgressões ao poder do esquecimento,
enumerando com prolixidade
o nome, a opinião, os factos , a pátria.
Tantos enfeites pertencem ás trevas
E que o mármore não diga o que calam os homens.
O essencial da vida fenecida
- a trémula esperança, o milagre implacável da dor e o assombro do gozo –
irá perdurar sempre.
Às cegas reclama duração a alma arbitrária
quando a tem assegurada em vidas alheias,
quando tu próprio és o espelho e a réplica
dos que não atingiram o teu tempo
e outros serão ( e são ) a tua imortalidade na terra.»
JORGE LUÍS BORGES
In Fervor de Buenos Aires
«Que o mármore temerário não arrisque
ruidosas transgressões ao poder do esquecimento,
enumerando com prolixidade
o nome, a opinião, os factos , a pátria.
Tantos enfeites pertencem ás trevas
E que o mármore não diga o que calam os homens.
O essencial da vida fenecida
- a trémula esperança, o milagre implacável da dor e o assombro do gozo –
irá perdurar sempre.
Às cegas reclama duração a alma arbitrária
quando a tem assegurada em vidas alheias,
quando tu próprio és o espelho e a réplica
dos que não atingiram o teu tempo
e outros serão ( e são ) a tua imortalidade na terra.»
JORGE LUÍS BORGES
In Fervor de Buenos Aires
quinta-feira, março 18
Love Tape
Ainda por causa da ideia lançada pelo André e uma vez que a primavera está quase ai e apetece pensar no amor, aqui fica uma compilação para celebrar a parte mais estupenda da vida.
Situações Triangulares, Bau
Minha de Amor Sedenta, António dos Santos
Rosa, Marisa Monte
Misguided Angel, Cowboy Junkies
Wicked Game, Chris Isaak
Encadenados, Luis Miguel
La Chanson des Vieux Amants, Jacques Brel
Goodbye to Love, The Carpenters
Mo’ Better Blues, Brandford Marsalis
When Doves Cry, Prince
Kiss From a Rose, Seal
Feel Like Makin’ Love, D’Angelo
Provider, N*E*R*D
Where is the Love, The Black Eyed Peas
Singing Softly to Me, Kings of Convenience
I Fantasize of You, Jay-Jay Johanson
Glory Days, Bruce Springsteen
Preciso Dizer Que Te Amo, Cazuza+Bebel Gilberto
Uma cassete para escutar o amor. Dezoito temas que enchem e não nos deixam sós. Enjoy...
Situações Triangulares, Bau
Minha de Amor Sedenta, António dos Santos
Rosa, Marisa Monte
Misguided Angel, Cowboy Junkies
Wicked Game, Chris Isaak
Encadenados, Luis Miguel
La Chanson des Vieux Amants, Jacques Brel
Goodbye to Love, The Carpenters
Mo’ Better Blues, Brandford Marsalis
When Doves Cry, Prince
Kiss From a Rose, Seal
Feel Like Makin’ Love, D’Angelo
Provider, N*E*R*D
Where is the Love, The Black Eyed Peas
Singing Softly to Me, Kings of Convenience
I Fantasize of You, Jay-Jay Johanson
Glory Days, Bruce Springsteen
Preciso Dizer Que Te Amo, Cazuza+Bebel Gilberto
Uma cassete para escutar o amor. Dezoito temas que enchem e não nos deixam sós. Enjoy...
A História dos Homens
um lamento pelos dias que vamos vivendo
Estamos no tempo de duas tentações. Ou nos deixamos cair na mais profunda das depressões, ou viramos a cara para o lado, não olhamos, seguimos a vida como se não fosse nada connosco e tentamos não pensar. Estamos, todos, provavelmente, a pendular entre estes dois estados de espírito, de um para o outro, várias vezes por dia. Quem conheça nem que seja um pouco de história sabe que este não é o pior momento da humanidade, nem o fim nem o princípio, este é apenas mais um momento, mais um elo na cadeia, mais um ínfimo segundo na errática viagem destes Homens que somos nós. É absolutamente impossível de entender a barbárie de que o homem é capaz, mas é preciso compreender que toda história do homem é feita de barbárie, algumas vezes actos muito mais inqualificáveis do que estes que agora nos açoitam sem perdão foram cometidos por e contra outros como nós. A humanidade é isso mesmo, esse poço de contradições, capaz do melhor e do pior. Perante o choque todos nos curvamos com a dor do espanto e da incredulidade, mas é nestes momentos que é preciso acreditar no outro lado da moeda, no bom, no belo, na Arte e no amor de que todos, mesmo todos, os homens são possuidores e capazes. É preciso chorar os que morrem, estejam eles de um lado ou do outro do muro, mas é igualmente vital acreditar no bem dos que sobrevivem, deste ou do outro lado do muro. Só assim seremos Homens.
Estamos no tempo de duas tentações. Ou nos deixamos cair na mais profunda das depressões, ou viramos a cara para o lado, não olhamos, seguimos a vida como se não fosse nada connosco e tentamos não pensar. Estamos, todos, provavelmente, a pendular entre estes dois estados de espírito, de um para o outro, várias vezes por dia. Quem conheça nem que seja um pouco de história sabe que este não é o pior momento da humanidade, nem o fim nem o princípio, este é apenas mais um momento, mais um elo na cadeia, mais um ínfimo segundo na errática viagem destes Homens que somos nós. É absolutamente impossível de entender a barbárie de que o homem é capaz, mas é preciso compreender que toda história do homem é feita de barbárie, algumas vezes actos muito mais inqualificáveis do que estes que agora nos açoitam sem perdão foram cometidos por e contra outros como nós. A humanidade é isso mesmo, esse poço de contradições, capaz do melhor e do pior. Perante o choque todos nos curvamos com a dor do espanto e da incredulidade, mas é nestes momentos que é preciso acreditar no outro lado da moeda, no bom, no belo, na Arte e no amor de que todos, mesmo todos, os homens são possuidores e capazes. É preciso chorar os que morrem, estejam eles de um lado ou do outro do muro, mas é igualmente vital acreditar no bem dos que sobrevivem, deste ou do outro lado do muro. Só assim seremos Homens.
(férias)
Não sei se já repararam, elas sim, mas o amigo António José encontra-se ausente no "estrangeiro"... Os teus comments fazem falta! Um abraço dos MUU:ILHAS...
quarta-feira, março 17
UM ANO DEPOIS ...
Um ano depois da Cimeira das Lajes não retiro uma vírgula do que escrevi a propósito do número especial da : Ilhas, editado a propósito do referido meeting entre os homens da coligação.
Hoje, especialmente depois do volte de face Espanhol, talvez seria ainda mais cáustico. Aqui fica um registo dissidente do mainstream bem pensante e politicamente correcto da maioria dos leitores do blog e da revista.
« A cimeira das Lajes internacionalizou, em termos mediáticos, a importância geo-estratégica dos Açores e forneceu-nos a ilusão de paridade com as grandes potências. Ao arrepio do isolacionismo do eixo franco germânico, Portugal, por força da liderança do seu Primeiro Ministro, teve a oportunidade de emergir no tabuleiro do xadrez diplomático internacional como se de uma peça essencial se tratasse.
Efectivamente, Portugal e Espanha projectaram internacionalmente a sua imagem e mostraram que a América pode , pelo menos em parte, confiar em alguns dos seus Aliados Europeus. É certo que a estratégia Ibérica não é altruísta. Todavia, se é hoje inequívoco que a América não precisa da Europa o inverso já não parece verosímil. Na verdade, isolar os Estados Unidos é má política quando, nos quintais desta Europa, somos forçados a estender a mão ao apoio do Tio Sam para dirimir as nossas escaramuças regionais. Porém, nesta nova ordem internacional pós 11 de Setembro, a América não voltará a estender a sua mão aos «aliados» que egoísta e desavergonhadamente voltaram as costas a Washington. De agora em diante, a Europa deve estar consciente de que terá que cuidar sozinha da sua defesa estratégica e, sarar os focos de conflitos regionais que encerram em si potencialidades de maior risco. Para os mais esquecidos basta evocar o contágio belicista com origem nos distantes Balcãs e o triste exemplo de Sarajevo.
Nesta perspectiva globalizante em que as únicas duas superpotências são a América e a opinião pública, é certo que quando aquelas se encontram em oposição, não é fácil militar na esfera de influência norte americana. Todavia, foi a opção corajosa tomada pelos executivos de Portugal e Espanha cuja consequência mediática mais louvável foi enrouquecer a esquerda saudosa do flower power e do Maio de 68. Efectivamente, a habitual turba à la gauche desceu às ruas da Europa em manif´s pela paz sem que, contudo, perceba que está cada vez mais burguesa e que a liberdade de que goza deve-a, em parte, ao odioso americano. Ora, é por via desta hostilidade europeia que os Estados Unidos se tornaram isolacionistas. Para os Americanos a Europa é, cada vez mais, uma figura de estilo e em termos políticos não passa de um agregado de potências regionais. Daí que se perceba que para a política norte americana o eixo franco germânico tem a dimensão irrelevante de uma aliança regional. Logo, neste contexto, sendo Portugal um Estado Liliputiano ainda assim conseguiu marcar presença num momento que o futuro poderá vir a demonstrar ter sido preponderante, por exemplo, para a sobrevivência da NATO.
Quanto à Guerra é manifesto que a mesma surge como uma consequência da perda de autoridade e prestígio da ONU, que tem mostrado, com total inépcia, ser incapaz de impor e executar as suas decisões. Aliás, que crédito nos merece uma organização que recentemente teve a Líbia a presidir à Comissão dos Direitos do Homem e o Iraque à Conferência de Desarmamento ? Todavia, após o armistício não é cogitável que o espaço geográfico do que é hoje o Iraque se revele o berço de uma nação Islâmica com sólidos fundamentos democráticos. Importa não esquecer que esta guerra tem motivações essencialmente geo-estratégicas e não é crível que se forje uma democracia à força da bomba. Porém, numa lógica utilitária, acredito que, nem mesmo aos prestimosos pacifistas de serviço à esquerda, Saddam deixe saudades. Por outro lado, acreditar que seja possível ocidentalizar e democratizar o Iraque é pura fantasia. Não nos esqueçamos que esta é também uma guerra de civilizações e cada vez mais a escola do relativismo cultural tem vindo a perder adeptos. »
Hoje, especialmente depois do volte de face Espanhol, talvez seria ainda mais cáustico. Aqui fica um registo dissidente do mainstream bem pensante e politicamente correcto da maioria dos leitores do blog e da revista.
« A cimeira das Lajes internacionalizou, em termos mediáticos, a importância geo-estratégica dos Açores e forneceu-nos a ilusão de paridade com as grandes potências. Ao arrepio do isolacionismo do eixo franco germânico, Portugal, por força da liderança do seu Primeiro Ministro, teve a oportunidade de emergir no tabuleiro do xadrez diplomático internacional como se de uma peça essencial se tratasse.
Efectivamente, Portugal e Espanha projectaram internacionalmente a sua imagem e mostraram que a América pode , pelo menos em parte, confiar em alguns dos seus Aliados Europeus. É certo que a estratégia Ibérica não é altruísta. Todavia, se é hoje inequívoco que a América não precisa da Europa o inverso já não parece verosímil. Na verdade, isolar os Estados Unidos é má política quando, nos quintais desta Europa, somos forçados a estender a mão ao apoio do Tio Sam para dirimir as nossas escaramuças regionais. Porém, nesta nova ordem internacional pós 11 de Setembro, a América não voltará a estender a sua mão aos «aliados» que egoísta e desavergonhadamente voltaram as costas a Washington. De agora em diante, a Europa deve estar consciente de que terá que cuidar sozinha da sua defesa estratégica e, sarar os focos de conflitos regionais que encerram em si potencialidades de maior risco. Para os mais esquecidos basta evocar o contágio belicista com origem nos distantes Balcãs e o triste exemplo de Sarajevo.
Nesta perspectiva globalizante em que as únicas duas superpotências são a América e a opinião pública, é certo que quando aquelas se encontram em oposição, não é fácil militar na esfera de influência norte americana. Todavia, foi a opção corajosa tomada pelos executivos de Portugal e Espanha cuja consequência mediática mais louvável foi enrouquecer a esquerda saudosa do flower power e do Maio de 68. Efectivamente, a habitual turba à la gauche desceu às ruas da Europa em manif´s pela paz sem que, contudo, perceba que está cada vez mais burguesa e que a liberdade de que goza deve-a, em parte, ao odioso americano. Ora, é por via desta hostilidade europeia que os Estados Unidos se tornaram isolacionistas. Para os Americanos a Europa é, cada vez mais, uma figura de estilo e em termos políticos não passa de um agregado de potências regionais. Daí que se perceba que para a política norte americana o eixo franco germânico tem a dimensão irrelevante de uma aliança regional. Logo, neste contexto, sendo Portugal um Estado Liliputiano ainda assim conseguiu marcar presença num momento que o futuro poderá vir a demonstrar ter sido preponderante, por exemplo, para a sobrevivência da NATO.
Quanto à Guerra é manifesto que a mesma surge como uma consequência da perda de autoridade e prestígio da ONU, que tem mostrado, com total inépcia, ser incapaz de impor e executar as suas decisões. Aliás, que crédito nos merece uma organização que recentemente teve a Líbia a presidir à Comissão dos Direitos do Homem e o Iraque à Conferência de Desarmamento ? Todavia, após o armistício não é cogitável que o espaço geográfico do que é hoje o Iraque se revele o berço de uma nação Islâmica com sólidos fundamentos democráticos. Importa não esquecer que esta guerra tem motivações essencialmente geo-estratégicas e não é crível que se forje uma democracia à força da bomba. Porém, numa lógica utilitária, acredito que, nem mesmo aos prestimosos pacifistas de serviço à esquerda, Saddam deixe saudades. Por outro lado, acreditar que seja possível ocidentalizar e democratizar o Iraque é pura fantasia. Não nos esqueçamos que esta é também uma guerra de civilizações e cada vez mais a escola do relativismo cultural tem vindo a perder adeptos. »
terça-feira, março 16
um ano, uma cimeira e uma Guerra depois
A 16 de Março de 2003 reuniram-se, na base das Lajes, 3 dos homens mais poderosos do Mundo. Objectivo? Avançar para - a Guerra no Iraque 2. A :ILHAS, nesse mesmo dia, decidia editar um n.º especial sobre este facto histórico. Posto aqui, um dos textos que compuseram esse número, também ele histórico, e que marcou um ponto de viragem na curta história da Revista. A escolha é aleatória mas não escondo que este foi um dos "meus" textos. Um abraço e muito Obrigado ao Joel e a todos os colaboradores desta e de outras :ILHAS.
O avião de Bush – uma crónica escrita no dia seguinte à cimeira por Joel Neto
A política já foi uma coisa admirável – hoje não o é. Quando domingo à tarde George W. Bush entrou na sala de conferência de Imprensa da cimeira das Lajes, ladeado por Durão Barroso, José Maria Aznar e Tony Blair, os jornalistas americanos levantaram-se em sinal de respeito e os portugueses não conseguiram conter o riso – não digo “eles, os jornalistas portugueses”, digo “nós”, eu incluído. Para todos os 120 repórteres presentes na sala (portugueses, americanos, ingleses, espanhóis e muitos outros), aquele encontro teria algo de brutal, algo de sério e sobretudo muito de encenado. Mas nós rimo-nos. Nós, os que supostamente lá estávamos em representação do povo português, aqueles a quem o povo português encarregara de trazer a notícia – nós rimo-nos do respeito que os jornalistas americanos, apesar de tudo, têm pelo símbolo nacional que é o seu presidente. E não foi anedótico. Não foi o nosso humor latino e estridente a tomar conta de uma sala. Rimo-nos porque não conseguimos conter o riso – o que é muito pior.
A política já foi uma coisa admirável e hoje está muito longe de o ser – e está tão longe de o ser para os jornalistas portugueses como provavelmente para o povo português, açorianos incluídos. Quando em 1971 Richard Nixon e Georges Pompidou se reuniram na ilha Terceira para a cimeira da desvalorização do dólar, milhares de pessoas encheram as ruas de Angra do Heroísmo para ver passar aqueles que só conheciam dos jornais – na altura não havia televisão no arquipélago. Este fim-de-semana, 32 anos depois, pouco mais de uma centena de cidadãos saiu à rua – e fê-lo para protestar contra uma guerra de que sabem tanto como da paz. Ninguém foi junto à Base das Lajes para mostrar a sua admiração pelo presidente americano – ou mesmo pelos primeiros-ministros do Reino Unido, Espanha e Portugal, três dos quatro países (falta a França) que historicamente mais diriam aos portugueses. Atenção: quando digo ninguém não quero dizer que foram dez ou vinte pessoas – quero dizer mesmo quase ninguém. Ao longo de todo o dia de domingo vi uma única senhora, esposa de um militar português das Lajes, a acenar para Bush. Mais nada. E a cimeira de domingo foi, provavelmente, o acontecimento político mais importante de toda a história dos Açores.
Quando a política era uma coisa admirável, havia pessoas que iam a uma grande cimeira internacional para mostrar a sua admiração pelos participantes – e então punham-se a olhar para os tiques humanos daqueles semi-deuses, a trocar com eles acenos ou apertos de mão que jamais esqueceriam, a jurar a si próprios que na próxima oportunidade (se um dia a houvesse) voltariam a aparecer. Se a política fosse uma coisa admirável as pessoas teriam ido domingo às Lajes, e se conseguissem ver alguma coisa haveriam de observar como Bush tem o ar pragmático de um rancheiro de sucesso, como Aznar é um meia-leca encarnadiço, como Tony Blair é provavelmente o mais charmoso de todos os grandes líderes mundiais. Teriam visto que Barroso chegou num avião pequenino, Aznar num avião maior, Blair num avião verdadeiramente grande e Bush num verdadeiro colosso dos céus – o mítico Air Force One –, exactamente à medida das respectivas importâncias no contexto mundial.
Mas não. A política já não é uma coisa admirável. Os homens votam naquele que lhe promete ir menos ao bolso. Os jovens votam naquele que lhe garante o melhor lugar no ministério. As crianças não sonham com o dia em que, finalmente, poderão votar. Não é que a História tenha acabado, como pretendia Fukuyama. A História continua, na verdade. Mas continua de uma maneira diferente, uma maneira em que a política deve sobretudo abster-se de chatear.
Ontem, na ilha Terceira, já ninguém falava no facto de Bush, Blair e Aznar terem passado por lá no dia anterior. O que as pessoas querem é que a guerra não lhes chegue à ilha – e o resto alguém proverá.
Simple Things *
* Zero 7 | Simple Things | website
It's an easy ride to roam
You'll never walk alone
Natuarally we blew
Simple things we say
Everyday we find the way
Seems like we've opened up the door
Feels like we've walked this way before
Natuarally we blew
Simple things you say
Everyday you'll find the way
It amazes
Everyday
Mais uma letra para alimentar o "desafio" do André. O Amor contemporâneo revisto através das "coisas simples".
It's an easy ride to roam
You'll never walk alone
Natuarally we blew
Simple things we say
Everyday we find the way
Seems like we've opened up the door
Feels like we've walked this way before
Natuarally we blew
Simple things you say
Everyday you'll find the way
It amazes
Everyday
Mais uma letra para alimentar o "desafio" do André. O Amor contemporâneo revisto através das "coisas simples".
equilíbrio (ambiental)
Em colaboração com a Câmara Municipal de Vila do Porto, com as juntas de freguesia e com a empresa ANA, S.A., o Governo Regional dos Açores está a levar a efeito uma acção de desratização concertada para combater aqueles roedores de campo naquela ilha. Não será, igualmente, possível uma - des(baratização)!?
segunda-feira, março 15
de volta ao mundo real
Foram cerca de 10, muito curtos, muito poucos, dias de perceves e descanso. Hoje regresso ao trabalho e ao blogue. Não que eu considere o blogue um trabalho, mas tenho para o blogue o mesmo tipo de disciplina que tenho para o trabalho. Nestes dias, que passaram tão rapidamente, muito foi acontecendo pelo mundo e com o mundo, não postei sobre quase nada por decisão minha, mas em Lisboa ofereceram-me um Moleskine onde fui guardando alguns protótipos de textos que irei a seu tempo, ao ritmo de músicas novas, postando. Até já.
domingo, março 14
FIM DE EMISSÃO
Fim de Emissão com « Máquina de Guerra »
« Na cidade de Palaguín
o dinheiro corrente eram olhos de crianças.
Em todas as ruas havia um bordel
e uma multidão de prostitutas
que frequentavam aos grupos casas de chá.
Havia dramas e histórias de « era uma vez»...
Havia hospitais repletos
onde à porta o pus escorria para as valetas;
Havia janelas que nunca se abriam
e prisões descomunais sem portas;
Havia gente de bem a vagabundear
com a barba crescida;
Havia cães enormes e famélicos
devorando mortos insepultos e voantes;
Havia três agências funerárias
em todos os locais de turismo da cidade;
Havia gente bebendo sofregamente
a água dos esgotos e das poças;
Havia um corpo de bombeiros
que lançava nas chamas gasolina.
Na cidade de Palaguín
Havia crianças sem braços e desnudas
que brincavam em parques de pântanos e abismos;
Havia ardinas que á tarde anunciavam
a falência do jornal que vendiam;
Havia cinemas onde o preço de entrada
era o sexo dum adolescente
( as mães cortavam os sexos dos filhos para verem cinema )
Havia um trust bem organizado
para a exploração do homossexualismo;
Havia leiteiros que ao alvorecer
distribuíam sangue quente ao domicilio;
Havia pobres que somente aceitavam como esmola
sacos de ouro de trezentos e dois quilos;
E havia ricos que pelos passeios
imploravam misericórdia e chicotadas;
Na cidade de Palaguín
Havia bêbados emborcando ácidos
e retorcendo-se em espasmos na valeta;
Havia gatos sedentos
que iam beber leite aos seios das virgens;
Havia uma banda de música
que dava concertos com metralhadoras;
Havia velhas que se suicidavam
atirando-se das paredes para o meio da multidão;
Havia balneários públicos
com duches de vitríolo – quente e frio –
A população banhava-se frequentes vezes... »
Carlos Eurico da Costa
In «Máquina de Guerra» - Poemas Colectivos –
extraído de «Poesia de António Maria Lisboa» , Ed. Assírio e Alvim
...Shanti !
« Na cidade de Palaguín
o dinheiro corrente eram olhos de crianças.
Em todas as ruas havia um bordel
e uma multidão de prostitutas
que frequentavam aos grupos casas de chá.
Havia dramas e histórias de « era uma vez»...
Havia hospitais repletos
onde à porta o pus escorria para as valetas;
Havia janelas que nunca se abriam
e prisões descomunais sem portas;
Havia gente de bem a vagabundear
com a barba crescida;
Havia cães enormes e famélicos
devorando mortos insepultos e voantes;
Havia três agências funerárias
em todos os locais de turismo da cidade;
Havia gente bebendo sofregamente
a água dos esgotos e das poças;
Havia um corpo de bombeiros
que lançava nas chamas gasolina.
Na cidade de Palaguín
Havia crianças sem braços e desnudas
que brincavam em parques de pântanos e abismos;
Havia ardinas que á tarde anunciavam
a falência do jornal que vendiam;
Havia cinemas onde o preço de entrada
era o sexo dum adolescente
( as mães cortavam os sexos dos filhos para verem cinema )
Havia um trust bem organizado
para a exploração do homossexualismo;
Havia leiteiros que ao alvorecer
distribuíam sangue quente ao domicilio;
Havia pobres que somente aceitavam como esmola
sacos de ouro de trezentos e dois quilos;
E havia ricos que pelos passeios
imploravam misericórdia e chicotadas;
Na cidade de Palaguín
Havia bêbados emborcando ácidos
e retorcendo-se em espasmos na valeta;
Havia gatos sedentos
que iam beber leite aos seios das virgens;
Havia uma banda de música
que dava concertos com metralhadoras;
Havia velhas que se suicidavam
atirando-se das paredes para o meio da multidão;
Havia balneários públicos
com duches de vitríolo – quente e frio –
A população banhava-se frequentes vezes... »
Carlos Eurico da Costa
In «Máquina de Guerra» - Poemas Colectivos –
extraído de «Poesia de António Maria Lisboa» , Ed. Assírio e Alvim
...Shanti !
# 13 : ILHAS
O # 13 da : Ilhas está aí com uma marca registada de fôlego renovado e uma imagem gráfica cada vez melhor !
Pela perseverança e empenho do Alexandre Pascoal, João Pedro Vaz de Medeiros, Pedro Arruda e Vitor Marques, a minha admiração e os meus parabéns.
Quanto ao conteúdo deste # 13, que já li integralmente, fica a nota de dois textos que recomendo pelo saboroso sentido de humor. Um é do Nuno Costa Santos e outro do Luís Filipe Borges. Pese embora o registo seja diferente, em comum têm o traço marcante da inteligência de emerge do humor refinado.
Boa Sorte para o próximo número !
Pela perseverança e empenho do Alexandre Pascoal, João Pedro Vaz de Medeiros, Pedro Arruda e Vitor Marques, a minha admiração e os meus parabéns.
Quanto ao conteúdo deste # 13, que já li integralmente, fica a nota de dois textos que recomendo pelo saboroso sentido de humor. Um é do Nuno Costa Santos e outro do Luís Filipe Borges. Pese embora o registo seja diferente, em comum têm o traço marcante da inteligência de emerge do humor refinado.
Boa Sorte para o próximo número !
...PERDOAR ? NUNCA !
Lido e relido o post do Tózé ( e respectivos comentários ) nunca, mas nunca, partilharia de igual perspectiva ! No comovido texto, postado no rescaldo do bombardeamento do centro de Madrid , fica subliminarmente exposta a chaga de um sentimento Ocidental que ainda hoje enfraquece a Europa. Esse sentimento tem por matriz comum o relativismo cultural, aceite quase institucionalmente, e derivado da tese do fardo do homem branco cujo remorso tem desculpado e branqueado a barbárie.
Nunca aceitarei qualquer «confissão» ensombrada pelo meu «quinhão de culpa» Ocidental ( cfr. literalmente sugere o Tózé ) que, supostamente, toldaria a minha consciência na percepção de actos de natureza infame e torpe. Conscientemente sou orgulhosamente Ocidental ! Aceito sem qualquer contrição a defesa da minha Civilização à qual foi declarada guerra.
Efectivamente, do que aqui se trata não é de uma questão de raça ou xenofobia, mas sim de superioridade civilizacional que, neste charco ideológico do politicamente correcto, ninguém tem coragem de afirmar e assumir.
O multiculturalismo, e outros ismos pós-modernos, tem relativizado actos de desobediência civil , crimes de natureza hedionda , e manifestações de ódio contra o ocidente , colocando a análise de tais actos na inaceitável perspectiva do psicodrama dos « Juans Carmens Muhameds e Fátimas que cometem estas atrocidades » ( cfr. perspectiva o Tózé após reflectir sobre a «justificação» do ataque a Madrid ! ).
O certo é que, a lógica tributária do relativismo cultural tem contaminado o pensamento de amplos sectores intelectuais do Ocidente que, no recatado descanso das suas cátedras, preconizam o que o Mal é, afinal, a consequência de uma longa tradição de imperialismo cultural !
As luminárias desta corrente de pensamento , profusamente patrocinada pela esquerda caviar, advogam que o status quo da actual ordem internacional é culpa nossa ! Como remédio sugere-se que um pouco de humildade dissiparia a nossa soberba, fazendo-nos ver que a nossa cultura não é melhor do que outras. É apenas diferente e, porventura, inferior !
Esta ideologia, radicalizada nos pressupostos traulitantes do chavão «todos diferentes/todos iguais» leva-nos a um ignóbil «mea culpa» que não aceito. Afinal não somos todos iguais !
Nunca aceitarei qualquer «confissão» ensombrada pelo meu «quinhão de culpa» Ocidental ( cfr. literalmente sugere o Tózé ) que, supostamente, toldaria a minha consciência na percepção de actos de natureza infame e torpe. Conscientemente sou orgulhosamente Ocidental ! Aceito sem qualquer contrição a defesa da minha Civilização à qual foi declarada guerra.
Efectivamente, do que aqui se trata não é de uma questão de raça ou xenofobia, mas sim de superioridade civilizacional que, neste charco ideológico do politicamente correcto, ninguém tem coragem de afirmar e assumir.
O multiculturalismo, e outros ismos pós-modernos, tem relativizado actos de desobediência civil , crimes de natureza hedionda , e manifestações de ódio contra o ocidente , colocando a análise de tais actos na inaceitável perspectiva do psicodrama dos « Juans Carmens Muhameds e Fátimas que cometem estas atrocidades » ( cfr. perspectiva o Tózé após reflectir sobre a «justificação» do ataque a Madrid ! ).
O certo é que, a lógica tributária do relativismo cultural tem contaminado o pensamento de amplos sectores intelectuais do Ocidente que, no recatado descanso das suas cátedras, preconizam o que o Mal é, afinal, a consequência de uma longa tradição de imperialismo cultural !
As luminárias desta corrente de pensamento , profusamente patrocinada pela esquerda caviar, advogam que o status quo da actual ordem internacional é culpa nossa ! Como remédio sugere-se que um pouco de humildade dissiparia a nossa soberba, fazendo-nos ver que a nossa cultura não é melhor do que outras. É apenas diferente e, porventura, inferior !
Esta ideologia, radicalizada nos pressupostos traulitantes do chavão «todos diferentes/todos iguais» leva-nos a um ignóbil «mea culpa» que não aceito. Afinal não somos todos iguais !
sábado, março 13
o Desejo acabou-se
Os amigos casaram ou "cansaram-se". O Nuno deu por finda a experiência bloguística “casadoira” do Desejo Casar. O fim dos blogs estará próximo? A "moda" ou as “luzes da ribalta” apagaram-se? Vamos pregar para outra freguesia? Será o fim de uns ou início de outros? O que é que nos prende ao computador, horas a fio, e a esta escrita de ocasião, passageira e virtual? Solidão? Desvario? Protagonismo? Ego(trips)? Desabafos? Frustrações? Oportunismos? Fuga à realidade? O Pedro promete continuar esta discussão... eu vou Jantar!
sexta-feira, março 12
Aznar tem agora em Madrid o que quis em Bagdad - a Guerra!...
"A apologia da guerra é apologia disto que aconteceu em Madrid ? sofrimento e morte!...". Afixado por j.silva em março 12, 2004 12:07 PM no Blogue de Esquerda II.
Mais uma
Aqui fica mais uma das fotos que ilustram este nº 13 da :ILHAS, todas da autoria de José António Rodrigues
13:ILHAS - AZAR - SUPERSTIÇÃO - RELIGIÃO
Tempos de Azar. O 13 é o número desta edição. Mas o 11 é, sem dúvida, um número marcado, duplamente, pelo horror e pelo terrorismo em larga escala.
A edição nº13 é lançada, oficialmente, amanhã - dia 13 de Março - num jantar-tertúlia na Colmeia. Mas, já pode ser encontrada em alguns dos locais habituais de distribuição.
Aqui fica um extracto do editorial: A :ILHAS ainda não atingiu a maioridade, mas entra perigosamente na adolescência. Com este número já são 13. Muitos não acreditaram que chegássemos até aqui. Nós, provavelmente, também não. Mas cá estamos. Alguém me dizia que a revista respirava maturidade. Eu respondo que não. Foram ultrapassadas algumas barreiras. Mas, subsistem muitos obstáculos. Persiste muita precariedade. Temos alcançado, sobretudo, pequenas conquistas. A :ILHAS tem sido, fundamentalmente, uma questão de "sobrevivência" e de muita teimosia às quais se adicionam muitas dificuldades. A nossa intenção é de um processo de renovação e inovação constantes, passo a passo, pequenos passos, à dimensão da realidade que nos rodeia, a cada número. A revista é de todos que com ela colaboram. Vive de quem escreve, de forma simbólica e gratuita, dos temas propostos e dos apoios que nos patrocinam. Obviamente que a ideia inicial nem sempre resulta da forma que a idealizamos...e há que conviver com alguns "azares".
quinta-feira, março 11
Nunca, nunca...
Não vou, aqui, dizer-vos, gratuitamente, que o que aconteceu hoje em Madrid é indescritível, inaceitável, cobarde, selvagem. Fazê-lo seria gastar o meu, e o vosso tempo, com o óbvio e o, fácilmente, recompensante.
Este é um momento das perguntas difíceis, e não das respostas fáceis.
O que eu gostava de reflectir, era sobre a mesma dúvida que me ensombrou a consciência aquando do 11 de Setembro. O que leva uma criatura de Deus a cometer um acto desta natureza. E qual o meu quinhão da culpa que escurece parte da minha consciência.
Nós deixamos que decidam por nós que rosto têm estes homens e mulheres. Dão-nos caras de líderes e siglas para odiarmos, mas na realidade são Juans e Carmens, Muhameds e Fátimas, que cometem estas atrocidades. São filhos, mães, irmãos, vizinhos, gente com sonhos de vida, de família, de cidadania. O que os leva a ver a solução, a saída para o seu desespero existencial, num acto que é um fim, sem princípio.
Não podemos cair no mesmo erro que lhes facilita esta carnificina. Para eles nós somos brancos, europeus, cristãos, americanos, espanhóis, anti-árabes. Assim é mais fácil matar. Mas isso não é verdade. Quem morre são também Juans e Carmens, Muhameds e Fátimas. São filhos, mães, irmãos, vizinhos, gente com sonhos de vida, de família, de cidadania. Afinal somos todos iguais.
Eu gostaria de imaginar que vos poderia garantir que, ultrapassa totalmente o meu comportamento existencial, eu ter a capacidade de cometer tal acto. Que nem que a minha tribo sofresse um holocausto, nem que destruíssem a minha aldeia, assassinassem os meus progenitores, violassem as mulheres da minha vida, tirassem o pão da vida da boca esfomeada dos meus filhos, me deixassem sem razão de vida que não a vingança, que eu nunca, nunca …
Agora, aqui, protegido de tudo isso, digo que sim, nunca.
IT´S PAY BACK TIME !!!
EU PENSAVA QUE ELES VINHAM FAZER TURISMO DE MAR, MAS NÃO! ELES VEÊM COBRAR. NÃO HÁ ALMOÇOS (NEM SUBSÍSIOS) DE GRAÇA!
quarta-feira, março 10
Colecção Sem Título | Arvorar : Maria José Cavaco na Galeria Fonseca Macedo até 30 de Abril. Para a autora "(...) a Colecção Sem Título é a descrição visual da sensação provocada pelo toque de uma mão sobre um corpo próximo, muito próximo, à proximidade da respiração – em que pouco mais do que a própria temperatura do corpo tocado permanece visível". O carácter desconstrutivista presente nos materiais utilizados e na experimentação da cor remetem-nos para um estado transitório e "é a antecipação possível de futuros projectos de pintura". Uma sugestão para o final da tarde ou de fim-de-semana.
(piada do dia)
Força aérea garante reforço de fiscalização das águas açorianas. Será que temos de agradecer a amabilidade!?
mediocridades à beira-mar plantadas
Depois de um desabafo. A triste confirmação. SIC e TVI abriram os telejornais às 20h com o jogo de ontem. A RTP-1 ainda conseguiu resistir durante 6 minutos. Mas, não "resistiu" a isto. A este propósito Luisa Schmidt no seu último livro - Ambiente no Ecrã - diz o seguinte: "(...) Hoje ninguém dúvida da acção politicamente orientada dos media, mesmo que os seus mecanismos e os processos pelos quais actuam permaneçam muitas vezes ocultos sob a evidência dos seus efeitos". Tenham vergonha! Tenham muita bergonha!!!
a Farmácia (livraria)
O Vitor já havia dito que a ex-Farmácia Costa seria uma nova livraria. Óptimo! Tenho somente pequenas dúvidas de ocasião. Primeiro. Gostaria de saber onde estão os leitores desta cidade? Segundo. O lifting ou a "reconversão" do espaço será a mesma do que aquela aplicada à - (ex) Tabacaria Açoreana!?
um Blog presidencial
Mais um contributo para acompanhar, pelo menos, virtualmente, as eleições do homem mais poderoso (e perigoso) do Mundo. Uma "sugestão" do Público.
Canções de Amor
Ontem foi dia de cumprir tarefas adiadas e para me esquecer da interrupção nas férias levei a tarde, inspirado por um post do Andre, a pensar nas minhas canções de amor preferidas. Assim e em jeito de Top 5 aqui fica:
Booklovers, the divine comedy (porque há amor para lá das pessoas...)
Lilac Wine, jeff buckley (porque não há amor sem um coração despedaçado)
Let’s get Lost, chet baker (porque ninguém canta como o chet e porque o amor é querer estar perdido, perdido nos teus braços)
Imagine, john lennon (porque o que seria do amor sem um mundo para amar?)
Metade, adriana calcanhoto (porque não há amor sem um coração despedaçado)
Há mais, fica prometido novo Top.
Booklovers, the divine comedy (porque há amor para lá das pessoas...)
Lilac Wine, jeff buckley (porque não há amor sem um coração despedaçado)
Let’s get Lost, chet baker (porque ninguém canta como o chet e porque o amor é querer estar perdido, perdido nos teus braços)
Imagine, john lennon (porque o que seria do amor sem um mundo para amar?)
Metade, adriana calcanhoto (porque não há amor sem um coração despedaçado)
Há mais, fica prometido novo Top.
terça-feira, março 9
45
Hoje a boneca mais vendida do mUndo faz 45 anos. Outro pormenor, digno de registo, é o facto deste ser o primeiro aniversário de Barbie sem o companheiro - de toda uma vida - Ken. Só uma grande notícia, como esta, consegue desanuviar a euforia causada pela derrota do Man United...
MacDonalds passa a poder pastar em 50% da área exclusiva de floresta da Amazónia
Por decisão do FMI, a partir de 31 de Abril deste ano de 2004, a MacDonalds passa a poder pastar em 50% da área exclusiva de floresta da Amazónia.
Quando a primeira vaca (sem batata frita) foi avistado pelos índios aborígenes, estes de imediato apresentaram uma queixa ao governo do estado do Párana. O ministro da Agricultura e Vaca começou por dizer que uma vaca não fazia uma manada e que tudo não passava de um “fait-diver”. Mais tarde o representante local do seu partido veio a público dizer que os índios deviam estar agradecidos porque, no início, o FMI tinha intenções de permitir a pastagem em cerca de 75% da floresta amazónica, senão mesmo de 94%. Portanto perder só 50 % era quase um milagre que devia ser agradecido (se possível em votos) ao Sr. Ministro e seu partido. Alguns membros da extrema Industria Capitalista (partido radical) comentaram ainda, numa entrevista para a RTVacas, que não percebiam a razão de tanto alarido político, pois trata-se de uma zona geográfica para onde o índio raramente se desloca, uma zona com muita árvore mas muita pouca pedra preciosa, uma zona tão pouco aproveitada que até é pecado, e que agora, sim, poderá ter o seu devido uso lucrativo. Haverá uma revisão, dentro de seis meses, por parte do FMI, para reavaliar a situação, sendo de esperar que, quando as vacas comerem a erva toda é muito provável que se vão embora.
Algumas Cidades
Um post sobre a parte mais íntima das cidades de que gostamos.
Há um carácter especial em certas cidades. Cidades com pátine, cidades em que se respira a idade, em que se sente os anos que passaram nas varandas dos prédios. Cidades maduras, com histórias, com recantos e veias, com sangue. Há, em certas cidades, um sentimento próprio de pertença, que é como o sentimento próprio de ler um poema que nos surge na primeira leitura tão familiar como o passar das horas. Há cidades com a beleza única das pessoas idosas, com vida em cada rua-ruga e olhos cheios de perdão.
Há um carácter especial em certas cidades. Cidades com pátine, cidades em que se respira a idade, em que se sente os anos que passaram nas varandas dos prédios. Cidades maduras, com histórias, com recantos e veias, com sangue. Há, em certas cidades, um sentimento próprio de pertença, que é como o sentimento próprio de ler um poema que nos surge na primeira leitura tão familiar como o passar das horas. Há cidades com a beleza única das pessoas idosas, com vida em cada rua-ruga e olhos cheios de perdão.
segunda-feira, março 8
Carta de Lisboa
Como os leitores frequentes do :ILHAS já devem ter reparado estou em fase de poucas palavras. Não só interrompi o vício de um post por dia, como deixei de visitar o blog várias vezes ao dia. Hoje num descabido surto de saudade da blogoesfera venho fazer uma visita e fico descansado ao constatar que o blog está de boa saúde. (Força TóZé e Alexandre.) Estou de “férias”, ou o mais próximo de umas férias que me é possível. Abandonei as ilhas já lá vão cinco dias e nesse tempo saltitei entre o Porto e Vila Nova de Milfontes, com paragem em Lisboa.(Já agora, querem saber uma coisa, Portugal é o país mais pobre da Europa!) Estou entre o amor e responsabilidades e visitas a velhos amigos, estou entre grandes repastos, entre tripas e perceves e vinhos alentejanos e amêijoas à Bulhão Pato. Estou a comprar discos e revistas e a caminhar a pé, o mais que posso e a surfar sempre que posso. Agora fico-me por Lisboa, a cidade da minha infância, a cidade com a qual já não consigo fazer as pazes, a cidade desconhecida de hoje. Espero nos próximos dias retomar o vício das palavras expostas. Para o :ILHAS e para as ilhas um abraço deste que vos adora.
100 milhas são muito ...... pouco ?!?!?
Perdemos 100 milhas de soberania? Perdemos.
Isso é bom? Não.
É mau? Sim.
Podíamos ter perdido 150 ou 188? Podíamos.
Isso é bom? Não.
Podia ter sido pior? Podia.
Isso é bom? Não.
É mau? Sim.
Podíamos ter perdido 150 ou 188? Podíamos.
Isso é bom? Não.
Podia ter sido pior? Podia.
"Aonde há uma mulher, há trabalho" Dia Mundial da Mulher
As mulheres da minha vida foram sempre mulheres da “guerra” da vida. Sempre na frente da batalha do dia a dia. Venho de linhagens matriarcais. Gente de muito trabalho, donas de casa e profissionais. O meu avô já tinha uma tia que era médica, sua mãe (minha bisavó), viúva, ainda antes dos trinta, mudou-se para Coimbra para poder dar aos seus três filhos um curso superior (estamos a falar por volta da II Guerra Mundial). Minha avó materna, com treze filhos, era uma mulher sempre atarefada. Minha avó paterna com dezoito filhos (viúva, ainda o meu pai não tinha 10 anos), e uma vida de campo, era sinónimo de trabalho. Minha mãe, já casada, acompanhou o meu pai para a guerra em Angola. Deu aulas numa missão e aí teve dois filhos, sim, o meu pai não esteve sempre no mato. De volta a Lisboa, acabou a sua formação académica, dando explicações e fazendo de um apartamentozinho um lar. Liderou a família, já com quatro filhos, num primeiro “exílio” do Norte de Portugal, de volta para as ilhas, em 74. Juntou a família num novo exílio nos EUA, logo em 75. Acompanhou um homem (meu pai) num “ideal” que muitas vezes “desequilibrava” a família. Geriu uma profissão, um negócio e uma família de seis filhos. Ela e o meu pai puseram seis filhos na universidade. A minha irmã mais velha foi uma segunda mãe dos 4 irmãos mais novos. Abdicou de parte da sua juventude para a minha mãe poder ser super mulher. Com 22 anos tinha o seu curso superior tirado com mesadas abaixo do mínimo necessário. É agora também uma super mulher de uma família (sua) de quatro.
Sou descendente de super mulheres, da guerra, capazes do milagre mais difícil que é o viver o dia a dia sendo ao mesmo tempo mulher, cidadã, esposa, mãe, dona de casa, profissional, empresária e mais, sem nunca recuarem, nem abdicarem das suas responsabilidades.
Sou descendente de super mulheres, da guerra, capazes do milagre mais difícil que é o viver o dia a dia sendo ao mesmo tempo mulher, cidadã, esposa, mãe, dona de casa, profissional, empresária e mais, sem nunca recuarem, nem abdicarem das suas responsabilidades.
domingo, março 7
Obrigado, pelo esclarecimento!...
Uma resposta partidária. Mais do que uma verdade insofismável trata-se de mais um corropio do marketing político-partidário. E ainda estamos em Março. Até Outubro vão acentuar-se os "casos"... A linha está aberta. Façam os vossos comentários!
no comment's
Todos os dias, nos diários da Região, há crónica e espaço reservado às novidades partidárias que, nestes tempos, assumem destaque (exacerbado e forçado...sabe-se lá por quê e por quem!?), apenas porque, em Outubro, temos eleições. Ontem um cronista de "renome", cruzou algumas palavras no AO, referindo-se à "política espectáculo" que por cá a(bunda). Eu penso que ele, melhor que ninguém, sabe do que fala...
Ribeira Grande. Março 2004. Céu e ondas a condizer. Um molhe que teima em crescer e cuja utilidade, e sentido estético, deixam muito a desejar... é o Progresso visto e revisto pelos "nossos" autarcas. Com o alto patrocínio do PITER-FEDER-PRODESA... e outros programas de incentivos vindos da UE. São estas as prioridades enquanto, por exemplo, ainda não está concluído o saneamento básico nem sequer previsto o tratamento das águas residuais... é este o estado do Ambiente Natural dos Açores!
sábado, março 6
Vai tu!
O Barata é aquele tipo de pessoa que debita uma tal quantidade de sílabas ordenadas em palavras que, aliado com uma inteligência perspicaz, acaba por, num monólogo, dizer sempre algo de muito interessante, senão importante. Num desses monólogos, que ontem sofri, o Barata referiu que o momento mais importante (polémico) da entrevista do Sr. Carlos César foi o ele ter confessado que o governo seria “totalmente” remodelado. O Barata acha que isso é, no mínimo, uma deselegância política para com os membros do seu governo. Numa das poucas frases que consegui dizer toda a noite, respondi-lhe que provavelmente os ditos cujos já teriam sido, previamente, informados. O Barata continuou o seu monologo dizendo que, mesmo assim sendo, a desautorização pública das funções dos membros do governo para o que lhes resta do mandato seria, para si, insuportável e teria pedido de imediato a demissão.
Confesso que esta perspicácia política foi como uma bofetada de mão fria na minha face de amadorismo político. Visto assim, ele tem absolutamente razão.
A vergonha foi tal que me limitei a abanar sims com a cabeça, o resto da noite. Como é que eu não vi logo isto? Lérdinha, mesmo!
Daqui até à formação do novo governo PS, passará quase um ano. Ano este em que os insultados, e demitidos, Secretários terão que comandar, possíveis demitidos, Directores Regionais que têm agora a legitimidade de lhes responder – Vai tu! Que eu já não mando nada aqui!
Confesso que esta perspicácia política foi como uma bofetada de mão fria na minha face de amadorismo político. Visto assim, ele tem absolutamente razão.
A vergonha foi tal que me limitei a abanar sims com a cabeça, o resto da noite. Como é que eu não vi logo isto? Lérdinha, mesmo!
Daqui até à formação do novo governo PS, passará quase um ano. Ano este em que os insultados, e demitidos, Secretários terão que comandar, possíveis demitidos, Directores Regionais que têm agora a legitimidade de lhes responder – Vai tu! Que eu já não mando nada aqui!
sai um (MIMO)
Mais um espaço comercial em risco. O Restaurante MIMO fechou. Apesar de intervenções recentes, de teor duvidoso, continua(va) a ser um dos últimos locais que mantinham uma certa "nostalgia" de época, já distante, e uma não-formatação da nova "estética" Urbcom que tudo renova por igual. A descaracterização dos centros históricos é por demais evidente e ninguém poderá dizer o contrário. Este périplo fotográfico continua...dentro de momentos.
sexta-feira, março 5
uma constatação
às vezes deambular só pelas ruas de cidades desconhecidas apenas com o esforço dos pés e das pernas e de espírito aberto pode ser tão bom como ler um poema.
um post para o meu amigo Vitor.
um post para o meu amigo Vitor.
Daniel J. Boorstin (1914-2004)
Literalmente sobre o atlântico, voando a não sei quantos mil metros de altitude, a não sei quantos quilómetros de velocidade, embato subitamente com esta noticia nas páginas do DN. Morreu Daniel J. Boorstin. Para alguém como eu que leu Boorstin como se fosse poesia a morte deste grande historiador foi como se morre-se um poeta. A trilogia dos pensadores, criadores, descobridores é a mais conhecida obra de Boorstin em Portugal. Mas se realmente quiserem conhecer este autor brilhante tentem estes três livros The Americans.
Encontrei a morte de Boorstin no céu.
Encontrei a morte de Boorstin no céu.
e antes ou depois do cinema...
uma paragem na Feira de Obras Literárias, da Livraria Solmar, com descontos até 50%. A cultura literária a "preço de saldo" e uma oportunidade para apoiar o amigo José Carlos numa altura de "crise" e de obras no centro comercial da Marginal de Ponta Delgada.
Invasões no Solmar
De novo em exibição, depois dos Óscares (melhor filme estrangeiro), as Invasões Bárbaras passam nas sessões das 14h30 e 19h30. Embora o realizador - Denys Arcand - diga que não se trata de uma sequela, que é, podemos em complemento "assistir" ou rever o - Declínio do Império Americano (às 17h e 22h). Não podia ser em melhor altura! 2 sessões imperdíveis...
quinta-feira, março 4
Um telefonema. Um amigo. Um convite. Amanhã a :ILHAS estará no Livro Aberto de Francisco José Viegas. Um programa onde se aborda - A relação entre livros e leitores num programa diversificado. O Pedro representa, e muito bem, o projecto. Outros convidados incluem a Periférica e a 365. Para os insulares o acesso à NTV é "limitado". Assim, são estes os canais e horários disponíveis: NTV, Quinta-feira, 04 de Março, às 23h00 (22h nos Açores) e RTP-África, Domingo, 07 de Março, às 03h30 (02h30 nos Açores). E como o nº13 está para breve... break a leg!
quarta-feira, março 3
24 tempos vs 0 brumas
A nossa vida é marcada pelos mais variados acontecimentos, mas a reincidência de certos acontecimentos num mesmo período de tempo, marcam esse tempo. Dei por mim a dividir o tempo das experiências das vidas que eu conheço.
O tempo do que não se lembra
o tempo da escola
o tempo dos amigos
o tempo dos namoros
o tempo de sair de casa
o tempo das relações
o tempo do trabalho
o tempo dos casamentos
o tempo dos grandes projectos
o tempo do princípio da morte da geração dos avós
o tempo dos bebés
o tempo dos divórcios
o tempo de novas relações
o tempo das crises existenciais
o tempo do princípio da morte da geração dos pais
o tempo das ultimas “maluqueiras” que já não são
o tempo dos netos
o tempo da reforma
o tempo das memórias
o tempo do que não nos vamos lembrar
o tempo do fim do tempo
foto (não digital) de Misha Gordin
O tempo do que não se lembra
o tempo da escola
o tempo dos amigos
o tempo dos namoros
o tempo de sair de casa
o tempo das relações
o tempo do trabalho
o tempo dos casamentos
o tempo dos grandes projectos
o tempo do princípio da morte da geração dos avós
o tempo dos bebés
o tempo dos divórcios
o tempo de novas relações
o tempo das crises existenciais
o tempo do princípio da morte da geração dos pais
o tempo das ultimas “maluqueiras” que já não são
o tempo dos netos
o tempo da reforma
o tempo das memórias
o tempo do que não nos vamos lembrar
o tempo do fim do tempo
foto (não digital) de Misha Gordin
FACTOS SÃO FACTOS
Depois da entrevista dos 3 contra 1, mais um bom exemplo.
O Ambeiente na ordem do dia.
O Ambeiente na ordem do dia.
Mr President
Foto: Pedro Sá da Bandeira/lusa
John Kerry é neste momento "o" candidato do partido democrata às eleições presidenciais americanas de Novembro próximo. Para além de uma clara vitória em 9 de 10 estados, California e NY sendo dois desses nove estados em que Kerry ganhou, ontem ficou também claro a união e a vontade da totalidade do partido democrático para a árdua campanha que se avizinha. O discurso de Edwards é um exemplo dessa vontade e, ainda mais, o brilhante discurso de Kerry. Agora duas questões cruciais se vão apresentar: dinheiro para a campanha e a escolha de um "running-mate". A nós resta-nos esperar que em Novembro os americanos abandonem os extremismos e se tornem mais tolerantes.
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