País, país *
Para muitos, Portugal é um projecto de país eternamente adiado. Mas isso não é difícil num país onde o fatalismo vigente rivaliza com a necessidade de competitividade emergente mas que tarda em chegar.
Independentemente de estar à beira-mar plantado, este é um país no limiar da esquizofrenia (com o devido respeito a quem dela padece) e que alterna estados de humor a um ritmo frenético. Euforia num dia, o Caos no dia seguinte. O português vive angustiado e sintomaticamente ressacado ou a ressacar. É a vida, dirá a maioria.
O futebol será um daqueles poucos exemplos em que a transversalidade dos apoios extravasa a classe, a idade e o sexo. Neste dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, só falta mesmo acrescentar o Futebol, o desporto com maior impacto mediático, pois é um dos poucos momentos em que exibimos com orgulho a bandeira nacional (extrapolação absurda, mas consciente!). Assistimos, essencialmente via televisão (é mediante a presença de uma câmara que a maioria dos adeptos exulta o seu patriotismo e só dessa forma é que ele faz sentido) às cenas mais incríveis em torno da selecção e do ser português. Tudo é marketing e é vendável, mas só recentemente é que despertámos para o carácter mercantil associado aos ídolos do povo. As marcas agradecem.
Parafraseando Francisco Murteira Nabo (sim, é possível!): “Se esta atitude de auto-estima, orgulho e confiança [dos portugueses em relação à selecção] se estendesse às outras áreas da vida nacional, o País que temos seria muito diferente... para muito, muito melhor!”. A questão padece fundamentalmente da ausência de auto-estima nacional, continuamente esvaziada por uma crise instalada e entretanto agravada por uma conjuntura internacional conturbada, instável e altamente imprevisível, que ameaça tornar ainda mais volátil a débil economia lusa.
E assim vamos “alegremente”…e a crédito
* edição de 10/06/08 do AO
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