"Links have a direct value on the Web and can be seen as a pseudo-monetary unit."
Esta citação de Jill Walker, que descobri via Giuseppe Granieri, fez-me regressar à lista de links do :ILHAS, ou como se diz em bloguês a nossa blogroll, que, como os leitores mais atentos terão reparado estava em letargia absoluta há vários meses. Os links, com o seu poder propagandístico, são uma ferramenta essencial para a construção da notoriedade de um blogue, por vezes até mais do que os próprios posts. Da mesma maneira que uma pessoa que tenha, digamos, friends in hy high places, um blogue que consiga links de blogues de referência rapidamente entrará na "alta-roda" da blogoesfera. A aceitação e o reconhecimento expressos por um link são um valor quase monetário. No :ILHAS, que no contexto da blogoesfera portuguesa é um blogue não da antiguidade mas da idade média, a nossa política de linkagem foi sempre por amizade ou por afinidade. A regra era uma regra de gosto mais do que de proveito. Com a passagem do tempo e do crescimento da lista a escolha tornou-se mais complexa e as razões mais variadas. No início desta aventura havia regras não escritas mas muito claras, uma delas era linkas quem te linka, uma regra simples de reciprocidade. E no início, devo dizer, a única vez que quebrei esta regra foi com o Renas e Veados e por razões de temor homofóbico que ainda hoje me envergonham. E, também no início, fomos linkados por uma razoável lista de alguns dos melhor relacionados blogues nacionais, facto certamente explicável por termos relações de amizade com o País Relativo e o Desejo Casar, dois blogues extremamente importantes nos idos de 2003. Mas como a blogoesfera é uma realidade de tempo rápido, cedo fomos confrontados com blogues que morriam e aí, em respeito a uma das regras clássicas desse código de conduta da blogoesfera, a opção foi pelo strike. O strike significava, em língua antiga, uma referência errada, um erro na escrita ou um link desactivado, era a referência visual para o leitor perceber que aquele link estava desactivado. Mas como os blogues são tão emocionais como as pessoas que os escrevem, cedo percebi que era impossível controlar os strikes. Blogues que morriam de vez, blogues que hibernavam no inverno e regressavam no verão ou vice versa, blogues que de dois em dois meses tinham um post, como um soluço, enfim nunca nada, na maioria dos casos, era definitivo e isso implicava estar regularmente, constantemente, a por e a tirar strikes. Há medida que a lista de links aumentava essa tarefa e essa atenção constante tornavam-se cada vez mais difíceis. Por outro lado, com o impressionante crescimento que a blogoesfera sofreu e com a chegada constante de novas e variadíssimas personalidades aos blogues, as regras de conduta, os códigos implícitos, foram-se perdendo. Em muitos casos as pessoas não sabiam o que significava um strike e tomavam isso como uma ofensa, uma desconsideração. Ao fim de uns meses de reflexão e depois de ler o livro de Granieri tomei a decisão de retirar os strikes, principalmente por uma questão de memória. Em muitos destes blogues que foram descontinuados e, felizmente, em muitos dos melhores, os seus criadores tomaram a decisão, acertada, de os manter on-line, preservando assim um manancial de arquivos que representam hoje uma memória histórica e criativa daquilo que foi, é e será a blogoesfera. Os strikes muitas vezes eram uma barreira à curiosidade, funcionando quase como um impedimento para que o leitor fosse investigar o passado de determinado blogue. A blogoesfera é uma realidade imediatista, que habita no tempo da fracção de segundo, mas a blogoesfera só crescerá, não em tamanho mas em maturidade, se aprender a conhecer e respeitar o seu passado. A alteração na lista de links do :ILHAS foi feita com esse propósito em mente. Optamos por uma diferenciação da cor mantendo os blogues abertos conforme são blogues actualizados regularmente ou não, em alguns casos, quando os blogues foram retirados da rede optamos por manter os nomes mas desactivar os links, até por que em alguns casos os endereços url foram raptados por outros blogues o que criava alguma confusão e esta coisa de roubo de endereços é matéria mais para o Abrupto. Assim a lista de links do :ILHAS é cada vez mais um convite à leitura, sem barreiras, ou rótulos prematuros, apenas referenciamos aos nossos leitores, com a cor mais clara, que esse blogue não é um blogue actualizado, mas tem um passado, uma história, que é tão ou mais importante do que o nosso tempo actual. Porque as listas de links são e devem ser isso, uma dica, um convite, uma sugestão, um ponto de referência para o ontem o hoje e o amanhã da blogoesfera. E será sempre uma lista incompleta. Por último devo dizer que respeito mas desconfio sempre de um blogue que não tem um blogroll.
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