Ao pedido de colaboração para uma nova edição (e nova série) da revista :ILHAS a minha camarada Mariana redarguiu-me com um pedido correspondente para esta edição do Suplemento. Disse-lhe, obviamente, que sim. Não esperava, contudo, que o Vazio se apoderasse do teclado. Após alguma resistência...decidi atacar o word e um universo de (in)certezas: posso falar do prazer e da tremenda angústia que é editar um projecto editorial diferente (para fugir ao cliché alternativo), nestas ilhas, mas não me permito; podia apresentar um rol de queixumes recorrentes e escalonar todos os constrangimentos inerentes à produção de um evento, dito cultural, nos Açores...mas isso seria, no mínimo, confrangedor, também não; posso desancar nos jornais/jornalistas/editores que apregoam não poder fugir às questões da agenda política mas que quando confrontados com uma alternativa cultural, respondem-me (não todos, é certo!) - edição fechada, fotógrafo fora, jornalista de baixa... sendo que é, seguramente, mais agradável colar um Gacs, fotografar uma Miss X ou um relvado sintético, do que entrevistar um renomeado maestro - caprichos, certamente; posso abordar a extrema necessidade de associativismo, de parceria e de colaboração cultural institucional nas ilhas, de modo a que haja uma maior gestão dos exíguos recursos associados à Cultura; podia argumentar a urgência em edificar um evento com dimensão transregional/nacional que, simultaneamente, promova a Região e sedimente valores, hábitos e a fruição cultural...
O Mar não é feito de rosas nem as Cidades são apenas betão.
Antes que esgote o caractere não quero abandonar esta(s) coluna(s) sem antes sugerir os prazeres pelos quais sou perseguido no habitat que me circunda - desde a cabeceira ao sofá. Assim, e sem coordenadas pré-determinadas; a leitura de um projecto amigo - Frases para ter na Carteira, o 3º lançamento da editora Livramento (brevemente nas livrarias ou por encomenda online através do email livramento@xsmail.com), do qual destaco - Os blogues são o tunning da burguesia, uma síntese factualmente irónica de Bernardo Rodrigues; uma ida à Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada para visitar a exposição de Desenhos 2005-2006 de André Almeida e Sousa (Prémio ARTCA 2005), patente até 25 de Outubro; ouvir Let's Get Out of This Country dos escoceses Camera Obscura que mais não são do que uns primos clandestinos dos Belle&Sebastian e herdeiros de Lloyd Cole; ver A Caminho de Guantanamo do inglês Michael Winterbottom (24 Hour Party People e 9 Songs), vencedor do Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim para Melhor Realizador em 2006, em exibição no Solmar; e concorrer ao Prémio MACAQUINS cujo concurso termina a 30 de Novembro de 2006 (inscrição e informações na MUU).
* publicado na edição de 27/09/06 do Suplemento de Cultura/Açoriano Oriental
Sem comentários:
Enviar um comentário