sexta-feira, setembro 1
CineClube
Miami Vice (...) Várias pessoas me deram conta da surpresa de descobrir um filme como «Miami Vice», de Michael Mann, a ser tão estimado por alguns críticos de cinema (por mim, creio que estamos mesmo perante um dos melhores títulos americanos de 2006). Embora correndo o risco da generalização, não posso deixar de sublinhar que tal surpresa depende do velhíssimo preconceito segundo o qual o "crítico" só pode ser esse bicho enjaulado que se mantém prudentemente distante de tudo o que tenha a chancela de "popular" ou ostente o rótulo de "sucesso". Já nem me atrevo a contrariar o preconceito porque ele persistirá independentemente do que eu, ou seja quem for, possa escrever sobre este ou qualquer outro filme. De qualquer modo, equívoco por equívoco, creio que vale a pena repudiar também outra noção corrente segundo a qual os filmes que desfrutam de maior visibilidade no mercado (em particular no Verão) são necessariamente objectos de produção académica. O caso de «Miami Vice» é, também nesse aspecto, fascinante: eis um filme que encaixa num modelo regular da grande indústria, ao mesmo tempo que está imbuído de um sentido de experimentação que muitos objectos "vanguardistas" e "bem pensantes" não sabem sequer fingir. Convém lembrar que Michael Mann gosta de desafiar os limites do seu próprio quadro de trabalho. Afinal de contas, em 1979, com «Fúria de Vencer/The Jericho Mile», ele foi um dos primeiros a ver um dos seus telefilmes a ter distribuição nas salas de cinema. Mais recentemente, tem experimentado as potencialidades das novas câmaras digitais, por vezes assumindo-se mesmo como operador dos seus filmes: aconteceu em 2004, em «Colateral», com Tom Cruise. Agora, para filmar as aventuras da dupla interpretada por Colin Farrell e Jamie Foxx, Michael Mann leva ao extremo o desafio de transfigurar a noite: é uma transfiguração visual que acaba por ser, obviamente, genuinamente dramática. Ou como um grande narrador é sempre alguém atento à luz e seus sobressaltos. Texto de João Lopes (in Cinema 2000). Em exibição na CL. The Wind That Shakes the Barley Irlanda 1920: trabalhadores da cidade e do campo unem-se para formar uma guerrilha armada para enfrentar os impiedosos esquadrões "Black e Tan" que, chegados de Inglaterra, irão bloquear a tentativa de independência Irlandesa. Guiado por um forte sentido de dever e amor pelo seu país, Damien (Cillian Murphy) abandona a sua promissora carreira como médico e junta-se a seu irmão, Teddy (Padraic Delaney), numa perigosa e violenta luta pela liberdade. As ousadas tácticas dos lutadores pela liberdade levam os ingleses a um ponto de ruptura e ambos os lados finalmente concordam em assinar um acordo para evitar mais derramamento de sangue. Mas, apesar da aparente vitória, irrompe a guerra civil e, membros de famílias que lutaram lado a lado, estão agora uns contra os outros, encarando-se como inimigos e pondo a sua lealdade à prova. * Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes em 2006. No Solmar.
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