ou os malefícios da ambição em política
Freitas do Amaral quer ser Presidente da República. Não há problema nenhum nisto, eu também queria ser o novo Shakespeare, apesar de nunca ter escrito um diálogo na vida. Não há mal no querer ser, o grave está no facto do querer ser se tornar um desígnio político. A entrevista que o Prof. Freitas do Amaral deu ao DN transpira de ambiçãozinha, de convencimento e, pior, de uma quase soberba no discurso e no pensamento que chegam a ser angustiantes, pelo menos para mim. Fica claro que o Prof. está na política com objectivos precisos, objectivos que pouco têm a ver com o futuro do país, mas que são antes e apenas objectivos pessoais comezinhos. O objectivo é chegar o mais alto possível, logo ao Palácio de Belém, e é rapaz para fazer o que for preciso para atingir esse fim. Freitas do Amaral sabe, melhor que ninguém aliás, que Portugal é um país maioritariamente de centro esquerda, sentiu-o na pele em 1985. Todo o percurso que o Prof. fez desde essas eleições e este recente chegar ao oásis do governo Sócrates ficam neste momento explicados e não foram mais do que uma estratégia para atingir a cadeira de presidente. Numa altura em que Manuel Alegre aparece sucessivamente na comunicação social como o candidato consensual à esquerda, Freitas do Amaral sente a necessidade de saltar para o poleiro e cantar de galo, num esforço para não ser relegado apenas para Ministro dos Negócios Estrangeiros. A ambição em política não é um mal em si, o mal está nos políticos cuja única política é a ambição. O mal é perceber-se que em determinados políticos é mais o vaidosismo e a sede de protagonismo pessoal que os move, em lugar de estarem na política por vontade pura de servir. É assim com Freitas, é assim com Manuel Maria Carrilho, é assim com uma extensa lista de nomes (por cá, nas ilhas, também os há...), como eu disse em tempos - merecíamos políticos melhores. Já agora deixo aqui a minha declaração de voto em Manuel Alegre, que acredito fará o pleno da esquerda e será seguramente melhor Presidente da República que o inefável Prof. Cavaco, isto apesar de o meu candidato continuar a ser Jaime Gama.
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