sexta-feira, julho 29
A Capital
A vida é feita de afectos. São os afectos que nos salvam das tempestades e dos dias negros. As amizades são a sublimação dos afectos. Um dos meus maiores, dos poucos, vícios que tenho é a leitura de jornais e revistas. Desde que me lembro de mim que devoro notícias e parangonas e caixas e páginas que sujam os dedos. Todos os rituais são uma forma de afecto, o dedilhar diário das notícias é um dos meus rituais. Nos últimos meses A Capital fez parte desse ritual e foi todo um afecto. Acho que já não pegava n'A Capital de certeza há mais de 10 anos, lia-o, de vez em quando, quando ainda vivia em Lisboa. Nestes últimos meses a entrada de amigos nas páginas do jornal fez-me lê-lo outra vez, isto apesar de eu ser um céptico no que toca ao Luís Osório desde os tempos de uma infeliz entrevista ao João Garcia. Mas o Nuno, o Adão e os fabulosos irmãos Borges eram razões suficientes para dar o meu tempo ao jornal. Foram muito bons estes meses. Passei a admirar o Luís Osório, apesar de muitas vezes não concordar com ele, acho que o trabalho feito por ele n'A Capital é uma das mais interessantes e marcantes experiências jornalísticas a que este pais já assistiu, pela inovação, pela entrega, pela coragem. O Nuno, claro, não foi uma surpresa, há muito que lhe admiro e invejo o talento (sim porque não há mal nenhum em invejar as qualidades dos outros...). O Luís e o Alexandre explodiram definitivamente n'A Capital. O incansável Alexandre Borges que nunca falhou um número da :ILHAS e que se tornou num grande entrevistador e num grande editor. O Luís Borges, o grande senhor da boina, que não só me fez rir todos os dias como ainda fez a mais duradoura campanha de publicidade às T-Shirts da MUU de que há memória. A inteligência política do meu camarada Pedro Adão, ensanduichado entre o Dr. Soares e dona Zezinha. E depois os outros, que não conheço sem ser das palavras, mas que acompanhei e admirei ao longo destes dias, a Elsa Pascoa, o Jacinto Lucas Pires e essa máquina de fazer textos chamada Gonçalo M. Tavares. Esta Capital foi um enorme afecto enquanto durou. Deste leitor satisfeito um obrigado sincero e espero ver-vos a todos brevemente noutros projectos na minha banca do costume.
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