ou de como quem perde com eleições destas somos todos nós
Confesso que ando com muito pouca tolerância para política e políticos. Talvez por estar a editar um número da :ILHAS sobre o tema e perceber a abismal distância que separa a realidade em que vivemos, no que aos políticos e à política diz respeito, e o sonho e o desejo que atravessa o espírito das pessoas. Pelo que me apercebi dos textos que fui lendo andamos todos a desejar uma utopia de governantes sinceros, impolutos e quase monásticos que é, no nosso tempo, perfeitamente inacessível. A campanha eleitoral para o parlamento açoriano que, legalmente, se iniciou nestes dias, mas que na realidade está em marcha à já quase um ano, vai, finalmente, felizmente, entrar na sua derradeira fase. A mim, o sentimento que me enche é de que fosse já amanhã o dia 17 e que acabasse de uma vez por todas este circo, não importa quem seja o vencedor. Não importa mesmo nada. Entre a arrogância e o cinismo destas duas figuras que se apresentam como lideres, entre o leque de nomes que são apresentados como candidatos, entre a festa popular dos cartazes e das faixas e dos outdores e das carrinhas com altifalantes e dos shows de cantores mais ou menos pimba, entre a lógica do insulto e da suspeita, entre a baixeza vil, entre tudo isto como é possível escolher? Quem merece ganhar? Merecemos ganhar nós, as pessoas que vivem nos Açores. Merecem ganhar as nove ilhas deste arquipélago e as pessoas que nelas vivem. Confesso que neste momento não vejo nem em Carlos César, nem em Vítor Cruz, uma ideia para o futuro dos Açores. Só há insulto, só há, desculpem, merda. Queixas, cd's com "ameaças", demagogia, ataques pessoais, nada disto tem a mínima importância para os próximos quatro anos de vida nas ilhas dos Açores, mas não se ouve mais nada se não isto, o miserável e o acessório. Eu gostava de ver discutidas ideias e projectos para os Açores. Ainda não vi nada. Eu gostava de pensar que disto tudo algo podia nascer de melhor para os Açores. Mas não acredito. O grande mal é que com algumas pequenas diferenças o fundo destes dois conjuntos que querem assaltar o governo das ilhas é, apenas, isso mesmo, ganhar o poder. Quem merece ganhar somos nós e não é isso que vai acontecer.
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