Saber ganhar e saber perder não é uma qualidade exclusiva da democracia mas sim uma forma de estar na vida. Aliás, não faltam democratas com mau perder e outros tantos que não sabem ganhar. Vítor Cruz soube perder com dignidade, elegância e com o tom afável do costume demitiu-se, porquanto, bem avisara que estas eleições eram o combate da vida dele.
Com a mesma coerência com que justificou, desde logo no XIV Congresso do PSD Açores, a sua moção de estratégia para a coligação com o CDS/PP, Vítor Cruz assumiu, até às últimas consequências, a responsabilidade dos resultados eleitorais. Não era obrigado a fazê-lo, mas trilhou a coerência da sua estratégia.
É contudo ainda cedo para adivinhar as ondas de choque provocadas por esta derrota e esta demissão. Todavia, não consigo conceber como ainda se mantêm de pedra e cal os dirigentes do PP cuja «boleia» da coligação ditava que seguissem o mesmo caminho da apresentação da sua demissão. À cabeça, claro está, a dupla Alvarino Pinheiro e Paulo Gusmão...( passadas 24 horas de reflexão ainda lá permanecem ! )
Sem omitir que o povo tem sempre razão, como bem sublinhou Vítor Cruz que jamais esboçou um ar de ingratidão, contudo a próxima liderança do PPD/PSD Açores terá que adestrar todas as quintas colunas que, interna e externamente, minaram o caminho de Vítor Cruz...a começar pela quinta coluna daqueles que em sede própria não tiveram a audácia de questionar a coligação mas que, a coberto da pequena guerrilha das tertúlias de café e não só, não perderam uma única oportunidade para fustigar tal opção.
No registo que fica dos resultados eleitorais e da noite das eleições «não m´acredito» na bipolarização. Efectivamente, do outro lado da trincheira, Carlos César no seu discurso de vitória, de modo velado e para quem quis ouvir, definiu o actual mapa cor de rosa dos Açores : Nós - Eles - e a Comunicação Social. São com estes pontos cardeais da tripolarização que o PS Açores irá nortear a sua política nos próximos quatro anos.
No resto, teremos mais do mesmo agora em tom de maioria mais do que absoluta, antevendo-se assim que a Assembleia Legislativa se preste ao culto cesariano orando recorrentemente Ave César ! Quanto à oposição teremos a nossa via crucix mas a penitência seguramente que não será sempiterna.
PS ( Post Scriptum entenda-se literalmente : Saudações democráticas para os bloggers Açorianos que integram esta espécie de «união popular» congregadora das várias famílias de esquerda que elevaram César aos píncaros desta maioria...cá por mim continuarei minoritariamente dissidente ) !
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