terça-feira, novembro 4

O Nosso Homem na América - Véspera



A eleição de amanhã é, para além de tudo o mais, a escolha final entre duas narrativas políticas sobre a personalidade dos candidatos e sobre a ideia que cada um deles tem sobre o futuro da América.
Do lado de Obama, é sobre uma nova forma de encarar e de fazer política, é sobre o sonho de poder começar de novo e sobre o sonho de ultrapassar todo o tipo de barreiras em nome de uma ideia, de um projecto de sociedade, é sobre o risco e sobre ideais, é sobre o mundo.
Do lado de McCain, é sobre experiência, sobre coragem e coerência, é sobre persistência e gratidão, é sobre a América e sobre o indivíduo, é sobre tradição e receio.
Para quem assiste sem poder participar, a América que amanhã vai às urnas está disposta a arriscar e a mudar. É verdadeiramente impressionante e parece imparável o movimento cívico que Obama criou, motivou e tornou operacional. Nunca nenhum outro candidato tinha recolhido tanto dinheiro em donativos individuais, nunca nenhum outro candidato tinha tido assistências tão substanciais em comícios, nunca nenhum outro candidato tinha tido uma legião tão grande de voluntários e uma máquina de campanha tão alargada.
Em contraste, McCain sofre bastante para motivar as bases, ao mesmo tempo que tem muitas dificuldades em convencer o centro. O partido não está com ele (mesmo depois de Sarah Palin), ainda que nos Estados Unidos o partido não seja muito importante enquanto estrutura de campanha. Acha-o demasiado centrista e demasiado mole. Os independentes, mesmo aqueles que têm dúvidas em votar em Obama, percebem-no como uma continuação de Bush Jr (que ele não é), como uma má solução de recurso.
Num cenário eleitoral tão descentralizado e tão variado como é o dos EUA, nada é absolutamente certo até ser oficial, mas não parece haver margem para grandes surpresas.
Numa sondagem hoje publicada pelo USA Today, a maioria dos inquiridos considera que estará melhor daqui a quatro anos se votar Obama, no capítulo financeiro (48%), no que toca a impostos (48%), na Saúde (58%), e mesmo no que diz respeito à Segurança, onde Obama e McCain surgem empatados a 37%.
Eu acredito que Obama ganhará amanhã e que isso fará toda a diferença para os EUA e para o Mundo. Que fique registado.

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