domingo, novembro 23

...Eu hoje deitei-me assim.

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(...)
A vergonha morreu, a dignidade foi-se.
O mundo oficial é um vergonhoso alcoice,
E a plebe, tripudiando em tórridas orgias,
Lança sobre o Direito um pustulento escarro,
E acende, cambaleando, a ponta do cigarro.

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A Velhice do Padre Eterno é, no dizer do autor, uma "colecção de 50 poesias, que são 50 balas que partindo de diversos pontos vão todas bater no mesmo alvo": a sátira. Guerra Junqueiro assinou com esta obra uma primorosa batalha anti-clerical que, no final, era uma declaração guerra contra a podridão da Pátria. Fê-lo há mais de um Século, mas podia ter sido ontem. Essa é a qualidade de qualquer obra intemporal.
Uma cópia, com um estudo de Camilo Castelo Branco, é um luxo que encontra em "edição popular", por um €uro, na Feira do Livro da Tabacaria Açoreana.

( ilustração via : Abnoxio )

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