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"Change has come to America" : assim o disse um triunfante e profético Barack Obama numa noite negra para quem não comunga do mesmo credo messiânico do Presidente dos E.U.A. Obama superstar é um fenómeno global. Com efeito, estas foram não só eleições para a Casa Branca mas também terão sido para a Casa Comum que é hoje este mundo globalizado. Assim o quis o próprio Obama que alimentou, com o facho da mudança, o fogo da esperança à escala planetária. Hoje, de Sarkozy a Chávez, de Sócrates a Ahmadinejad, sem esquecer Fidel Castro e quejandos, todos olham para Barack Obama com veneração e esperança. Obama que, num dos últimos comícios de campanha, prometia em epístola aos crentes que estava a um passo de mudar a América e a um passo de mudar o Mundo. Quer agora o Mundo que esse passo seja lesto e que Obama não tropece pelo caminho que tem pela frente. Contudo, não deixa de ser paradoxal esta genuflexão planetária ao Presidente dos Estados Unidos depois de anos de "imperialismo americano" e de crítica feroz à influência mundial do "american way of life". Afinal a América ainda é, mesmo para inteligência bem pensante da Europa, a "terra do leite e do mel" com a promessa de uma boa nova salvífica para todos. Sempre o foi mesmo antes de Obama. Porém, com a Obamania essa boa nova foi elevada aos píncaros de um novo messianismo. O perigo de uma decepção à medida das elevadas expectativas tem pois proporções bíblicas. A política externa norte-americana não pode agradar a todos, e o risco de querer mudar o "status quo" dos "desvalidos" do Mundo é bem real. Numas eleições à escala global os Estados Unidos da América arriscam-se ao escrutínio Mundial das expectativas criadas pelo profeta da mudança. Quando os crentes perderem a fé veremos o que resta da política externa norte-americana. Espero bem que Obama não escangalhe ainda mais o médio oriente, e que não tenha a veleidade de querer liderar um processo de paz israelo-árabe com parcialidade diplomática a favor da causa árabe. Já basta a promessa de retirada abrupta do Iraque, deixando terreno livre para o expansionismo de Teerão, pelo que, se dispensa mais turbulência numa das maiores armadilhas para qualquer Presidente dos Estados Unidos. Oxalá o messianismo de Obama não entre em colapso mundial antes de se exaurir em terras de Uncle Sam.
João Nuno Almeida e Sousa nas crónicasdigitais do jornaldiario.com
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