Na semana que passou, e muito para além da insólita discussão nacional sobre o retorno revanchista da figura ditatorial nacional cujo nome recuso reproduzir, aconteceu em Ponta Delgada o estágio da OJ.COM que contou com a participação de jovens alunos dos conservatórios nacionais (Açores e Madeira, incluídos).
A OJ.COM é a Orquestra de Jovens dos Conservatórios Oficiais de Música, cujo surgimento acontece na sequência de experiências realizadas em alguns Conservatórios no que respeita à realização de estágios destinados aos seus alunos, tendo sido decidido, então, criar um Estágio Nacional de Orquestra. O 1º estágio realizou-se no final do ano lectivo 2001/02 no Conservatório Regional do Funchal (ilha da Madeira). Como resultado da avaliação deste estágio nacional os conservatórios decidiram aprofundar esta experiência que permite o intercâmbio nacional de jovens instrumentistas e permite ainda a criação de uma orquestra verdadeiramente nacional, pois é composta por alunos dos diversos conservatórios públicos, proporcionando, desta forma, uma experiência única (no sistema educativo nacional). Anualmente, os alunos participantes são seleccionados nos vários conservatórios pelo maestro que assume a direcção artística, convidado pelo conservatório organizador. O concerto do passado sábado, no Teatro Micaelense, assinalou o culminar do trabalho de toda uma semana intensiva de ensaios do VI Estágio da OJ.COM, numa organização do Conservatório Regional de Ponta Delgada, em associação com o Teatro Micaelense, e com o patrocínio da Presidência do Governo - Direcção Regional da Cultura. Nesta Orquestra participaram 74 alunos, seleccionados pelo maestro Pio Salotto de entre mais de 150 candidatos, representando os nove conservatórios do país: Angra (1 aluno), Aveiro (13 alunos), Braga (19 alunos), Coimbra (6 alunos), Funchal (3 alunos), Horta (2 alunos), Lisboa (7 alunos), Porto (16 alunos) e Ponta Delgada (6 alunos).
Numa altura em que tanto se fala da "extinção" do Conservatório Regional de Ponta Delgada (o de Angra já foi abolido!) e da sua integração numa escola de ensino regular convém não descurar o papel social e cultural desempenhado por esta instituição. E se há a intenção de reconverter o ensino praticado, actualmente, reenquadrando-o numa perspectiva educativa mais abrangente e direccionada ao ensino artístico, então que essa proposta seja ambiciosa e não redutora (não se fique pelo 9º ano mas que funcione até ao 12º ano como preparação na prossecução de estudos superiores na formação artística - música, teatro, dança e artes plásticas).
Uma nota final de parabéns a todo o corpo docente do Conservatório de Ponta Delgada e, em particular, à sua directora a Prof. Ana Paula Andrade por todo o empenho nesta iniciativa de manifesto sucesso.
* publicado na edição de 03/04/07 do AO
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*** Foto X Teatro Micaelense/Fernando Resendes
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