domingo, fevereiro 25
Teorias da Conspiração
Como consumidor antigo e ávido de jornais em papel, preocupam-me sempre as suas crises, interessam-me as suas mudanças. Sejam elas uma mudança como a recente no grafismo do Público, para pior, digo eu. Sejam elas a crise de liderança do Diário de Notícias que mudou de direcção, para pior, digo eu. Que os jornais em papel estão à beira do abismo é uma tese antiga e amplamente comentada, recentemente até alvo da pena erudita do Abrupto. Diz a tese que os jornais sucumbiram ao enorme turbilhão dos novos media. Em parte isto é verdade, mas muitas vezes esta tese esquece que os jornais são e sempre foram um negócio. O negócio do controlo e da distribuição de informação, bem como da venda dessa informação. Escudados pela tese dos lucros os donos dos jornais regem a sua política editorial e de contratações. Porque o jornal não vende muda-se de director. Mas os donos dos jornais sabem que os seus lucros não vêm só das vendas, ou sabem que para o anunciante esse não é o único número que importa. A publicidade e as vendas são apenas uma parte do negócio dos jornais. O controlo da informação é a parte mais importante. O súbito, inexplicável e inexplicado, despedimento da equipa que dirigia o DN para a entrada de João Marcelino é, na minha opinião, uma prova da gestão interesseira que os donos dos jornais fazem dos mesmos. António Joaquim Oliveira deixa cair a anterior direcção e substitui-a por João Marcelino, não por uma questão de lucros, ou vendas, ou objectivos não cumpridos, a razão por detrás desta mudança é a vontade de controlar informação. Nomeadamente a informação que está relacionada com o caso Apito Dourado, as relações do futebol com a política, com a construção civil e com o enorme poço de corrupção em que se transformou este País. Eu não acredito em bruxas, pero que las hay... las hay.
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