Aborto Livre e Subsidiado?
NÃO Obrigado!
Confiante no resultado do referendo de 11 de Fevereiro a grande família da esquerda progressista, impante de orgulho antecipado, não resiste a propagandear: Agora Sim! Acaso o "SIM" vença o referendo, finalmente, teremos em Portugal a implantação do aborto livre e subsidiado.
Livre por enquanto até às 10 semanas, mas dúvidas já não restam que introduzida a despenalização até à fronteira dos 2 meses e meio de gestação esse será o primeiro passo para o alargamento dos prazos, até porque a actual lei já prevê causas de exclusão da ilicitude do crime de aborto até às 12 semanas, no caso do aborto terapêutico, bem como no caso do aborto criminológico, e até às 16 semanas para o caso do aborto eugénico. Para já, com a vitória do "SIM", teremos o aborto a pedido, também denominado aborto social, integralmente livre até às 10 semanas de gestação. Ademais, a prática do aborto social será subsidiada, comparticipada, e apadrinhada pelo Estado Português "em estabelecimento de saúde legalmente autorizado". Logo, obscenamente, há um lado oculto da pergunta referendária que, uma vez exposto, transforma-a numa proposta indecente e desonesta ao eleitorado. Com efeito, o Estado, por ora liderado pelo Partido Socialista, já deu por assente a vitória do "SIM" e presta-se apenas ao frete democrático do referendo num acto de revanchismo político. Nesse sentido basta reter que já em 2006 o Ministério da Saúde, e a Direcção-Geral de Saúde, iniciaram o procedimento negocial para o licenciamento de unidades privadas de saúde Espanholas e Britânicas. Aliás, estas negociações arrastam-se desde Junho do ano passado! Pretende assim o Governo Socialista antecipar-se e substituir-se ao eleitorado? Se assim é qual o préstimo do referendo? Acresce a esta indecência e deslealdade eleitoral o facto de que o próprio Ministro da Saúde já aceitou que, numa primeira fase, e por via de protocolo, o Serviço Nacional de Saúde financiará os abortos realizados em clínicas privadas "em defesa do anonimato e da reserva da intimidade da mulher". Não deixa de causar assomo tal filosofia quando a propaganda do regime alardeia o voto no "SIM" como um acto civilizacional e de emancipação da mulher do qual, consequentemente, não deveria derivar qualquer vergonha. Em última instância, nos sectores mais radicais, deveria até constituir certificado de orgulho plasmado em representações hodiernas da fraterna Marianne que, além do tradicional barrete frígio, deveria ostentar a barriga desnuda da qual se diz proprietária para a vida e para a morte.
Seja como for o Ministério da Saúde, aparentemente dotado de poderes mediúnicos, há muito que já deu por certa a vitória do "SIM" e prepara-se para orçamentar cada IVG em cerca de 500 Euros. Contudo, o mesmo Estado é incapaz de mostrar igual sensibilidade orçamental noutros domínios da Saúde, designadamente, para comparticipar a vacina contra o cancro do colo do útero, cujo exemplo ilustra bem a desigualdade de tratamento pois o seu custo ronda os mesmos 500 Euros da IVG, sem que sequer se vislumbre qualquer negociação para comparticipar a compra de "Gardasil" ! Em suma: do mesmo passo que se iniciam os protocolos para a "mercantilização" da vida humana remete-se para o esquecimento a possibilidade de alargar a comparticipação para mitigar uma das mais elevadas causas de mortandade entre as mulheres. Mas, em bom rigor, não há nisto nada de paradoxal e extraordinário se aceitarmos a matriz hedonista e colectivista da nossa sociedade.
Logo, subliminarmente o nosso modelo de projecto social global não deixará de estar presente no boletim de voto de cada Português. Em causa está o aborto livre, e subsidiado como já se demonstrou, para o qual são equivalentes todas as razões "quer a IVG seja realizada por absoluta carência de meios económicos e de inserção social, quer seja motivada por puro comodismo, quer resulte de um verdadeiro estado depressivo da mãe, quer vise apenas, por exemplo, selar a destruição das relações com o outro progenitor". (cfr. se lê num dos 7 votos de vencido do Acórdão 617/2006 do Tribunal Constitucional) Esse "outro progenitor", que é inevitável e biologicamente homem, é integralmente desqualificado neste referendo contribuindo para uma abissal desresponsabilização da paternidade. Porventura, haverá quem rejubile com esta menorização patriarcal num ajuste de contas com séculos de opressão masculina. Por certo, não faltarão "cientistas sociais" sentenciando que em causa está a libertação do jugo da maligna satiromania dos homens, porquanto, há semelhança das teses do "bon sauvage" de Rousseau, a mulher, no seu estado natural, é um ser angélico inevitavelmente corrompida por séculos de falocratas. Eventualmente, acaso o "SIM" vença, assistiremos a uma procissão de encartadas personalidades asseverando que a legalização do aborto é um marco civilizacional. Efectivamente, assim será numa sociedade autofágica.
Nesse rumo segue o Partido Socialista e "uma das ideias infelizes da propaganda do próprio partido é considerar a legalização do aborto um acto civilizado." Quem o afirma é Daniel de Sá, insuspeito Socialista de antanho, em pertinente crónica no Correio dos Açores, na qual conclui: "Se a civilização é também cultura, um povo civilizado não necessita de matar os seus filhos para sobreviver. Um povo civilizado sabe escolher a hora certa de concebê-los. E sabe como proteger todos os que nasçam".
Por tudo isto, sem hesitar, votarei "NÃO" ao aborto livre e subsidiado.
Espero que o rol de indecisos dê o beneficio da dúvida e não considere o feto como um simples tumor ou papiloma que se extrai pelo incómodo que causa pois, no caso concreto do direito à vida, devemos, pelo menos, pensar duas vezes e votar em conformidade com essa reflexão fazendo valer a máxima in dubio pro vita.
João Nuno Almeida e Sousa.
(www.ilhas.blogspot.com)
NÃO Obrigado!
Confiante no resultado do referendo de 11 de Fevereiro a grande família da esquerda progressista, impante de orgulho antecipado, não resiste a propagandear: Agora Sim! Acaso o "SIM" vença o referendo, finalmente, teremos em Portugal a implantação do aborto livre e subsidiado.
Livre por enquanto até às 10 semanas, mas dúvidas já não restam que introduzida a despenalização até à fronteira dos 2 meses e meio de gestação esse será o primeiro passo para o alargamento dos prazos, até porque a actual lei já prevê causas de exclusão da ilicitude do crime de aborto até às 12 semanas, no caso do aborto terapêutico, bem como no caso do aborto criminológico, e até às 16 semanas para o caso do aborto eugénico. Para já, com a vitória do "SIM", teremos o aborto a pedido, também denominado aborto social, integralmente livre até às 10 semanas de gestação. Ademais, a prática do aborto social será subsidiada, comparticipada, e apadrinhada pelo Estado Português "em estabelecimento de saúde legalmente autorizado". Logo, obscenamente, há um lado oculto da pergunta referendária que, uma vez exposto, transforma-a numa proposta indecente e desonesta ao eleitorado. Com efeito, o Estado, por ora liderado pelo Partido Socialista, já deu por assente a vitória do "SIM" e presta-se apenas ao frete democrático do referendo num acto de revanchismo político. Nesse sentido basta reter que já em 2006 o Ministério da Saúde, e a Direcção-Geral de Saúde, iniciaram o procedimento negocial para o licenciamento de unidades privadas de saúde Espanholas e Britânicas. Aliás, estas negociações arrastam-se desde Junho do ano passado! Pretende assim o Governo Socialista antecipar-se e substituir-se ao eleitorado? Se assim é qual o préstimo do referendo? Acresce a esta indecência e deslealdade eleitoral o facto de que o próprio Ministro da Saúde já aceitou que, numa primeira fase, e por via de protocolo, o Serviço Nacional de Saúde financiará os abortos realizados em clínicas privadas "em defesa do anonimato e da reserva da intimidade da mulher". Não deixa de causar assomo tal filosofia quando a propaganda do regime alardeia o voto no "SIM" como um acto civilizacional e de emancipação da mulher do qual, consequentemente, não deveria derivar qualquer vergonha. Em última instância, nos sectores mais radicais, deveria até constituir certificado de orgulho plasmado em representações hodiernas da fraterna Marianne que, além do tradicional barrete frígio, deveria ostentar a barriga desnuda da qual se diz proprietária para a vida e para a morte.
Seja como for o Ministério da Saúde, aparentemente dotado de poderes mediúnicos, há muito que já deu por certa a vitória do "SIM" e prepara-se para orçamentar cada IVG em cerca de 500 Euros. Contudo, o mesmo Estado é incapaz de mostrar igual sensibilidade orçamental noutros domínios da Saúde, designadamente, para comparticipar a vacina contra o cancro do colo do útero, cujo exemplo ilustra bem a desigualdade de tratamento pois o seu custo ronda os mesmos 500 Euros da IVG, sem que sequer se vislumbre qualquer negociação para comparticipar a compra de "Gardasil" ! Em suma: do mesmo passo que se iniciam os protocolos para a "mercantilização" da vida humana remete-se para o esquecimento a possibilidade de alargar a comparticipação para mitigar uma das mais elevadas causas de mortandade entre as mulheres. Mas, em bom rigor, não há nisto nada de paradoxal e extraordinário se aceitarmos a matriz hedonista e colectivista da nossa sociedade.
Logo, subliminarmente o nosso modelo de projecto social global não deixará de estar presente no boletim de voto de cada Português. Em causa está o aborto livre, e subsidiado como já se demonstrou, para o qual são equivalentes todas as razões "quer a IVG seja realizada por absoluta carência de meios económicos e de inserção social, quer seja motivada por puro comodismo, quer resulte de um verdadeiro estado depressivo da mãe, quer vise apenas, por exemplo, selar a destruição das relações com o outro progenitor". (cfr. se lê num dos 7 votos de vencido do Acórdão 617/2006 do Tribunal Constitucional) Esse "outro progenitor", que é inevitável e biologicamente homem, é integralmente desqualificado neste referendo contribuindo para uma abissal desresponsabilização da paternidade. Porventura, haverá quem rejubile com esta menorização patriarcal num ajuste de contas com séculos de opressão masculina. Por certo, não faltarão "cientistas sociais" sentenciando que em causa está a libertação do jugo da maligna satiromania dos homens, porquanto, há semelhança das teses do "bon sauvage" de Rousseau, a mulher, no seu estado natural, é um ser angélico inevitavelmente corrompida por séculos de falocratas. Eventualmente, acaso o "SIM" vença, assistiremos a uma procissão de encartadas personalidades asseverando que a legalização do aborto é um marco civilizacional. Efectivamente, assim será numa sociedade autofágica.
Nesse rumo segue o Partido Socialista e "uma das ideias infelizes da propaganda do próprio partido é considerar a legalização do aborto um acto civilizado." Quem o afirma é Daniel de Sá, insuspeito Socialista de antanho, em pertinente crónica no Correio dos Açores, na qual conclui: "Se a civilização é também cultura, um povo civilizado não necessita de matar os seus filhos para sobreviver. Um povo civilizado sabe escolher a hora certa de concebê-los. E sabe como proteger todos os que nasçam".
Por tudo isto, sem hesitar, votarei "NÃO" ao aborto livre e subsidiado.
Espero que o rol de indecisos dê o beneficio da dúvida e não considere o feto como um simples tumor ou papiloma que se extrai pelo incómodo que causa pois, no caso concreto do direito à vida, devemos, pelo menos, pensar duas vezes e votar em conformidade com essa reflexão fazendo valer a máxima in dubio pro vita.
João Nuno Almeida e Sousa.
(www.ilhas.blogspot.com)
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