quarta-feira, janeiro 24

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BTL*

Por estes dias as ilhas acorrem a Lisboa para na capital vender o destino Açores.

É um ritual que se repete ano após ano com um figurino quase inalterado, não obstante alguns ajustamentos de pormenor e de estética. Aliás, a atenção conferida ao certame por esta verdadeira embaixada açoriana - entre privados e governamentais, é mais que muita e justifica-se, tendo em conta as dezenas de milhares de pessoas que por estes dias circulam pela FIL. Somos uma pequena parte de uma gigantesca montra partilhada com as restantes regiões de Portugal e algumas presenças internacionais com predominância para o vizinho espanhol.

A FIL representa um período fértil para negócios, troca de experiências e de contactos, agendamento de reuniões e trabalhos futuros, o piscar de olho ao concorrente mais directo, o acesso e o confronto com novas estratégias e abordagens na venda turística. E, no caso açoriano, com tudo o que possa estar relacionado com o influxo de turistas às Ilhas.

Não obstante todas as prioridades deste período, existe igualmente a campanha interna (para satisfazer a vaidade) para mostrar que se está em Lisboa. Neste sentido, são elaboradas páginas publicitárias nos media locais a divulgar a presença em Lisboa - quando essa campanha devia ser efectuada exactamente ao contrário (há felizmente excepções!). Por estes dias ao voar na SATA temos a sensação de que as ilhas estão desertas (do poder decisório estão com certeza).

Apesar de todo o esforço conjunto na divulgação das ilhas e no que estas podem oferecer como destino diferenciado, e nunca como um destino massificado (para onde São Miguel tende a caminhar), sinto que este é feito de forma desgarrada e individualizada, sem a noção do todo. Existe pouca cooperação e capacidade de trabalhar de forma associada no sector turístico (um sentimento que trespassa de resto quase todos os sectores da sociedade açoriana). O trabalho de casa, que passa pela criação de estruturas sustentáveis à actividade turística é incipiente e muito existe por trilhar. O Ambiente - o maior recurso em termos de oferta turística - está a saque (muito embora as tentativas da Secretaria Regional do Ambiente). Senão vejamos as notícias dos últimos dias relativamente à eutrofização da Lagoa das Furnas (ver Açoriano Oriental de 20/01/07).

Não basta querer mais turistas. É necessário saber o que fazer com eles. Cama e Lagoas não são suficientes. Muito está feito. Muito está por fazer.

* publicado na edição de 23/01/07 do AO
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