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Numa remota e porventura esquecida nota crítica de Ruy Guilherme de Morais à obra "O Barco e o Sonho" de Manuel Ferreira leio que os Açorianos "vivem em permanente tensão com o meio ambiente, seja ele o mar que os confina à terra, seja esta, que, pela sua exiguidade, os empurra para o mar. E esta é, sem sombra de dúvida, a realidade suprema da vida açoriana". Cotejando a galeria de personagens criadas por Manuel Ferreira formula Ruy Guilherme de Morais o enigma do fado de gerações de Açorianos: "Para quê conquistar este mundo, se logo há outro, seja por detrás da morte, seja para além do horizonte? Esta tem sido a realidade do povo açoriano e é dentro dela que se movem as personagens criadas ou recriadas literariamente por Manuel Ferreira, sem dramatismos à flor da pele porque trazem a tragédia escondida dentro da alma". Pese embora a retórica seja tributária da estética "das ilhas de bruma", por onde emergia a vontade de certificar a "literatura açoreana", o certo é que ela não esconde uma realidade tantas vezes recriada entre nós. Seja como for, nesse "movimento" destacar-se-á o nome e a obra do Comendador Manuel Ferreira. Homem dotado de uma incomensurável alma Açoriana, tomando o milhafre por ex libris, com galhardia sempre nos recorda que a nossa condição deverá honrar o guardião destas ilhas : "alto como as estrelas / livre como o vento.".
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Numa remota e porventura esquecida nota crítica de Ruy Guilherme de Morais à obra "O Barco e o Sonho" de Manuel Ferreira leio que os Açorianos "vivem em permanente tensão com o meio ambiente, seja ele o mar que os confina à terra, seja esta, que, pela sua exiguidade, os empurra para o mar. E esta é, sem sombra de dúvida, a realidade suprema da vida açoriana". Cotejando a galeria de personagens criadas por Manuel Ferreira formula Ruy Guilherme de Morais o enigma do fado de gerações de Açorianos: "Para quê conquistar este mundo, se logo há outro, seja por detrás da morte, seja para além do horizonte? Esta tem sido a realidade do povo açoriano e é dentro dela que se movem as personagens criadas ou recriadas literariamente por Manuel Ferreira, sem dramatismos à flor da pele porque trazem a tragédia escondida dentro da alma". Pese embora a retórica seja tributária da estética "das ilhas de bruma", por onde emergia a vontade de certificar a "literatura açoreana", o certo é que ela não esconde uma realidade tantas vezes recriada entre nós. Seja como for, nesse "movimento" destacar-se-á o nome e a obra do Comendador Manuel Ferreira. Homem dotado de uma incomensurável alma Açoriana, tomando o milhafre por ex libris, com galhardia sempre nos recorda que a nossa condição deverá honrar o guardião destas ilhas : "alto como as estrelas / livre como o vento.".
A vida e obra de Manuel Ferreira reflectem uma personalidade admirável "numa existência toda cheia de trabalho árduo sem tibiezas nem desfalecimentos" nas palavras do saudoso Prof. Almeida Pavão. Em suma: um herói das nossas Letras. A estas insignes qualidades do Comendador Manuel Ferreira junta-se o equilíbrio de uma urbanidade e amabilidade de antanho. Serve de exemplo o seguinte episódio. Sabendo por interposta pessoa que buscava em vão um exemplar da esgotada edição "O Caricaturista Micaelense Augusto Cabral" foi com prontidão que me presenteou com uma cópia do seu acervo pessoal. Acrescentou ainda uma magnífica reprodução da histórica caricatura de Augusto Cabral "A Torre Autonómica"! Nos dias que correm não é fácil corresponder a este cavalheirismo que mercê da boçalidade reinante teima em persistir. Resta-me a modesta possibilidade de o felicitar nesta data, por ocasião do seu nonagésimo primeiro aniversário, formulando votos de férrea longevidade a bem da sua cidade de Ponta Delgada, onde nasceu a 29 de Janeiro de 1916.
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(*) foto do Comendador Manuel Ferreira da autoria do "mestre" José António Rodrigues
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Posted by João Nuno Almeida e Sousa
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(*) foto do Comendador Manuel Ferreira da autoria do "mestre" José António Rodrigues
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Posted by João Nuno Almeida e Sousa
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