domingo, janeiro 21
Danças com Lobos
Devo iniciar este post com uma declaração de interesses: sou amigo do Paulo Casaca. Entrámos juntos para a Universidade dos Açores em 1982 e sempre admirei a sua sagacidade e cultura política. Hoje ao princípio da noite, no telejornal da RTP 1, vi a Judite Sousa noticiar o célebre video do Youtube, Dancing with terrorists. O Paulo tinha virado prime time news e o lead do telejornal vinha às cavalitas de outras notícias entretanto divulgadas no Expresso e no Correio da Manhã. Para os menos desatentos, esta ligação do Paulo aos ditos terroristas, os Mujahedines do Povo (MEK), já tinha sido posta em evidência pelo jornalista do Expresso Daniel do Rosário há um ano ou dois atrás. Então, como agora, receio que o grande frenesim da comunicação social se desenrole em torno de questões jurídicas bizantinas (ex.: se o MEK é, ou não, uma organização terrorista no Index da União Europeia), desviando-se as atenções da questão política essencial: o MEK é uma das principais forças de oposição ao actual regime teocrático Iraniano, foi quem primeiro denunciou as tentativas desse mesmo regime para adquirir armas nucleares e, last but not the least, sempre foi um inimigo visceral do fundamentalismo religioso dos ayatholas iranianos, e daí o apoio logístico e político que sempre receberam do regime de Sadam Hussein, exactamente pelas mesmas razões que os americanos apoiaram Sadam no decurso da guerra Irão-Iraque. Tudo isto para dizer que terrorista, sobretudo no Médio Oriente, é um conceito de geometria tão variável que, até por isso, discutir a sua legalidade, ou ilegalidade, ainda se torna mais bizantino.
O homem é o lobo do homem, dizia Thomas Hobbes, mas isso não é nada que o Paulo já não saiba há muito tempo.
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