quinta-feira, janeiro 4

My Man #1



Edward Shils (1911-1995)

Gurus intelectuais não são propriamente my cup of tea, mas posso-vos garantir que este senhor escreveu coisas interessantes sobre o Centro e Periferia, mais a mais com tradução portuguesa desde 1992 na colecção Memória e Sociedade, primorosamente dirigida por Francisco Bethencourt e Diogo Ramada Curto para a editora Difel. A versão original, Center and Periphery. Essays in Macrosociology, foi publicada pela Universidade de Chicago em 1974, ano em que Portugal terminava o seu terceiro ciclo imperial e, simultaneamente, dava início ao que o politólogo Samuel P. Huntington viria a chamar a terceira vaga da democratização, cujas ondas de choque se fizeram depois sentir na Espanha, Grécia e América Latina.

Não faço parte do bem-aventurado reino dos cientistas sociais, nem sou grande consumidor das suas previsões oraculares, mas respeito a obra de sociólogos que, como Edward Shils, dedicaram grande parte da vida ao estudo da relação entre os indivíduos e o centro das sociedades em que estes se integram.

"As sociedades são demasiado grandes e demasiado diferenciadas para que o centro possa ter um conhecimento completo acerca do resto da sociedade. Há muitos obstáculos a uma tal saturação cognitiva. Existe além disso uma tensão entre a aspiração de conhecimento do centro, a aspiração que a periferia tem de se proteger dessa tentativa de conhecimento, e o desejo do contra-centro de penetrar os arcana imperium do centro."

As palavras são de Edward Shils, os sublinhados são meus ... e desculpem lá qualquer coisinha pelo tom erudito.

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