segunda-feira, novembro 28
Quando os Citroen eram «AMI» !
Há uma Pátria sentimental cuja estrada de origem não tem regresso. Nesse país distante e passado, sempre solarengo e inocente, até os carros serviam para afirmar a joie de vivre. Nas estradas, ora extintas, circulavam bizarrias como o Ami da Citroen, cuja griffe do double chevron era sinónimo de arrojo futurista, nem que fosse nas formas. Da banda sonora desses dias ainda ecoam as gravações, em formato de cartucho magnético, de veneráveis vanguardas como os Blondie, Kinks, ou os The Tubes. Todos eles, como se sabe, extintos, ou pior ainda obscenamente regressados num invólucro celulítico.
No cândido imaginário desses dias tudo estava aparentemente arrumado numa doce simplicidade garrida. Assim, Laranjina C era o refrigerante que nos retemperava a goela em dia de festa. O deo que nos iniciava na higiene da puberdade era o Lander Deo Stick, disponível numa variedade de arco íris que só rivalizava com o Shampoo Foz. Os ténis eram invariavelmente de fabrico nacional e de marca Sanjo ou Ritex Sport. Enfim, o mundo era previsível e as suas fronteiras eram trespassadas em irreverentes sublevações pedalando as populares e desdobráveis Auto-Minis.
Mas, na estrada das nossas vidas seguimos destinos divergentes e não há fio de ariadne que nos leve de volta ao tempo em que os Ami da Citroen refulgiam sob o sol da nossa infância.
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