Saindo, por breves momentos, do simples retrato caricatural. Permitam-me mais umas quantas notas sobre o que é o Professor Cavaco hoje. (É que o texto do meu colega [não camarada para não o ofender] João Nuno derivou os comentários para o drama das desigualdades...) Quem escutasse com atenção, a atenção possível em tais circunstâncias, perante tal orador, a entrevista de ontem a Constança Cunha e Sá na TVI do inefável Professor, não pode ter deixado de ser invadido por uma angustiante sensação de horror. Eu pelo menos fui. A nota dominante de todo o discurso do Professor foi a sua absoluta e pretensa inevitabilidade. O Professor Silva, Cavaco Silva, julga-se imperioso para o País. Ele e só ele, pela sua sapiência académica, pela sua aversão às minudências do diálogo político, pela sua imensa, incomensurável, seriedade e autoridade, ele e só ELE pode restituir a este ignoto e carecido povo, que somos todos nós, os Portugueses, só ele pode restituir a Confiança. A Confiança, senhores. Esse etéreo e intangível sentimento que por obra e graça do Professor Cavaco fará o País, ao fim de longos anos, atingir o futuro, atingir quiçá o V Império. Oxalá (palavra de origem árabe) o bom senso e o bom gosto (conceito explanado por Antero de Quental) dos portugueses possa travar esta patranha (termo caro ao João Nuno) do abominável Cavaco Silva. Oxalá.
PS: em breve as minhas razões para votar Mário Soares.
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