segunda-feira, dezembro 13

Para que não se diga que eu não disse

Não tenho nada de novo a acrescentar ao declínio actual desta nação. Nem imagino a quem possa interessar o vou aqui escrever. Mas, para que não se diga que eu não disse, aqui vai.
Eu percebo que o político, o homem de esquerda, e mesmo o cidadão, Jorge Sampaio acredite que este foi o pior governo português, pós-revolução. Eu acredito. Só, com algum esforço se encontraria durante os governos da nossa monarquia constitucional um tal teatro político. Eu percebo que, como a provável maioria do povo português, ele acreditasse que quanto mais depressa esta trágico-comédia acabasse melhor seria para o país. Eu acredito.
Não percebo como o Presidente Jorge Sampaio pôde, no nosso quadro democrático, ignorar o esforçado apoio político deste governo, e mais grave ainda, ignorar a cuidada base parlamentar deste governo.
Não percebo a anunciada instabilidade política de um governo cujo líder acabava de sair jubilado, se bem que não unanimemente, do congresso do seu partido, e com um apoio, em praça pública, se bem que cínico, do seu partido de coligação.
Não percebo a instabilidade política de um governo cujo apoio parlamentar nunca o pôs, minimamente, em causa.
Não percebo, principalmente, porque o presidente despede os, democraticamente eleitos, representantes do povo português e não, primeiro, o governo. Não percebo porque o faz só depois de lhes dar oportunidade de mostrarem o seu total e indiscutível apoio ao programa económico do governo de que Sampaio não gosta. Não percebo porque o faz antes de lhes dar oportunidade de mostrarem o seu total e indiscutível apoio a Santana Lopes, de que Sampaio não gosta, reconduzindo-o como primeiro-ministro.
Acima de tudo não percebo porque está o nosso presidente a fazer política, e neste caso política de desgoverno.

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