Meu Caro OCS
Antes de mais deixe que lhe diga que sou desde o início um admirador confesso do seu curto blogue. Linkei-o assim que o descobri, achei um primor a sua blague aos deputados e ao parlamento regional, se bem que me tenha parecido na altura um pouco de mau gosto 'jornalistas' sob a capa do anonimato criticarem abertamente deputados pelo nome, sem apelo nem agravo, mas isso são pormenores. Aliás os blogues são isso mesmo, um antro de pormenores, uma enorme torre de babel anarquista onde todas as liberdades são permitidas. Ou se calhar não. Na verdade nos blogues, como noutros locais da sociedade, há um código de honra, há uma ética, que, rigorosíssima, nos baliza e nos levanta de formas que são, por vezes, quase ditatoriais. Nos blogues, em 99% dos casos, assumem-se as paternidades das ideias, linkam-se as fontes, essa rede de afectos é um dos pontos mais absolutamente fabulosos da blogoesfera. Acima de tudo, creio, os blogues respeitam como valor maior a criatividade. Os blogues homenageiam a criatividade. Para quem escreve em blogues mais importante do que o rol de dados históricos sobre determinado tema, mais importante do que uma investigação aturada dos variadíssimos ângulos e prismas de certa questão, mais do que tudo isso, é a criatividade de uma determinada perspectiva, a originalidade de uma abordagem, até mesmo a surpresa de uma simples frase, que faz um blogue ser um Blogue. O meu mísero post, já forçosamente rebaixado pela voracidade do tempo das coisas, mais não era do que uma piada, um mimo, uma chalaça, à relação de amor e ódio entre blogues e jornais, entre jornais e blogues. O mais grave estava no início do post e na sujeira que jornalistas, posso chamá-los seus colegas, fizeram em jornais nacionais de referência com bloggers, anónimos ou não, mas honestos, verdadeiros e, acima de tudo, coerentes. O caso do Pai Natal não tinha mais propósito do que pôr em evidência esta afinidade promíscua entre dois meios de comunicação que se tratam como galdérias concorrentes.
Meu Caro OCS, o facto de estarmos ambos a trabalhar para aliciar a mesma, parca, escolha de clientes não quer dizer que andemos sempre a roubar, ou diminuir, os atributos uns dos outros. Deixe que lhe diga que da mesma maneira que uma meretriz mais nova aprende com a mais velha a melhor maneira de vestir com a boca um preservativo num cliente, também um jornalista pode aprender com os blogues a forma mais atrevida de sugerir uma peça e de, principalmente, evidenciar a autoria da ideia por de trás dessa peça, sem qualquer desprimor para ambos. Mas, e para sair do meio do Conde Redondo, indo aos pontos específicos da sua resposta corporativa ao meu post permita-me ainda estes pequenos reparos.
1 Nunca, ou quase nunca, escrevo para o umbigo. O pouco que o faço não o publico no, pelo menos neste não o faço, blogue.
2 Não tenho presunção, tenho a certeza, de que sou fonte de inspiração para muitos textos tanto na blogoesfera como fora dela. A grande diferença é que aqui, neste meio dos blogues, nós assumimos as nossas fontes de inspiração. Essa é uma das nossas razões de ser.
3 Os blogues, todos eles - regionais, nacionais, globais - têm sido, sem margem para dúvida, apresentadores de muitas notícias em primeiríssima mão, nos mais variados campos: cultura, política, sociedade, finanças, arrufos conjugais, etc. etc.
4 As investigações acredito que as fazemos da mesma maneira googlando, se bem que eu por vezes, nem sempre, lá vou recorrendo aos calhamaços da estante e, acredite, neste ponto eu não sou exemplo, a maioria dos blogues do mundo são feitos por especialistas nas suas disciplinas que não fazem outra coisa que não seja investigar.
5 'bitaites' são uma das minhas especialidades, isso e rasgadas de dropknee em esquerdas tubulares de metro e meio.
6 Todos os jornais decentes desejam planear 'uma página nobre' depois da hora do jantar. Tenho até a certeza de que o sonho de qualquer editor é gritar a famosa frase stop the press.
7 Humildade é o meu nome do meio, sou surfista, estou habituado a ser humilhado por forças maiores do que a minha.
Enfim, caro ou caros OCS, este é um tema para muitas e valiosas discussões, acredite que consigo rompi uma regra pessoal, não dar trela a anónimos, mas como percebo uma certa nota de constrangimento no seu comentário achei que valia a pena gastar aqui alguns, poucos, bitaites.
Um abraço amigo, sem rancor ou cinismo, seu
Pedro de Mendoza
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